terça-feira, 20 de julho de 2010

A EDUCAÇÃO E O ENSINO EM ANGOLA NO PERÍODO DO COLONIALISMO PORTUGUÊS



A história da educação tem uma grande relevância no seio da história geral de um país. Através dela se perfila a evolução alcançada não só neste campo particularmente, mas também noutros que condicionam o tecido social. É sabido, além disso que se reveste de uma importância particular o estudo sócio-histórico educativo, como factor impulsionador do conhecimento de realidades muitas vezes relegadas a um segundo plano.

A educação sempre teve carácter classista pois tinha que corresponder aos interesses da classe dominante em qualquer etapa de luta. Se nos primórdios da era colonial a educação dos indígenas teve como objectivo conquistar a simpatia dos reis do Congo, Ndongo e de Benguela no séc. XIX terá como meta jamais oficialmente confessada, formar auxiliares de novos sistemas económicos a implantar, que abrira caminhos a estreita dependência das metrópoles europeias.

No séc. XVII e XVIII, os jesuítas se encarregaram do ensino principalmente em Luanda e nas margens do rio Kwanza. A atenção concedida por Portugal ou Brazil no séc. XVIII, provocou o desinteresse para os assuntos africanos e deu como consequência a decadência das missões. Com a expulsão dos jesuítas (medidas de Marque de Pombal), o ensino sofre um golpe duro de que só se poderia restabelecer muitas épocas depois.

O ensino público é estabelecido no ultramar em conformidade com as providências do governo de Joaquim José Falcão em 1845 e Rebelo da Silva em 1869.

Dois sistemas vão doravante evoluir paralelamente, por um lado o sistema por missionários, orientado para o meio civilizado e, por outro lado as escolas destinadas em consolidada (feitorias da costa, feiras ou mesmos comerciais do interior, os presídios e mais tarde, os núcleos de colonização).

Por centenas de anos reinou o silêncio e pouco ou nada se registou sobre o desenvolvimento do ensino em Angola. Em Abril de 1919 inicia-se a construção do Liceu Central de Salvador Correia. É o primeiro estabelecimento de ensino secundário em Angola. Terminou em 1942, e estava destinado a formação dos colonos, como abertamente confessava as publicações da época.

Uma das primeiras medidas de Norton de Matos foi a aplicação do celebérrimo decreto nº 77 que proibia terminantemente o ensino de línguas angolanas nas escolas. Este Alto-comissário de Angola, Norton de Matos, fazendo uso deste decreto (77) de 1921, proíbe inclusive o mesmo uso de línguas africanas em escolas missionárias. Aí o uso estava generalizado, mormente nas escolas protestantes (que recusavam pô-la de lado) que vêem a ser encerradas no norte de Angola.

Em 1963, o governador de Angola, num discurso público designou os Lusíadas como a ‘‘Bíblia do nosso país’’. Só em 1944, é criada a primeira escola técnica de serviço de Angola, para preparação de pessoal especializado de nível não Universitário.

Conferidos os dados estatísticos damo-nos conta de que entre 1964 e 1969 apenas se formaram 100 professores primários e somente se prepararam 200 monitores primários por ano. Alem disso em 1971 mais de dois terços de todos os professores espalhados pela Angola rural apenas haviam tido quatro anos de instrução primária.

Não era possível a mais de 99% dos habitantes do leste ir além da instrução primária, por quanto havia apenas uma escola secundária pública na área que abriu em meados de 60, e era sobretudo frequentada por europeus.

Em 1970 na Universidade de Luanda passou a ser leccionado a Licenciatura de Economia. Quanto as fronteiras entre os povos africanos, estes conceitos não tinha o mesmo grau de importância que nos países europeus, para os quais a noção de territoriedade era uma questão cimeira para a sobrevivência dos poderes instruídos.


ESFORÇO PARA A EDUCAÇÃO EM ANGOLA

E educação em Angola teve sempre carácter classista, pois tinha que corresponder aos interesses da classe dominante em qualquer etapa de luta, caracterizando antes de 1975 ele dependia da vontade dos colonizadores.

Nas zonas rurais, o ensino era exclusivamente administrado pelas missões católicas e protestantes, que o faziam com o objectivo de criarem uma classe de pequenos quadros angolanos, favoráveis a sua ideologia e que colaborassem na propagação do obscurantismo religioso. Isto unicamente para o ensino primário.

Com o início da luta armada, os colonizadores foram forçados a alargar a rede de escolas primárias e a criarem escolas secundárias nas cidades e mesmo uma Universidade.

É evidente que, além da necessidade de apresentar um panorama favorável do colonialismo para imagem correspondia aos interesses económicos. Necessidade de uma mão-de-obra qualificada, necessidade de criar uma pequena burguesia africana afecta a ideologia capitalista de formar quadros superiores no seio da burguesia colonial e da pequena burguesia angolana.

O ensino era reservado aos filhos dos colonos embora não houvesse impedimento legal para os angolanos frequentarem. Os impedimentos reais eram a localização geográfica das escolas, a exigências da assimilação de origem económica, pois era necessário ter um mínimo de posses para estudar, na medida em que o ensino não era gratuito.

A escola tudo fazia para destruir a personalidade do colonizado, a sua tradição cultural, a sua identidade, ao faze-lo desprezar o seu próprio passado como povo e a sua organização social, de modo a torna-lo um lacaio submisso do colonialismo e um imitador servil do modo de vida e de pensar europeu.

Para exemplo, basta referir que a Universidade formou quadros superiores, em nove décimos eram portugueses e que, em consequência, partiram de Angola com a independência.

A escola colonial de Angola servia os interesses obscurantistas da minoria colonial e que este passado ainda hoje tem grande peso.


HERANÇA COLONIAL

  • Língua portuguesa;
  • A escola tudo fazia para destruir a personalidade dos colonizados, sua tradição, cultura e identidade;
  • Ensino era sobre a realidade portuguesa;
  • Cerca de 10% de jovens formados;
  • Maior índice de analfabetismo.



RESUMO: A educação sempre teve um carácter classista que visa corresponder aos interesses da classe dominante em qualquer etapa de luta. Nesta óptica, o ensino em Angola surge a pois a 2ª guerra mundial, precisamente em 1949.

Foi originada pela estabilização dos colonos de origem europeia, nos quais predominava os filhos dos funcionários civis e militares. A educação rural indígena primava na formação rudimentar profissional, indicação dos conhecimentos técnicos ao ministrar aos indígenas era da competência dos governos das colónias.

Como fruto da proibição terminantemente do ensino de línguas angolana nas escolas, decretadas pelo alto-comissário de Angola (Norton de Matos), é a fraca e raro uso das línguas nacionais na nossa sociedade.

Durante o período do colonialismo português não houve esforço por parte destes para a educação e o ensino do povo angolano, já que a estes (portugueses) interessava manter o angolano no obscurantismo, ignorância e analfabetismo.

Como consequência da educação e ensino no período colonial, o povo angolano herdou de Portugal o analfabetismo, isto em 1975, facto que ainda hoje tem grande peso na historia geral do nosso país, visto que tão elevado é o índice de analfabetismo, e o tão baixo o nº de quadros superiores.



Fonte: Trabalho investigativo de estudantes do ISCED-Benguela, curso de Pedagogia 3º Ano/2003-04.

9 comentários:

  1. gostei muito da materia......... me ajudou muito no trabalho escola...........muito obrigado.

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  2. Olá sou Adelino é só pra os dizer que adorei tanto da matéria. Obrigado

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  3. Não consta aí nenhuma referência bibliográfica. Não é desta forma que se faz um artigo.

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  4. gostei do conteúdo, muito obrigado.

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  5. Olá, carissimo, ajude-me por favor a perceber esta questão: Por que afirma-se que o analfabetismo cá no nosso território foi herdado dos colonos? Melhor não seria considerar este aspecto como uma consequência do tipo de liderança que vigorava naquele período?

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  6. Muito bom, me ajudou muito no meu trabalho escolar.

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