terça-feira, 10 de maio de 2011

TECTONICAS DE PLACAS: A TEORIA UNIFICADORA

Introdução

A Litosfera - a camada mais externa, rígida e resistente da Terra - é fragmentada em cerca de 12 placas, que deslizam, convergem ou se separam umas em relação às outras à medida que se movem sobre a astenosfera, menos resistente e dúctil. As placas são criadas onde se separam e recicladas onde convergem, em um processo contínuo de criação e destruição. Os continentes, encravados na litosfera, migram junto com as placas em movimento. A teoria da tectónica de placas descreve o movimento das placas e as forças actuantes entre elas. Explica também a distribuição de muitas feições geológicas de grandes proporções que resultam do movimento ao longo dos limites de placa, como: cadeias de montanhas, associações de rochas, estruturam no fundo do mar, vulcões e terramotos. A tectónica de placas fornece uma base conceitual para a Geologia.
Este trabalho apresentará a teoria da tectónica de placas e examinará como as forças que controlam o movimento das placas estão relacionadas com o sistema de convecção do manto.

1 - A descoberta da tectónica de placas

Na década de 1960, uma grande revolução no pensamento sacudiu o mundo da Geologia. Por quase 200 anos, os geólogos desenvolveram diversas teorias tectónicas (do grego tekton, "construtor") - o termo geral que eles usaram para descrever a formação de montanhas, o vulcanismo e outros processos que formam feições geológicas na superfície da Terra. No entanto, até a descoberta da tectónica de placas, nenhuma teoria conseguia, isoladamente, explicar de modo satisfatório toda a variedade de processos geológicos. A tectónica de placas não é apenas abrangente, mas também elegante: muitas observações podem ser explicadas por alguns poucos princípios simples. Na história da ciência, as teorias simples que explicam muitas observações geralmente se mostram mais duradouras. A Física teve uma revolução comparável no início do século XX, quando a teoria da relatividade unificou as leis físicas que governam o espaço, o tempo, a massa e o movimento. A Biologia também teve uma revolução comparável na metade do mesmo século, quando a descoberta do DNA permitiu aos biólogos explicar como os organismos transmitem as informações que controlam seu crescimento, desenvolvimento e funcionamento de geração a geração.
As ideias básicas da tectónica de placas foram reunidas como uma teoria unificada da Geologia há menos de 40 anos. A síntese científica que conduziu a essa teoria, no entanto, começou muito antes, ainda no século XX, com o reconhecimento das evidências da deriva continental.


1.1 - A deriva continental
O conceito de deriva continental - movimentos de grande proporção sobre o globo - existe há muito tempo. No final do século XVI e no século XVII, cientistas europeus notaram o encaixe do quebra-cabeças das linhas costeiras em ambos os lados do Atlântico, como se as Américas, a Europa e a África tivessem estado juntas em uma determinada época e, depois, se afastado por deriva. Ao final do século XIX, o geólogo austríaco Eduard Suess encaixou algumas das peças do quebra-cabeças e postulou que o conjunto dos continentes meridionais actuais formara, certa vez, um único continente gigante, chamado Terra de Gondwana (ou Gondwana). Em 1915, Alfred Wegener, um meteorologista alemão que estava se recuperando de ferimentos sofridos na Primeira Guerra Mundial, escreveu um livro sobre a fragmentação e deriva dos continentes. Nele, apresentou as similaridades marcantes entre as rochas, as estruturas geológicas e os fósseis dos lados opostos do Atlântico. Nos anos seguintes, Wegener postulou um super continente, que denominou de Pangéia (do grego "todas as terras"), que se fragmentou nos continentes como os conhecemos hoje.
Embora Wegener estivesse correcto em afirmar que os continentes tinham se afastado por deriva, sua hipótese acerca de quão rápido eles se moviam e quais forças os empurravam na superfície terrestre mostrou-se errónea, o que reduziu sua credibilidade entre outros cientistas. Após cerca de uma década de vigoroso debate, os físicos convenceram os geólogos de que as camadas externas da Terra eram muito rígidas para que a deriva continental ocorresse, o que fez com que e as ideias de Wegener caíssem em descrédito, excepto entre uns poucos geólogos na Europa, na África do Sul e na Austrália.
Os defensores da hipótese da deriva mostraram não apenas o encaixe geográfico, mas também as similaridades geológicas das idades das rochas e das orientações das estruturas geológicas nos lados opostos do Atlântico. Eles também apresentaram argumentos, aceitos até hoje como boas evidências da deriva, baseados em fósseis e dados climatológicos. Fósseis idênticos a um réptil de 300 milhões de anos, por exemplo, foram encontrados apenas na África e na América do Sul, sugerindo que os dois continentes estavam juntos naquele tempo. Os animais e as plantas dos diferentes continentes mostraram similaridades na evolução até o tempo postulado para a fragmentação. Após isso, seguiram caminhos evolutivos divergentes, presumivelmente devido ao isolamento e às mudanças ambientais das massas continentais em separação. Além disso, depósitos associados com geleiras que existiam há cerca de 300 milhões de anos estão agora distribuídos na América do Sul, na África, na Índia e na Austrália. Se os continentes meridionais fossem reunidos para formar a Terra de Gondwana próximo ao Pólo Sul, uma única geleira poderia explicar todos os depósitos glaciais.
1.2 - Expansão do assoalho oceânico
A evidência geológica não convenceu os cépticos, os quais mantiveram que a deriva continental era fisicamente impossível. Ninguém havia proposto, ainda, uma força motora plausível que pudesse ter fragmentado a Pangéia e separado os continentes. Wegener, por exemplo, pensava que os continentes flutuavam como barcos sobre a crosta oceânica sólida, arrastados pelas forças das marés, do sol e da lua!
A ruptura veio quando os cientistas deram-se conta que a convecção do manto da Terra poderia empurrar e puxar os continentes à parte, formando uma nova crosta oceânica, por meio do processo de expansão do assoalho oceânico. Em 1928, o geólogo britânico Arthur Holmes esteve perto de expressar as noções modernas da deriva continental e da expansão do assoalho oceânico, quando propôs que correntes de convecção "arrastaram as duas metades do continente original à parte, com consequente formação de montanhas na borda onde as correntes estão descendo e desenvolvimento de assoalho oceânico no lugar da abertura, onde as correntes estão ascendendo". Considerando os argumentos dos físicos de que a crosta e o manto da Terra são rígidos e imóveis, Holmes admitiu que "ideias puramente especulativas desse tipo, especialmente inventadas para atender certas postulações, podem não ter valor científico até que adquiram o suporte de evidências independentes".
As evidências convincentes começaram a emergir como um resultado da intensa exploração do fundo oceânico ocorrida após a Segunda Guerra Mundial. O mapeamento da Dorsal Mesoatlântica submarina e a descoberta do vale profundo na forma de fenda, ou rifte, estendendo-se ao longo de seu centro, despertaram muitas especulações. Os geólogos descobriram que quase todos os terramotos no Oceano Atlântico ocorreram próximos a esse vale em rifte. Uma vez que a maioria dos terramotos é gerada por falhamento tectónico, esses resultados indicaram que o rifte era uma feição tectonicamente activa. Outras dorsais mesoceânicas com formas e actividade sísmica similares foram encontradas nos oceanos Pacífico e Índico.
No início da década de 1960, Harry Hess, da Universidade de Princeton, e Robert Dietz, da Instituição Scripps de Oceanografia, propuseram que a crosta separa-se ao longo de riftes nas dorsais mesoceânicas e que o novo fundo oceânico forma-se pela ascensão de uma nova crosta quente nessas fracturas. O novo assoalho oceânico - na verdade, o topo da nova litosfera criada - expande-se lateralmente a partir do rifte e é substituído por uma crosta ainda mais nova, num processo contínuo de formação de placa.
A hipótese de expansão do assoalho oceânico apresentada por Hess e Dietz em 1962 explicou como os continentes poderiam separar-se por meio da criação de uma nova litosfera em riftes mesoceânicos. Poderiam o assoalho oceânico e sua litosfera subjacente ser destruídos e reciclados, retomando ao interior da Terra? Do contrário, a área da superfície terrestre deveria ter aumentado ao longo do tempo, de modo que nosso planeta deveria ter ficado cada vez maior. Por certo tempo, no início da década de 1960, alguns físicos e geólogos realmente acreditaram nessa ideia de uma Terra em expansão, baseados em uma modificação actualmente desacreditada da teoria da gravitação de Einstein. Outros geólogos reconheceram que o assoalho oceânico estava na verdade sendo reciclado nas regiões de intensa actividade vulcânica e sísmica ao longo das margens da bacia do Oceano Pacífico, conhecidas colectivamente como Círculo de Fogo. Os detalhes desse processo, todavia, permaneceram obscuros.
Em 1965, o geólogo canadense J. Tuzo Wilson descreveu, pela primeira vez, a tectónica em torno do globo em termos de "placas" rígidas movendo-se sobre a superfície terrestre. Ele caracterizou os três tipos básicos de limites onde as placas separam-se, aproximam-se ou deslizam lateralmente uma em relação à outra. Em uma rápida sucessão de descobertas e avanços teóricos, outros cientistas mostraram que quase todas as deformações tectónicas actuais estão concentradas nesses limites. Eles mediram as taxas e direcções dos movimentos tectónicos e demonstraram que os mesmos eram matematicamente consistentes com o sistema de placas rígidas movendo-se na superfície esférica do planeta. Os elementos básicos da teoria da tectónica de placas foram estabelecidos ao final de 1968. Por volta de 1970, as evidências da tectónica de placas tornaram-se tão persuasivas, devido a sua abundância, que quase todos os geocientistas adoptaram-na. Os livros-texto foram revisados e muitos especialistas começaram a considerar as implicações do novo conceito em seus campos de actuação.
2 - O mosaico de placas

De acordo com a teoria da tectónica de placas, a litosfera rígida não é uma capa contínua, mas está fragmentada em um mosaico de cerca de uma dúzia de grandes placas rígidas que estão em movimento sobre a superfície terrestre. Cada placa move-se como uma unidade rígida distinta, cavalgando sobre a astenosfera, que também está em movimento. A maior é a Placa Pacífica, que compreende a maior parte da bacia do Oceano Pacífico. Algumas das placas recebem o nome dos continentes que elas contêm, porém, em nenhum caso uma placa é idêntica a um continente. A Placa Norte-Americana, por exemplo, estende-se desde a costa oeste da América do Norte até o meio do Oceano Atlântico, onde se limita com as Placas Eurasiana e Africana.
Além das placas maiores, existe uma série de outras menores. Um exemplo é a minúscula Placa de Juan de Fuca, um pedaço da litosfera oceânica aprisionado entre as gigantes placas Pacífica e Norte-Americana, na costa noroeste dos Estados Unidos. Outras são fragmentos continentais, como a pequena Placa Anatoliana, que inclui a maior parte da Turquia.
Muitas feições geológicas desenvolvem-se por meio da interacção das placas em seus limites.
• Em limites divergentes, as placas afastam-se e uma nova litosfera é criada (a área da placa aumenta).
• Em limites convergentes, as placas juntam-se e uma delas é reciclada, retomando ao manto (a área da placa diminui).
• Em limites transformantes, as placas deslizam horizontalmente uma em relação à outra (a área da placa permanece constante).
Além desses três tipos básicos, existem "limites oblíquos" que combinam divergência ou convergência com alguma quantidade de falhamento transformante. Ainda, o que de facto acontece num limite de placa depende do tipo de litosfera envolvida, porque as litosferas oceânica e continental comportam-se de modo um tanto diferente. A crosta continental é formada de rochas que são mais leves e menos resistentes que a crosta oceânica ou o manto abaixo da crosta. Por ser mais leve, a crosta continental não é tão facilmente reciclada como a crosta oceânica; como a crosta continental é menos resistente, os limites de placa que a envolvem tendem a ser mais espalhados e complicados que os limites das placas oceânicas.

2.1 - Limites divergentes
Os limites divergentes dentro das bacias oceânicas são riftes estreitos que se aproximam da idealização da tectónica de placas. A divergência dentro dos continentes geralmente é mais complicada e distribuída sobre uma área mais larga.

2.1.1 - Separação de placas nos oceanos
No fundo do mar, o limite entre as placas em separação é marcado por uma dorsal mesoceânica que exibe vulcanismo activo, terramotos e rifteamento causados por forças extensionais (estiramento) que estão puxando as duas placas à parte. Por exemplo, a expansão do assoalho oceânico está ocorrendo à medida que as placa Norte-Americana e Eurasiana separam-se e o novo assoalho oceânico do Atlântico é criado por ascensão do manto. A ilha da Islândia expõe um segmento da dorsal Mesoatlântica, que em outras circunstâncias está submersa, fornecendo aos geólogos uma oportunidade de observar directamente o processo de separação de placas e expansão do fundo oceânico. A Dorsal Mesoatlântica é discernível no Oceano Árctico, ao norte da Islândia, e conecta-se a um sistema de dorsais mesoceânicas que quase circunda o globo e serpenteia através dos oceanos Índico e Pacífico, terminando ao longo da costa oeste da América do Norte. Esses centros de expansão originaram os milhões de quilómetros quadrados de crosta oceânica que são actualmente o assoalho de todos oceanos.
Divergência
Oceano - Oceano

2.1.2 - Separação de placas nos continentes
Os estágios iniciais da separação de placas, como o grande vale em rifte do Leste Africano, podem ser encontrados em alguns continentes. Esses limites divergentes são caracterizados por vales em rifte, actividade vulcânica e terramotos distribuídos sobre uma zona mais larga que a dos centros de expansão oceânicos. O Mar Vermelho e o Golfo da Califórnia são riftes que se encontram num estágio mais avançado de expansão. Nesses casos, os continentes já se separaram o suficiente para que o novo assoalho oceânico pudesse ser formado ao longo do eixo de expansão e os vales em rifte fossem inundados pelo oceano. Algumas vezes, o fendimento continental pode tornar-se mais lento ou parar antes de haver a separação do continente e a abertura de uma nova bacia oceânica. O Vale do Reno, ao longo da fronteira da Alemanha e da França, é um rifte continental fracamente activo que pode ser esse tipo de "centro de expansão que fracassou". Será que o rifte do Leste Africano vai continuar a abrir-se, levando a Subplaca Somaliana a separar-se completamente da África e formar uma nova bacia oceânica, como aconteceu entre a África e a ilha de Madagascar, ou irá o espalhamento tornar-se mais lento e finalmente parar, como parece estar acontecendo no Oeste da Europa? Os geólogos ainda não conhecem as respostas.
Divergência
Continente – Continente


2.2 - Limites convergentes
As placas cobrem todo o globo, de modo que, se elas se separam em certo lugar, deverão convergir em outro, conservando, assim, a área da superfície terrestre. (Tanto quanto podemos dizer, nosso planeta não está se expandindo!) Onde as placas colidem frontalmente, elas formam limites convergentes. A profusão de eventos geológicos resultantes da colisão de placas torna os limites convergentes os mais complexos observados na tectónica de placas.
2.2.1 - Convergência oceano-oceano
Se as duas placas envolvidas são oceânicas, uma desce abaixo da outra em um processo conhecido como subducção. A litosfera oceânica da placa que está em subducção afunda na astenosfera e é por fim reciclada pelo sistema de convecção do manto. Esse encurvamento para baixo produz uma longa e estreita fossa de mar profundo. Na Fossa das Marianas, no Oeste do Pacífico, o oceano atinge sua maior profundidade, de cerca de 10 km mais que a altura do Monte Everest. À medida que a placa litosférica fria desce, a pressão aumenta; a água aprisionada nas rochas da crosta oceânica subduzida é "espremida" e ascende à astenosfera acima da placa. Esse fluido causa fusão do manto, produzindo uma cadeia de vulcões, denominada arco de ilhas, no fundo oceânico atrás da fossa. A subducção da Placa Pacífica formou as Ilhas Aleutas, a oeste do Alasca, que são vulcanicamente activas, bem como os arcos de ilhas abundantes no Oeste do Pacífico. Os terramotos que podem ocorrer em profundidades que chegam a até 600 km abaixo desses arcos de ilhas delineiam as placas frias da litosfera à medida que elas se afundam no manto.
Convergência
Oceano – Oceano

2.2.2 - Convergência oceano-continente
Se uma placa tem uma borda continental, ela cavalga a placa oceânica, porque a crosta continental é mais leve e subduz mais dificilmente que a crosta oceânica. A borda continental fica enrugada e é soerguida num cinturão de montanhas aproximadamente paralelo à fossa de mar profundo. As enormes forças de colisão e subducção produzem grandes terramotos ao longo da interface de subducção. Ao longo do tempo, materiais são raspados da placa descendente e incorporados nas montanhas adjacentes, deixando aos geólogos um complexo (e frequentemente confuso) registo do processo de subducção. Como no caso da convergência oceano-oceano, a água carregada para baixo pela placa oceânica mergulhante causa a fusão da cunha do manto e a formação de vulcões nos cinturões de montanhas atrás da fossa.
A costa oeste da América do Sul, onde a Placa Sul-Americana colide com a Placa de Nazca, de natureza oceânica, é uma zona de subducção desse tipo. Uma grande cadeia de altas montanhas, os Andes, eleva-se no lado continental do limite colidente e uma fossa de mar profundo situa-se próximo à costa. Os vulcões aqui são activos e mortais. Um deles, o Nevado del Ruiz, na Colômbia, matou 25 mil pessoas por ocasião de uma erupção em 1985. Alguns dos maiores terramotos do mundo também foram registados ao longo desse limite. Outro exemplo ocorre onde a pequena Placa de Juan de Fuca está subduzindo a Placa Norte-Americana ao longo da costa oeste da América do Norte. Esse limite convergente deu origem aos perigosos vulcões da Cadeia Cascade, que produziu a erupção de 1980 do Monte Santa Helena. A medida que cresce o entendimento da zona de subducção de Cascadia, os cientistas tornam-se mais preocupados com a possibilidade de ocorrência de um grande terramoto nessa região, o que causaria dano considerável ao longo das costas dos estados de Oregon, Washington e Colúmbia Britânica.

Convergência
Oceano – Continente



2.2.3 - Convergência continente-continente
Onde a convergência de placas envolve dois continentes, a subducção do tipo oceânica não pode acontecer. As consequências geológicas desse tipo de colisão são consideráveis. A colisão das placas Indiana e Eurasiana, ambas com continentes em sua borda frontal, fornece o melhor exemplo. A Placa Eurasiana cavalga a Placa Indiana, mas a Índia e a Ásia mantêm-se flutuantes, criando uma espessura dupla da crosta e formando a cordilheira de montanhas mais alta do mundo, o Himalaia, bem como o vasto e alto Planalto do Tibete. Nessa e em outras zonas de colisão continente-continente, ocorrem terramotos violentos na crosta que está sofrendo enrugamento.
Convergência
Continente – Continente


2.3 - Limites de falhas transformantes
Nos limites onde as placas deslizam uma em relação à outra, a litosfera não é nem criada nem destruída. Esses limites são falhas transformantes: fracturas ao longo das quais ocorre um deslocamento relativo à medida que o deslizamento horizontal acontece entre blocos adjacentes. Os limites de falhas transformantes são tipicamente encontrados ao longo de dorsais mesoceânicas, onde o limite divergente tem sua continuidade quebrada, sendo deslocado num padrão semelhante a um escalonamento. A Falha de Santo André na Califórnia, onde a Placa Pacífica desliza em relação à Placa Norte-Americana, é um óptimo exemplo de uma falha transformante em continente. Pelo fato de as placas terem se deslocado umas em relação às outras durante milhões de anos, as rochas contíguas nos dois lados da falha são de tipos e idades diferentes. Grandes terramotos, como o que destruiu a cidade de San Francisco em 1906, podem ocorrer nos limites de placas transformantes. Existe muita preocupação de que um repentino deslocamento possa ocorrer ao longo da falha de Santo André ou de outras falhas relacionadas próximas a Los Angeles e San Francisco dentro de, aproximadamente, 25 anos, resultando num terramoto extremamente destrutivo.
As falhas transformantes também podem conectar limites de placas divergentes com limites convergentes e limites convergentes com outros limites convergentes.
Falha transformante

2.4 - Combinação de limites de placas
Cada placa é limitada por uma combinação de limites transformantes, convergentes e divergentes. A Placa de Nazca, no Pacífico, tem três lados limitados por zonas divergentes, onde uma nova litosfera é gerada ao longo de segmentos da dorsal mesoceânica, os quais são deslocados segundo um padrão escalonado pelas falhas transformantes. O outro lado é limitado pela zona de subducção do Peru-Chile, onde a litosfera é consumida numa fossa oceânica profunda. A Placa Norte-Americana é limitada a leste pela Dorsal Mesoatlântica, que é uma zona de divergência; a oeste, pela falha de Santo André e outros limites transformantes; e, a noroeste, por zonas de subducção e limites transformantes que se estendem desde o estado de Oregon (EUA) até a Cadeia das Aleutas.
3 - Velocidade das placas e história dos movimentos
Quão rápido as placas se movem? Algumas movem-se mais rápido que outras, por quê? As velocidades actuais dos movimentos das placas são as mesmas que no passado geológico? Os geólogos têm desenvolvido métodos engenhosos para responder essas questões e, desse modo, entender melhor a tectónica de placas. Examinaremos três desses métodos.
3.1 - O fundo oceânico como um gravador magnético
Durante a Segunda Guerra Mundial, foram desenvolvidos instrumentos extremamente sensíveis para detectar submarinos a partir dos campos magnéticos emanados por suas couraças de aço. Os geólogos modificaram ligeiramente esses instrumentos e rebocaram-nos atrás de navios de pesquisas para medir o campo magnético local criado por rochas magnetizadas no fundo do mar. Cruzando os oceanos repetidas vezes, os cientistas marinhos descobriram surpreendentes padrões regulares na intensidade do campo magnético local. Em muitas áreas, o campo magnético alternava entre valores altos e baixos dispostos em bandas longas e estreitas chamadas de anomalias magnéticas, que eram paralelas e quase perfeitamente simétricas à crista da dorsal mesoceânica. A detecção desses padrões foi uma dentre as grandes descobertas que confirmaram a expansão do assoalho oceânico e levaram à teoria da tectónica de placas. A detecção desses padrões também permitiu aos geólogos medir os movimentos das pIacas ao longo do tempo geológico. Para entender esses avanços, precisamos olhar mais detidamente como as rochas tornaram-se magnetizadas.
3.1.1 - O registo rochoso das reversões magnéticas da Terra
Há quase 400 anos, os cientistas sabem que uma agulha de uma bússola aponta para o pólo magnético norte (próximo ao Pólo Norte geográfico) devido ao campo magnético da Terra. Imaginem quão estupefactos eles ficaram há poucas décadas quando encontraram evidências no registo geológico de que, ao longo do tempo, o campo magnético frequentemente se reverte – ou seja, troca o pólo magnético norte pelo pólo magnético sul. Durante cerca de metade do tempo geológico, a agulha de uma bússola apontaria para o sul!
No início da década de 1960, os geólogos descobriram que o registo preciso desse comportamento peculiar pode ser obtido a partir de derrames acamados de lava vulcânica. Quando lavas ricas em ferro resfriam-se em presença do campo magnético terrestre, tornam-se levemente magnetizadas segundo a direcção desse campo. Tal fenómeno é chamado de magnetização termorremanescente, porque a rocha "recorda-se" da magnetização muito depois de o campo magnetizador existente ao tempo de sua formação ter sido mudado.
Em derrames de lavas acamados, cada camada de rocha do topo para a base da sequência representa um período de tempo geológico mais antigo, e a idade de cada camada pode ser determinada por métodos de datação precisa. As medições da magnetização termorremanescente de amostras de rocha de cada camada fornecem a direcção do campo magnético terrestre nelas congelada quando de seu resfriamento. Por meio da repetição dessas medidas em vários lugares no mundo, os geólogos desvendaram a história detalhada das reversões magnéticas ao longo do tempo geológico.
Cerca de metade de todas as rochas estudadas mostrou-se magnetizada numa direcção oposta ao campo magnético terrestre actual. Aparentemente, o campo inverteu-se muitas vezes no tempo geológico, e campos normais (os mesmos de agora) e reversos (opostos ao de agora) são igualmente prováveis. Os períodos mais longos do campo normal ou reverso são chamados de épocas magnéticas; elas parecem durar cerca de meio milhão de anos, embora o padrão de reversão, quando retrocedemos no tempo geológico, torne-se altamente irregular. Superpostas às épocas maiores, estão as reversões curtas e transicionais do campo, conhecidas como eventos magnéticos, que podem durar desde alguns milhares até 200 mil anos.
3.1.2 - Padrões de anomalias magnéticas no assoalho oceânico
Os peculiares padrões magnéticos bandados localizados no fundo do oceano deixaram os cientistas curiosos até 1963, quando dois ingleses, F. J. Vine e D. H. Mathews - e, independentemente, dois canadenses, L. Morley e A. Larochelle - formularam uma proposta surpreendente. Com base em novas evidências para as reversões magnéticas colectadas por geólogos em derrames de lavas no continente, eles argumentaram que as bandas magnéticas altas e baixas correspondiam a bandas de rochas do fundo submarino que foram magnetizadas durante episódios ancestrais do campo magnético normal e reverso. Ou seja, quando o navio de pesquisa estivesse sobre rochas magnetizadas na direcção normal, ele registaria um campo magnético localmente mais forte, ou uma anomalia magnética positiva, e quando estivesse sobre rochas magnetizadas na direcção reversa, registaria um campo localmente mais fraco, ou uma anomalia magnética negativa.
Essa ideia forneceu um poderoso teste para a hipótese da expansão do assoalho oceânico, que postula que o fundo submarino novo é formado ao longo dos riftes de uma crista da dorsal mesoceânica, à medida que as placas se separam. O magma fluindo do interior solidifica-se nas fracturas e torna-se magnetizado na direcção do campo magnético terrestre da época. À medida que o assoalho oceânico separa-se e afasta-se da crista, aproximadamente metade do material magnetizado num certo momento move-se para um lado, e metade para o outro, formando duas bandas magnetizadas simétricas. Um novo material preenche as fracturas, continuando o processo. Desse modo, o assoalho submarino funciona como um gravador que codifica a história de abertura dos oceanos por meio da impressão magnética das reversões do campo magnético da Terra.
Passados alguns anos, os cientistas marinhos foram capazes de mostrar que esse modelo fornecia uma explicação consistente para os padrões simétricos das anomalias magnéticas do assoalho oceânico encontrados nas dorsais mesoceânicas em todo o mundo. Além disso, esse modelo forneceu-lhes uma ferramenta precisa para medir as taxas de expansão do assoalho oceânico actuais e do passado geológico. Essa evidência contribuiu substancialmente para a descoberta e a confirmação da tectónica de placas.

3.1.3 - Inferindo as idades do fundo oceânico e as velocidades relativas das placas
Por meio do uso das idades das reversões que foram determinadas a partir de lavas magnetizadas nos continentes, os geólogos puderam indicar idades para as bandas de rochas magnetizadas no fundo oceânico. Eles puderam calcular, então, quão rápido os oceanos se abriram, usando a fórmula velocidade = distância/tempo, sendo que a distância foi medida a partir do eixo da dorsal e o tempo, igualado à idade do fundo oceânico.
Num limite divergente de placas, a combinação da taxa de expansão e da direcção de expansão fornece a velocidade relativa da placa: a velocidade com que uma placa se move relativamente a outra.
A taxa de expansão para a Dorsal Mesoatlântica ao sul da Islândia é exageradamente baixa quando comparada com a de muitos outros lugares dessa mesma dorsal. O recorde de velocidade de expansão pode ser encontrado na Dorsal do Pacífico Oriental somente no sul do equador, onde as placas Pacífica e de Nazca estão se separando a uma taxa de 150 mm/ano - uma ordem de magnitude mais rápida que a taxa do Atlântico Norte. Uma média estimativa para as dorsais mesoceânicas do mundo é de cerca de 50mm/ano. Isso é aproximadamente a taxa de crescimento de nossas unhas, e mostra que, em termos de geologia, tais taxas de expansão fornecem dados importantes para o estudo do sistema de convecção do manto.
Podemos seguir a escala de tempo magnético a partir das muitas reversões do campo magnético terrestre. As bandas magnéticas correspondentes no assoalho oceânico, que podem ser pensadas como bandas de idades, têm sido mapeadas em detalhe a partir das cristas das dorsais mesoceânicas das várias bacias oceânicas, cobrindo um intervalo de tempo que excede a 100 milhões de anos.
O poder e a conveniência de usar a magnetização do assoalho oceânico para descobrir a história das bacias oceânicas não podem ser sobreenfatizados. Os geólogos calcularam as idades de várias regiões do fundo oceânico sem sequer examinar amostras de rochas. Eles simplesmente cruzaram os oceanos, medindo os campos magnéticos das rochas do fundo submarino, e correlacionaram os padrões de reversão com as sequências de tempo estabelecidas pelos métodos anteriormente descritos.
A simplicidade e a elegância da magnetização do fundo oceânico tornaram-na uma ferramenta muito efectiva. Mas ela é um método indirecto ou de sensoriamento remoto, pois as rochas não foram recuperadas do fundo oceânico e, portanto, suas idades não foram directamente determinadas em laboratório.
Uma evidência directa da expansão do fundo oceânico e do movimento de placas ainda se fazia necessária para convencer alguns poucos cépticos remanescentes. A perfuração do fundo do mar veio suprir essas evidências que faltavam.
3.2 - Perfuração de mar profundo
Em 1968, um programa de perfurações do fundo dos oceanos foi lançado como um projecto integrado pelas maiores instituições oceanográficas e a Fundação Nacional de Ciência. Mais tarde, outras nações juntaram-se a esse esforço. Esse experimento global tinha por objectivo perfurar, recuperar e estudar as rochas do fundo oceânico de muitos lugares do mundo. Usando perfuratrizes rotativas, os cientistas trouxeram testemunhos contendo secções de rochas do assoalho oceânico; em alguns casos, a perfuração penetrou milhares de metros abaixo da superfície do fundo oceânico. Assim, os geólogos tiveram a oportunidade de desvendar a história das bacias oceânicas a partir de evidências directas.
Uma das coisas mais importantes a ser determinada era a idade de cada amostra. Pequenas partículas caindo através da água oceânica - poeira da atmosfera, material orgânico de plantas e animais marinhos - acumulam-se como sedimentos no fundo do mar à medida que uma nova crosta oceânica vai se formando. Desse modo, a idade dos sedimentos mais antigos dos testemunhos de sondagem, ou seja, daqueles imediatamente sobre a crosta, forneceu aos geólogos a idade do fundo oceânico naquele determinado ponto. A idade dos sedimentos é obtida primeiramente a partir de esqueletos fósseis de minúsculos animais unicelulares, que vivem no oceano e afundam quando morrem. Observou-se que os testemunhos de sondagem de sedimentos tornavam-se mais antigos com o aumento da distância a partir das dorsais mesoceânicas e que as idades das rochas do fundo submarino concordavam quase perfeitamente com aquelas determinadas a partir dos dados de reversão magnética. A concordância validou a datação magnética do fundo submarino e confirmou o conceito de expansão do fundo do mar.

3.3 - Medidas do movimento de placa pela Geodesia
Em suas publicações em defesa da deriva continental, Alfred Wegener cometeu um grande erro: ele propôs que a América do Norte e a Europa estavam afastando-se a uma taxa de aproximadamente 30 m/ano - mil vezes mais rápido que a expansão real do assoalho do Atlântico! Essa velocidade inacreditavelmente alta foi uma das razões que levaram muitos cientistas a rejeitar francamente as noções de deriva continental. Wegener fez essas estimativas por assumir incorrectamente que os continentes estavam juntos, constituindo a Pangéia, num tempo tão recente quanto o da última idade glacial (que ocorreu há apenas 20 mil anos). Sua crença em uma rápida taxa também envolveu certa dose de optimismo. Em particular, ele esperava que a hipótese da deriva pudesse ser confirmada por repetidas medidas acuradas da distância através do Oceano Atlântico usando o posicionamento astronómico.
3.3.1 - Posicionamento astronómico
O posicionamento astronómico - medida da posição das estrelas no céu nocturno para determinar onde você está - é uma técnica da Geodesia, a ciência ancestral de medir a forma da Terra e posicionar pontos na sua superfície. Os navegadores utilizaram o posicionamento astronómico durante séculos para determinar os limites geográficos das Terras e os marinheiros fizeram o mesmo para direccionar seus navios no mar. Há 4 mil anos, os construtores egípcios usaram essa técnica para posicionar a Grande Pirâmide perfeitamente para o norte.
Wegener imaginou que a Geodesia pudesse ser usada para medir a deriva continental da seguinte maneira. Dois observadores, um na Europa e o outro na América do Norte, determinariam simultaneamente as suas posições relativas a estrelas fixas. A partir dessas posições, eles poderiam calcular a distância entre os dois pontos de observação em cada instante. Então, repetiriam essas medidas de distância a partir dos mesmos postos de observação algum tempo depois, digamos, após um ano. Se os continentes estivessem à deriva, então a distância deveria ter aumentado e o valor do incremento determinaria a velocidade da mesma.
No entanto, para essa técnica funcionar, as posições relativas dos postos de observação deveriam ser determinadas de modo suficientemente acurado para medir o movimento. Na época de Wegener, a acurácia do posicionamento astronómico era pobre; os erros na fixação das distâncias intercontinentais excediam a 100 metros. Desse modo, mesmo as altas taxas de deriva que ele estava propondo exigiriam um certo número de anos para serem observadas. Ele argumentou que duas determinações astronómicas da distância entre a Europa e a Groelândia (onde trabalhou como meteorologista), tomadas com um intervalo de seis anos, suportavam suas altas taxas, mas ele estava equivocado novamente. Sabemos hoje que o deslocamento da Dorsal Mesoatlântica entre a medida de um levantamento e o seguinte é de apenas 1/10 de metro, mil vezes menos que o necessário para ser observado pelas técnicas que estavam disponíveis então.
Em função da alta exactidão requerida para observar directamente o movimento das placas, as técnicas geodésicas não exerceram papel significativo na descoberta da tectónica de placas. Os geólogos tiveram de confiar na evidência da expansão do fundo oceânico a partir do registo geológico - as tiras magnéticas e as idades dos fósseis descritas anteriormente. No entanto, um método de posicionamento astronómico iniciado no final da década de 1970 usou sinais de distantes "fontes de rádio quase estelares " (quasares) registados por enormes antenas em forma de prato. Esse método pode medir distâncias intercontinentais com uma exactidão admirável de até 1 mm. Em 1986, um grupo de cientistas publicou um conjunto de medidas baseadas nessa técnica que mostrou que as distâncias entre as antenas na Europa (Suécia) e na América do Norte (Massachusetts) tinham aumentado 19 mm/ano num período de cinco anos, muito próximo do predito por modelos geológicos da tectónica de placas. O sonho de Wegener de medir a deriva continental directamente por posicionamento astronómico foi finalmente realizado!
Nota: Hoje, a Grande Pirâmide do Egipto não se encontra mais perfeitamente direccionada para o norte, como afirmado anteriormente, mas levemente a nordeste. Será que os astrónomos egípcios ancestrais cometeram esse erro ao orientá-la séculos atrás? Os arqueólogos pensam que provavelmente não. Durante esse período, a África derivou o suficiente para girar a pirâmide fora do alinhamento com o verdadeiro Norte.

3.3.2 - Sistema de posicionamento local
As operações geodésicas feitas com grandes radiotelescópios são muito caras e não são a ferramenta prática para investigação detalhada do movimento das placas tectónicas em áreas remotas. Desde meados da década de 1980, os geólogos têm conseguido tirar vantagem de uma nova constelação de 24 satélites orbitadores da Terra, chamados de Sistema de Posicionamento Global (GPS), para fazer os mesmos tipos de medidas com a mesma impressionante exactidão, usando receptores de rádios portáteis, muito mais baratos e menores. Os receptores de GPS registam ondas de rádio de alta frequência sincronizadas com relógios atómicos precisos situados à bordo dos satélites. A constelação de satélites serve como um sistema de referência externa, do mesmo modo que as estrelas fixas e os quasares fazem em um posicionamento astronómico.
As mudanças da distância entre os receptores de GPS baseados na superfície terrestre de diferentes placas e registados ao longo de muitos anos concordam em magnitude e direcção com aquelas determinadas a partir das anomalias magnéticas do assoalho oceânico. Esses experimentos indicam que os movimentos das placas são notavelmente constantes durante períodos de tempo que variam de poucos anos a milhões de anos. Os geólogos estão agora usando o GPS para medir anualmente os movimentos das placas em muitas localidades do globo.
Além de determinar as velocidades das placas, as observações por GPS mostraram que a convergência entre as placas de Nazca e a sul-americana pode ser dividida em três partes. Cerca de 40% se dão por deslizamento, suave e contínuo, entre as duas placas. Cerca de 20% ocorrem como deformação ao longo da borda da placa, que causa o soerguimento da Cordilheira do Andes. Cerca de 40% ocorrem em grandes terramotos, quando a interface entre as duas placas rompe-se e desloca-se repentinamente.
Nota: Actualmente, os receptores de GPS estão sendo usados em automóveis como parte de um sistema de navegação que leva o motorista a endereços específicos nas ruas. É interessante que os cientistas que desenvolveram os relógios atómicos usados em GPS o fizeram para pesquisa em física fundamental, sem ter ideia de que estariam criando uma indústria de muitos bilhões de dólares. Junto com o transístor, o laser e muitas outras tecnologias, o GPS demonstra a maneira afortunada pela qual a pesquisa básica dá retorno à sociedade que a financia.
4 - A grande reconstrução
O continente Pangéia era a única grande massa de terras que existia há 250 milhões de anos. Um dos grandes triunfos da geologia moderna é a reconstrução dos eventos que levaram à aglutinação da Pangéia e a sua posterior fragmentação nos continentes que conhecemos hoje. Vamos usar o que aprendemos a respeito da tectónica de placas para ver como essa descoberta foi alcançada.
4.1 - Isócronas do assoalho oceânico
As idades dos assoalhos oceânicos do mundo foram determinadas a partir dos dados de reversão magnética e de fósseis obtidos nas perfurações de mar profundo. As isócronas, são curvas de contorno que delimitam rochas de mesma idade. As isócronas fornecem-nos o tempo que decorreu desde que as rochas crustais foram injectadas como magma em um rifte mesoceânico e, desse modo, indicam a quantidade de expansão havida desde que elas foram geradas. Note como o assoalho oceânico torna-se progressivamente mais antigo em ambos os lados dos riftes mesoceânicos. Por exemplo, a distância a partir do eixo da dorsal de uma isócrona de 140 milhões de anos corresponde à extensão do novo assoalho oceânico criado nesse intervalo de tempo. As isócronas mais espaçadas do Pacífico Oriental indicam taxas de expansão mais rápidas que as do Atlântico.
Em 1990, após uma busca de 20 anos, os geólogos encontraram as rochas oceânicas mais antigas por meio da perfuração do assoalho do Pacífico Ocidental. Essas rochas tinham uma idade de cerca de 200 milhões de anos, o que representa apenas 4% da história da Terra. Isso indica o quão geologicamente jovem é o fundo do oceano, quando comparado com os continentes. Em um período de 100 a 200 milhões de anos, em alguns lugares, e apenas dezenas de milhões de anos, em outros, a litosfera oceânica é formada, expande-se, resfria-se e mergulha de volta no manto subjacente. Diferentemente, as rochas continentais mais antigas têm cerca de 4 bilhões de anos.
4.2 - Reconstruindo a história dos movimentos das placas
As placas da Terra comportam-se como corpos rígidos. Ou seja, a distância entre três pontos na mesma placa rígida - digamos, Nova York, Miami e Bermuda, na Placa Norte-Americana - não muda muito, independentemente do quão distante a placa se mova. Mas a distância entre, digamos, Nova York e Lisboa aumenta porque as duas cidades estão em placas diferentes, as quais estão sendo separadas ao longo de uma zona estreita de expansão na Dorsal Mesoatlântica. A direcção do movimento de uma placa em relação à outra depende de princípios geométricos que governam o comportamento de placas rígidas numa superfície esférica. Dois princípios primários são:
1- Os limites transformantes indicam as direcções de movimentos relativos da placa. Com poucas excepções, não ocorre sobreposição, flambagem ou separação ao longo de limites transformantes típicos e nos oceanos. As duas placas meramente se deslocam em relação à outra, sem criação ou destruição de material de ambas. Procure um limite transformante se quiser deduzir a direcção do movimento relativo de uma placa, porque a orientação da falha é a direcção na qual uma placa se desloca em relação a outra.
2- As isócronas do assoalho oceânico revelam as posições de limites divergentes em tempos anteriores. As isócronas no assoalho oceânico são grosseiramente paralelas e simétricas como o eixo da dorsal mesoceânica ao longo da qual foram geradas. Devido ao fato de que cada isócrona coincidia com o limite de separação da placa num tempo anterior, aquelas que apresentam a mesma idade, porém em lados opostos de uma dorsal mesoceânica, podem ser reaproximadas para mostrar a posição das placas e a configuração dos continentes nelas encravados naquela época anterior.
4.3 - A fragmentação da Pangéia
Usando esses princípios, os geólogos reconstruíram a abertura do Oceano Atlântico e a fragmentação da Pangéia. Esse supercontinente é mostrado como existiu há 240 milhões de anos. Ele começou a fragmentar-se com o rifteamento da América do Norte, que se separou da Europa há cerca de 200 milhões de anos. A abertura do Atlântico Norte foi acompanhada pela separação dos continentes do norte (Laurásia), do sul (Terra de Gondwana, ou Gondwana) e pelo rifteamento de Gondwana ao longo do que é hoje a Costa Leste da África. A fragmentação de Gondwana, por sua vez, separou a América do Sul, a África, a Índia e a Antártida, criando o Atlântico Sul e os oceanos do sul e estreitando o Oceano Tethys. A separação da Austrália a partir da Antárctida e a "martelada" da Índia na Eurásia fecharam o Oceano Tethys, formando o mundo como nós o vemos hoje.
Os movimentos das placas não cessaram, é claro, de modo que a configuração dos continentes vai continuar a evoluir.
4.4 - A aglutinação da Pangéia pela deriva continental
O mapa de isócronas informa-nos de que todo o fundo oceânico existente na superfície terrestre foi criado desde a fragmentação da Pangéia. No entanto, sabemos a partir dos registos geológicos de cinturões de montanhas continentais mais antigos que a tectónica de placas estava operando há bilhões de anos antes dessa fragmentação. Evidentemente, a expansão do assoalho oceânico ocorria como hoje e existiram episódios prévios de deriva continental e colisão. O assoalho oceânico criado nesses tempos anteriores foi destruído pela subducção, retornando ao manto, de modo que são as evidências mais antigas preservadas nos continentes que possibilitam identificar e cartografar o movimento desses "paleocontinentes".
Os cinturões de montanhas mais antigos, como os Apalaches na América do Norte e os Urais, que separam a Europa da Ásia, auxiliam a posicionar colisões ancestrais de paleocontinentes.
Em muitos lugares, as rochas revelam episódios ancestrais de rifteamento e subducção. Tipos de rochas e fósseis também indicam a distribuição de mares ancestrais, geleiras, terras baixas, montanhas e climas. O conhecimento dos climas ancestrais possibilita aos geólogos posicionarem as latitudes nas quais as rochas continentais foram formadas, o que, por sua vez, os auxilia a reconstituir o quebra-cabeças dos continentes ancestrais. Quando o vulcanismo ou a formação de montanhas produz rochas continentais novas, elas também registam a direcção do campo magnético da Terra, da mesma maneira que acontece com as rochas oceânicas quando são criadas por expansão do fundo do mar. Como uma bússola congelada no tempo, o magnetismo fóssil de um fragmento continental regista a sua orientação e posição ancestrais.
A evidência a partir de tipos de rochas, fósseis, clima e paleomagnetismo permitiu aos cientistas reconstruir um supercontinente anterior, chamado Rodínia, que se formou há cerca de 1,1 bilhão de anos e começou a se fragmentar há cerca de 750 milhões de anos. Eles foram capazes de cartografar os fragmentos desse supercontinente ao longo dos 500 milhões de anos subsequentes à medida que derivavam e se rearranjavam no supercontinente Pangéia. Os geólogos estão continuamente descobrindo mais detalhes desse quebra-cabeças complexo, no qual cada fragmento muda de forma no decorrer do tempo geológico.
4.5 - Implicações da grande reconstrução
Dificilmente algum ramo da Geologia passou incólume por essa grande reconstrução dos continentes. Os geólogos da área de prospecção usaram o encaixe dos continentes para encontrar depósitos minerais e de petróleo por meio da correlação de formações rochosas existentes num continente com suas contra-partes pré-deriva em outro. Os paleontólogos repensaram alguns aspectos da evolução à luz da deriva continental. Os geólogos ampliaram seu foco de uma geologia de uma região particular para um cenário que abrange o mundo, pois o conceito da tectónica de placas fornece uma maneira de interpretar, em termos globais, processos geológicos como formação de rochas, soerguimento de montanhas e mudanças climáticas.
Os oceanógrafos estão reconstruindo as correntes como possam ter existido em oceanos ancestrais para entender melhor a circulação moderna e explicar as variações dos sedimentos do mar profundo que são afectadas por tais correntes. Os cientistas estão "predizendo" para trás no tempo para descrever temperaturas, ventos, extensão de geleiras continentais e como eram os níveis dos mares em tempos anteriores à deriva. Eles esperam aprender com o passado, de modo que possam predizer o futuro - um assunto de grande urgência, devido às possibilidades do aquecimento global deflagrado pela actividade humana. Que testemunho melhor do triunfo dessa hipótese, outrora considerada ultrajante, do que sua habilidade para revitalizar e lançar luz em tantos tópicos diversos?
5 - Convecção do manto: o mecanismo motor da tectónica de placas
Tudo o que foi discutido até agora pode ser denominado de tectónica de placas descritiva. Mas dificilmente uma descrição é uma explicação. Não entenderemos totalmente a tectónica de placas até que tenhamos uma teoria mais compreensiva que possa explicar por que as placas se movem. Descobrir tal teoria é um dos mais importantes desafios que confrontam os cientistas que estudam o sistema Terra.
Como Arthur Holmes e os outros defensores pioneiros da deriva continental perceberam, a convecção do manto é o "motor" que controla os processos tectónicos de grande proporção que operam na superfície terrestre. Descrevemos o manto como um sólido quente capaz de mover-se como um fluido viscoso (cera quente ou melado frio, por exemplo). O calor que escapa do interior da Terra provoca a convecção desse material (circulação ascendente e descendente) a velocidades de poucas dezenas de milímetros por ano.
Quase todos os cientistas actualmente aceitam que as placas litosféricas de algum modo participam do fluxo desse sistema de convecção do manto. No entanto, como é de praxe, "o truque está nos detalhes". Muitas hipóteses diferentes têm sido propostas com base numa ou noutra peça de evidência, mas ninguém forneceu uma teoria satisfatória e abrangente que amarrasse todos os elementos.
5.1 - Onde se originam as forças que movem as placas?
Veja uma experiência que você pode fazer em sua cozinha: aqueça uma panela com água até que esteja próxima do ponto de fervura e adicione algumas folhas de chá seco no centro dela. Você vai observar que as folhas de chá movem-se na superfície da água, arrastadas pelas correntes de convecção da panela. Será que é desse modo que as placas se movem, passivamente arrastadas de um lado para outro nas costas das correntes de convecção que ascendem do manto?
A resposta parece ser não. A evidência principal vem das taxas de movimento das placas discutidas anteriormente. As placas que estão se movendo mais rápido (as placas Pacífica, de Nazca, de Cocos e Índica) estão em processo de subducção ou sendo consumidas ao longo de uma grande parte de suas bordas. Em contraste, as placas que estão se movendo devagar (placas Norte-Americana, Sul-Americana, Africana, Eurasiana e Antárctica) não têm porções significativas de lascas descendentes. Essas observações sugerem que o movimento rápido das placas é causado pelas forças gravitacionais exercidas pelas lascas mais antigas e frias da litosfera (por isso pesadas). Em outras palavras, as placas não são arrastadas por correntes de convecção a partir do manto profundo, mas, em vez disso, "caem de volta" para o manto sob a acção do seu próprio peso. De acordo com essa hipótese, a expansão do assoalho oceânico é decorrente de uma ascensão passiva de material do manto onde as placas têm sido afastadas pelas forças de subducção.
Mas, espere - se a única força importante na tectónica de placas é o arraste gravitacional das lascas que estão em processo de subducção, por que então a Pangéia fragmentou-se e o Oceano Atlântico foi formado? A única porção da litosfera em subducção que actualmente está fixada às placas Norte e Sul-americana é encontrada nos pequenos arcos de ilhas que limitam os mares do Caribe e de Scotia, os quais são considerados muito fracos para abrir o Atlântico. Uma possibilidade é a de que as placas cavalgantes, como as que estão em subducção, sejam puxadas em direcção aos seus limites convergentes. Por exemplo, à medida que a Placa de Nazca é consumida sob a América do Sul, ela pode fazer com que o limite de placas ao longo da fossa Peru-Chile regrida em direcção ao Pacífico, "sugando" a Placa Sul-Americana para oeste.
Uma outra possibilidade é a de que a Pangéia comportou-se como um cobertor de isolamento, impedindo que o calor deixasse o manto da Terra (como geralmente o faz por meio do processo de expansão do assoalho oceânico). Esse calor presumivelmente acumulado através do tempo causaria a formação de protuberâncias quentes no manto sob o super continente. Essas protuberâncias soergueram a Pangéia (levemente) e foram responsáveis por sua deriva numa espécie de "escorregamento do solo" das suas porções situadas no topo. Essas forças gravitacionais continuaram a controlar a expansão do assoalho oceânico à medida que as placas deslizavam morro abaixo a partir das cristas da Dorsal Mesoatlântica. Os terramotos que algumas vezes ocorrem no interior das placas mostram evidências directas da compressão que elas sofrem por acção dessas forças de "empurrão" da dorsal mesoceânica.
Como você pode perceber a partir dessa breve discussão, as forças que controlam a tectónica de placas provavelmente envolvem diversos tipos de interacções. Todas são manifestações da convecção do manto, no sentido de que envolvem matéria aquecida que ascende em um local e matéria resfriada que afunda em outro. Embora muitas questões permaneçam abertas, podemos ter uma certeza razoável de que: 1) as placas exercem um papel activo nesse sistema e (2) as forças associadas com as lascas mergulhantes e as cristas elevadas são provavelmente os factores mais importantes para governar as taxas de movimento das placas. Os cientistas estão tentando resolver essa e outras questões levantadas nessa discussão por meio da comparação de observações com modelos computadorizados de detalhe do sistema de convecção mantélica.
5.2 - Qual é a profundidade em que a reciclagem de placas ocorre?
Para que a tectónica de placas funcione, o material litosférico que é consumido na zona de subducção deve ser reciclado no manto e, por fim, retomar à superfície à medida que a nova litosfera é criada ao longo dos centros de expansão das dorsais mesoceânicas. Qual a profundidade que esse processo de reciclagem alcança no manto? Ou seja, onde é o limite inferior do sistema de convecção do manto?
A maior profundidade que pode ser alcançada é de cerca de 2.900 km abaixo da superfície externa da Terra, onde um limite abrupto separa o manto do núcleo. O líquido rico em ferro abaixo desse limite núcleo-manto é muito mais denso que as rochas sólidas do manto, prevenindo qualquer intercâmbio significativo de material entre as duas camadas. Desse modo, podemos imaginar um sistema de convecção "total do manto" em que todo o material das placas circula por ele, atingindo o limite manto-núcleo.
Nos primórdios da teoria da tectónica de placas, no entanto, muitos cientistas estavam convencidos de que a reciclagem das placas ocorria nos níveis menos profundo do manto. A evidência é fornecida pelos terramotos de foco profundo que marcam o consumo de placas litosféricas em zonas de subducção. A profundidade máxima desses terramotos é variável de acordo com a zona de subducção, dependendo de quão fria estão as porções mergulhantes da placa, mas os geólogos descobriram que nenhum terramoto estava ocorrendo abaixo de aproximadamente 700 km. Mais ainda, as propriedades dos terramotos nessas grandes profundidades indicaram que as lascas mergulhantes estavam encontrando material mais rígido que diminuía e, talvez, até bloqueava a progressão da descida.
Com base nessas e em outras evidências, os cientistas concluíram que a convecção pode ser dividida em duas camadas: um sistema do manto superior nos primeiros 700 km de profundidade, onde a reciclagem da litosfera ocorre, e um sistema do manto inferior, de 700 km de profundidade até o limite núcleo-manto, onde a convecção é muito mais lenta. De acordo com essa hipótese, chamada de "convecção estratificada", a separação entre os dois sistemas mantém-se porque o sistema superior é constituído de rochas mais leves que as do inferior e, assim, flutua no topo, da mesma maneira que o manto flutua no núcleo.
A maneira de testar essas duas hipóteses em competição é procurar por "cemitérios litosféricos" abaixo das zonas convergentes, onde placas antigas mergulharam em subducção. A litosfera antiga consumida é mais fria que o manto circundante e, desse modo, pode ser "percebida" com o uso de ondas sísmicas produzidas por terramoto (do mesmo modo que os médicos usam onda de ultra-som para examinar nosso corpo). Além disso, deveria haver muitas delas lá em baixo. A partir do conhecimento do movimento das placas no passado, podemos estimar que, apenas desde a fragmentação da Pangéia, a litosfera reciclada de volta para o manto totaliza uma área equivalente à da superfície terrestre. Certamente, os cientistas encontraram regiões de material mais frio no manto profundo sob as Américas do Norte e do Sul, o Leste da Ásia e outros sítios adjacentes aos limites de colisão de placas. Essas zonas ocorrem como extensões de lascas litosféricas descendentes e algumas parecem ir até profundidades tão grandes quanto o limite núcleo-manto. A partir dessa evidência, a maioria dos cientistas concluiu que a reciclagem das placas ocorre por meio de convecção que afecta o manto inteiro, mais do que convecção estratificada.
5.3 - Qual é a natureza das correntes de convecção ascendentes?
A convecção do manto implica que aquilo que desce deve subir. Os cientistas aprenderam muito a respeito das correntes de convecção descendentes porque elas são marcadas por estreitas zonas de litosfera fria mergulhante que pode ser detectada por ondas de terramoto. E o que se poderia dizer sobre as correntes de convecção ascendentes de material do manto necessárias para equilibrar a subducção? Existem zonas de ascensão de material mantélico em forma de camadas directamente abaixo das dorsais mesoceânicas? A maioria dos cientistas que estudam o assunto pensa que não. Em vez disso, acredita que as correntes ascendentes são mais lentas e espalhadas sob regiões mais largas. Essa visão é consistente com a ideia, discutida antes, de que a expansão do assoalho oceânico é um processo mais passivo: praticamente em qualquer lugar onde você afastar as placas, vai ser gerado um centro de expansão.
Existe, no entanto, uma grande excepção: um tipo de corrente ascendente em forma de jacto, chamado de pluma do manto. A melhor evidência para as plumas do manto vem de regiões de vulcanismo intenso e localizado (chamadas de pontos quentes), como o Havai, onde enormes vulcões estão sendo formados no meio de placas, distantes de qualquer centro de expansão. As plumas são entendidas como cilindros finos, de menos de 100 km de diâmetro, de material que ascende rapidamente, a partir do manto profundo, talvez formado em regiões muito quentes próximas do limite núcleo-manto. As plumas do manto são tão intensas que podem literalmente formar buracos nas placas e extravasar grandes volumes de lava. As plumas podem ser responsáveis pelos maciços derrames de lava - com milhões de quilómetros cúbicos - encontrados em lugares como a Sibéria e o Planalto Colúmbia, no leste de Washington e Oregon (EUA). Alguns desses "derrames" de lavas foram tão grandes e ocorreram tão rapidamente que podem ter mudado o clima da Terra e aniquilado muitas formas de vida em eventos de extinção em massa.
A hipótese da pluma foi primeiramente proposta por um dos fundadores da tectónica de placas, W. Jason Morgan, da Universidade de Princeton, em 1970, logo após o estabelecimento dessa teoria. Como outros aspectos do sistema de convecção do manto, no entanto, as observações sobre as correntes de convecção ascendentes são indirectas e a hipótese das plumas permanece bastante controvertida
Conclusões

No contexto do método científico, a tectónica de placas não é um dogma, mas uma teoria confirmada, cuja força reside em sua simplicidade, generalidade e consistência com muitos tipos de observações. As teorias podem ser sempre revertidas ou modificadas. Como vimos anteriormente, várias hipóteses competidoras têm sido desenvolvidas acerca do modo como a convecção gera a tectónica de placas. Mas a teoria da tectónica de placas - como as teorias da idade da Terra, da evolução da vida e da genética - explica muito e tão bem, que tem sobrevivido a muitos esforços para falseá-la, de modo que os geólogos a tratam como facto.
A pergunta que permanece é: por que a tectónica de placas não foi descoberta mais cedo? Por que a comunidade científica demorou tanto para mudar do cepticismo a respeito da deriva continental para a aceitação da teoria da tectónica de placas? Os cientistas trabalham com diferentes estilos. Suas mentes particularmente inquiridoras, desinibidas e sintetizantes fazem com que, frequentemente, sejam os primeiros a perceber as grandes verdades. Embora sua percepção comummente possa mostrar-se falsa (pense nos erros que Wegener cometeu na proposição da deriva continental), esses visionários, na maioria das vezes, são os primeiros a enxergar as grandes generalizações da ciência. Merecidamente, eles são os de que a história se lembra.
A maioria dos cientistas, no entanto, procede mais cautelosamente e espera um lento processo de colecta de evidências que dêem suporte à teoria. A deriva continental e a expansão do assoalho oceânico foram lentamente aceitas porque as ideias audaciosas foram apresentadas muito antes das firmes evidências. Os oceanos tiveram de ser explorados, novos instrumentos precisaram ser desenvolvidos e utilizados e foi necessário que o mar profundo fosse perfurado para ver o que existia lá antes que a maioria deles pudesse ser convencida. Hoje, muitos cientistas ainda estão esperando ser convencidos das ideias a respeito de como o sistema de convecção realmente funciona
Bibliografia

- Press, Frank; Sieber, Raymond; Grotzinger, John e Jordan, Thomas H. (2004), Para Entender a Terra, 4.ª edição.
- Monteiro, Antonieta; Gouveia, João e Costa, Rui Albite ( 1992 ), Terceiro Planeta – Ciências Naturais – 7.º ano de escolaridade, Edições Contraponto, Porto.
- Silva, Amparo Dias da; Gramaxo, Fernanda; Santos, Maria Ermelinda; Mesquita, Almira Fernandes; Baldaia, Ludovina e Félix, José Mário (2010), Geologia – 11.ª Classe, Porto Editora, Portugal.

domingo, 1 de maio de 2011

HIGIENE E SAÚDE ESCOLAR

INTRODUÇÃO

A formação que se pretende multifacética para os angolanos exige uma série de esforço a todas as pessoas e da sociedade em geral.
A disciplina de higiene e saúde escolar é mais uma que vem juntar-se a tantas outras no enriquecimento dos saberes dos estudantes. O homem não será só aquilo que sabe, mais o conjunto do que sabe, o sabe ser e o que sabe fazer em prol de si, dos seus e da sociedade, ou seja em prol dos outros.
Assim sendo, será importante conhecer as matérias ligadas a esta disciplina, mas, o mais importante ainda será leva-las ao conhecimento dos alunos e destes para a sociedade passando pela família.
Em conformidade com a carta de Otawa para a promoção da saúde em que se afirma que, a saúde é concebida e vivida pela as pessoas em todos os quadrantes da vida: nos locais onde se aprende, se trabalha e se ama. Por outro lado ela deve ser também concebida como o cuidado que se dispensa a si e ao outros, como o ser capaz de tomar decisões e controlar-se nas circunstancias de vida, como o assegurar que a sociedade, crie condições que permitam a aquisição da saúde por todos os seus membros.
Assim é que a saúde deve ser muito mais do que a ausência de doença, é querermos ser saudáveis e sabermos como nos mantermos sãos promovendo individual e colectivamente a conservação do bem-estar fazendo uso dos recursos disponíveis.
Defende-la é esforçarmo-nos na implementação das modificações que se acharem pertinentes e inadiáveis, colaborando activamente no estabelecimento de politicas ou pondo-as em pratica.
A escola em conjunto com a rádio, televisão e outros meios de difusão massiva devem desempenhar um papel indispensável na educação das pessoas, promovendo o saber, saber ser e saber fazer em autonomia e cooperação com os seus semelhantes. Por isso, deve conjugar esforços e saberes, desenvolvendo uma educação para a vida.

OBJECTIVOS DA DISCIPLINA

Com esta disciplina pretende-se que o estudante seja capaz de:
 Reconhecer a necessidade da auto estima e de respeito pelas diversas realidades humanas;
 Desenvolver o sentido de responsabilidades face à saúde individual, familiar e da comunidade;
 Identificar factores que influenciem os processos de um desenvolvimento harmonioso e saudável do ser humano;
 Analisar os principais indicadores de saúde na comunidade em que se insere: escola, bairro, comuna, município, província ou pais, com as razões que os determinam;
 Analisar de forma autónoma e responsável as decisões sobre saúde individual, familiar e colectiva;
 Promover a adopção de atitudes e valores que fomentem a saúde;
 Intervir como agente promotor do bem-estar individual e colectivo realizando projectos de promoção de educação para a saúde, utilizando técnicas eficazes de interacção com a comunidade: escolar, rural, urbana ou suburbana que sejam estimuladoras de decisões responsáveis sobre saúde;
 Motivar as crianças sob sua responsabilidade para adoptarem comportamentos de acordo com as regras básicas em matéria de higiene e saúde para através delas atingir crianças fora do sistema escolar, a família e desta a comunidade;
 Dominar técnicas de comunicação como: material escrito (Script), áudio, vídeo e audiovisuais.

UNIDADE Nº 1 – VIVER COM SAÚDE

1 EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE E DOENÇA
1.1- BINÓMIO SAÚDE – DOENÇA

Ter saúde não significa apenas ausência de doença. Para que uma pessoa tenha saúde, deve não só estar livre de doença, mas precisa de estar bem física e mentalmente, ser útil a si próprio, aos seus semelhantes e a sociedade onde esta inserida.

A saúde é um direito fundamental de todo o ser humano sem distinção de raça, sexo, religião, credo político ou condição social.

Quando falamos de saúde, não queremos apenas dizer que as pessoas devem ir ao médico quando estão doentes. Tão importante como isso, é trabalharmos para termos saúde.

Para termos saúde, é necessário procurarmos utilizar boa água para o consumo; é comermos o melhor possível de acordo com os alimentos que estiverem disponíveis; é procurarmos ter uma casa confortável e limpa; é estudarmos, é trabalharmos, etc.

Para termos saúde, é necessário lutarmos contra determinadas doenças. Quando nos protegemos dos mosquitos, estamos a lutar contra o paludismo, se bebermos água fervida, estamos a combater as diarreias, se nos vacinarmos estamos a nos proteger de determinadas doenças, como: O sarampo, o tétano e outras, se lavarmos os dentes depois de comermos e antes de dormir, estamos a evitar as doenças da boca e dentes.

Os povos primitivos atribuem a razão da saúde ou a presença de doença a desejos divinos. Os responsáveis em auxiliar esses povos nessa situação – percursores dos médicos actuais – oravam e faziam sacrifícios aos Deuses no intuito de atende-los e proteger seus doentes dos males que os afligiam.

Mas tarde, reconheceu-se a razão do aparecimento da doença, ou seja, a ausência da saúde, em virtude de situações ambientais, particularmente em relação ao ar, ate que, os primeiros estudos apontam organismos microscópicos como causadores dos males.

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (O.M.S) considera a SAÚDE como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecção ou doença.

Em resumo, qualquer que seja o conceito de saúde entre os actualmente considerados, é possível compreender-se que a saúde é o produto de dois factores dos quais depende: dos genéticos e dos ambientais, tanto referente ao meio físico-geográfico como ao contexto sócio-cultural.

A noção de DOENÇA pode ser concebida como um desajustamento ecológico, psicológico, social ou como uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo e de uma falta de reacção aos estímulos aos quais ele é exposto. O processo chega a uma perturbação de morfologia e/ou das funções orgânicas que obriga o doente a modificar o seu modo de vida normal por causa da incapacidade parcial ou total.


1.2- CONCEITO ECOLÓGICO DE DOENÇA

É o rompimento do equilíbrio existente entre o homem e o meio, de modo que, este agride o homem e ele não é capaz de responder adequadamente.

2- PRINCÍPIOS QUE CONSERVAM A SAÚDE

A saúde do povo assenta sobre os seguintes princípios:

I. A saúde da população é responsabilidade do estado;
II. Os serviços de saúde estarão ao alcance de toda a população;
III. A comunidade deve participar activamente nos programas de saúde;
IV. Os serviços de saúde têm um carácter integral preventivo-curativo.


2.1- FUNÇÕES DA SAÚDE PÚBLICA

Para tornar realidade os conceitos anteriormente expostos traçam-se três funções à saúde pública:

a. Promoção e fomento da saúde: equivale criar as condições propícias e desenvolver actividades destinadas a favorecer a saúde individual e colectiva.
Ex: atenção à mãe e a criança, higiene mental, higiene geral, nutrição e educação sanitária.

b. Prevenção e protecção da saúde: desenvolve-se mediante aplicações de procedimento e recursos específicos, para proteger o indivíduo e a colectividade do ataque das enfermidades.
Ex: vacinação, controlo da água potável, controlo de insectos, roedores e lixos, controlo de enfermidade.

c. Função reparação ou recuperação da saúde: é o conjunto de acções encaminhadas a reparar ou restabelecer a saúde do indivíduo enfermo.
Ex: cuidados médicos ao enfermo, cuidados estomatológicos, protecção a velhice desvalida, reabilitação, fornecimento de medicamentos.

3- ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE
3.1- CONCEITO DE ESCOLA PROMOTORA DE SAÚDE

Promover a saúde na escola constitui uma forma privilegiada de promover a saúde na comunidade. Cabe, assim, aos serviços de saúde participar, através de trabalho regular e contínuo junto das escolas, fornecendo os contributos solicitados pela escola em função das necessidades da população escolar e dos programas e projectos dos centros de saúde dirigidos à comunidade.

O conceito de escola promotora de saúde, proposto pela O.M.S, assenta em três vertentes fundamentais:

 A existência de um currículo de educação para a saúde, devera ter em conta os grandes problemas de saúde e desenvolver diversas áreas como sejam: higiene pessoal e social, alimentação saudável, abastecimento de água potável, segurança e prevenção de acidentes, exercícios físicos e repouso, entre outras.
 Ambiente escolar saudável e seguro, em termos de espaços e equipamentos que devera estar em concordância com o que é aprendido nas aulas, facilitando assim a tomada de decisões saudáveis.
 Dinâmica escola – meio, através de um trabalho conjunto envolvendo pais e familiares, as equipas de saúde escolar e outras estruturas da comunidade consideradas pertinentes que, em articulação com a escola, deverão assumir um papel activo e interveniente na defesa e promoção da saúde dentro da escola e na comunidade onde a escola se situa.

Estas três vertentes – curriculum escolar, ambiente escolar e interacção escola/família/meio – constituem os pilares em que a escola promotora de saúde assenta.

3.2- OBJECTIVOS E FINALIDADES DA ESCOLA PROMOTORA DA SAÚDE.

 Proporcionar espaços e equipamentos limpos, seguros e atraentes.
 Dispor de medidas claras em relação a assuntos de saúde como por exemplo: higiene, vacinas, pratica desportiva, etc.
 Estimular a participação dos alunos na definição dos programas e medidas da escola relacionadas com a saúde.
 Proporcionar um ambiente estimulante e saudável para todos os que nela trabalham.
 Envolver as famílias dos alunos como parceiros na vida da escola.
 Procurar estabelecer relações entre o que é ensinado na escola e o dia-a-dia de casa e da escola.
 Dispor de professores que se assumam como modelos em termos de hábitos saudáveis.

3.3- MÉTODOS E ESTRATÉGIAS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

Promover a saúde na escola ou contribuir para a construção de uma escola promotora de saúde implica, a participação activa de diversos intervenientes.

Assim, só é possível promover a saúde na escola e na comunidade com processos de trabalho assentes numa saudável cooperação interdisciplinar que envolvem, não só a comunidade escolar, como a restante comunidade onde a escolar se situa.

4- RECURSOS NA PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ESCOLA
4.1- O PAPEL DO PROFESSOR NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

É, deveras diversificado, o papel do professor na promoção da saúde; em geral compete-lhe:
 Tomar conhecimento dos interesses e necessidades dos alunos e das dificuldades próprias do meio em que vivem.
 Prestar a necessária atenção ao aluno de forma a detectar precocemente as eventuais deficiências físicas, motoras, sensoriais ou psíquicas e, bem assim os desvios do seu comportamento.
 Aproveitar os períodos de intervalos para a prática de hábitos de higiene individual e de convivência que possam espontaneamente constituir padrão e exemplo para o aluno.
 Verificar e estudar as causas de atitudes viciosas que tomaram os alunos na carteira.
 Prestar socorros de urgência nos casos de acidentes ou doenças de emergência que estejam dentro da sua competência e possibilidade.
 Promover a participação dos alunos em todos as actividades relacionadas com a saúde, datas comemorativas relativas a saúde e ao meio ambiente tanto na escola como na comunidade.

4.2- TÉCNICAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS DE VISÃO, AUDIÇÃO E DE POSTURA.

O professor deve fazer uma observação diária aos alunos, embora de modo informal, com objectivo de:

1. Reconhecer a tempo os sinais e sintomas das deficiências que o aluno apresenta;
2. Inserir os alunos com deficiências no ambiente escolar e da comunidade de modo a não se sentirem inválidos.

As crianças devem ser observadas, não só quando trabalham, mas também quando brincam, estão sós ou em grupo, se for possível devem ser também observadas no seu ambiente familiar.

Os professores nunca devem diagnosticar, nem tomar decisões sobre a doença da criança, defeito físico ou desajustamento emocionais dos alunos. A sua intervenção limitar-se-á a observar quais os alunos que não estão em boas condições físicas ou emocionais; em caso de fraca visão ou audição acomoda-los nas carteiras de frente.

Actividade

Questão para responder:

1- Debruça-te sobre o absentismo e o baixo aproveitamento escolar como consequência de uma deficiente saúde.



UNIDADE Nº 2 – VIGILÂNCIA E SAÚDE

1- HIGIENE E SANEAMENTO
1.2 - CONCEITOS

Higiene – é um ramo das ciências médicas que tem por objectivo o estudo das doenças, ou seja, criar e manter as condições óptimas para a vida do homem ao estudar a sua relação com o meio em que ele vive.

Saneamento – é um conjunto de medidas tomadas por elementos da comunidade, visando a modificação das condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir as doenças e promover a saúde.

1.3- RAMOS MAIS IMPORTANTES DA HIGIENE

 Higiene Urbana e rural – tem por objectivo o controlo dos elementos do ambiente físico em que vive o homem e que podem afectar a sua saúde.

 Higiene dos Alimentos – estabelece regras para obter uma alimentação sã e nutritiva.

 Higiene do trabalho – tem como finalidade promover nos centros de trabalho, as condições óptimas que garantam a saúde dos trabalhadores.

 Higiene Escolar – tem como objectivo, promover e fomentar a saúde dos escolares e dos trabalhadores do centro de ensino, bem como controlar o estado sanitário dos locais de ensino e dos matérias que se empregam, assim como a planificação das actividades docentes.

 Higiene Mental – procura o perfeito desenvolvimento e funcionamento psíquico do indivíduo e da comunidade, afim de se conseguir um adequado equilíbrio mental e uma melhor adaptação social.

 Higiene Materno-infantil – estabelece as medidas que se devem praticar para melhorar as condições de saúde da gestante e prevenir doenças na futura criança.

1.4- IMPORTÂNCIA DA HIGIENE
Reside no facto de que através da higiene há possibilidade de se eliminar um grande número de microrganismos causadores de doença, ditando regras para se vencer os maus hábitos e costumes relativos a uma higiene deficiente, mantendo assim uma boa saúde individual e colectiva.
Para obter uma óptima saúde, devemos vencer, os hábitos e maus costumes que a prejudicam. Da íntima relação há entre a higiene e a saúde podemos evidenciar a enorme importância que a higiene possui. A prática de normas sanitárias tornam o indivíduo mais são e beneficiam também a comunidade.

1.5- CLASSIFICAÇÃO DA HIGIENE

A higiene pode ser: pessoal (individual) e colectiva.

 Higiene pessoal – é o conjunto de hábitos que os indivíduos praticam em relação a si próprio, com a finalidade de evitar doenças. Ela compreende diferentes acções, tais como: o banho, a lavagem correcta das mãos, da boca e dos dentes, o asseio do vestuário, calçados e outros.

 Higiene Colectiva – trata da conduta sanitária do homem em relação a sociedade e ao meio em que vive, como por ex.: não deitar o lixo na rua, não cuspir no chão, urinar ou defecar ao ar livre, não ter animais em zonas urbanas, cooperar com o Ministério da Saúde e outros organismos para manter o saneamento do ambiente, tais como: as campanhas de vacinação, a luta contra as moscas e mosquitos, a drenagem das águas, a colheita do lixo e outros.




2 - MEDIDAS HIGIÉNICAS E DE SANEAMENTO
Controlo da água, controlo do lixo, controlo dos vectores, controlo de moradias e locais, controlo da contaminação atmosférica, controlo dos ruídos, controlo da ventilação e iluminação, controlo dos alimentos, etc.

2.1- CONTROLO: DE VECTORES OU AGENTES CAUSADORES DE DOENÇA

Os animais domésticos constituem uma fonte de alimento e as doenças que podem transmitir ao homem denominam-se zoonoses.

Os vectores transportadores de agentes etiológicos podem ser: Mecânicos e Biológicos.

 Mecânicos – transportam o agente etiológico nas asas, patas, pelos, etc. Ex: moscas, ratos, barata, etc.

 Biológicos – aqueles no interior das quais o agente etiológico realiza parte do seu ciclo de vida. Ex: mosquito, mosca tsé-tsé, caracol, entre outros.

Medidas de controlo de vectores: educação sanitária, controlo do lixo, controlo dos excreto, uso de insecticidas, protecção com mosquiteiro, protecção dos alimentos, limpeza da habitação e arredores, eliminação das águas estagnadas, uso de armadilhas.

2.2- CONTROLO DO AMBIENTE. CONCEITO.

Ambiente é tudo que existe fora do organismo vivo e o rodeia, estabelecendo uma interacção entre ambos.

As diferentes classes do ambiente são:
1. Factores físicos – ar, água, terra, luz, temperatura, radiação, ruídos, atitudes, resíduos, instrumentos, etc.
2. Factores biológicos – plantas e animais.
3. Factores sociais e culturais – educação, economia, tecnologia, organizações politicas e sociais, ciências, crenças, artes, etc.

2.3- O AR
É uma das necessidades vitais para o ser humano, ele actua, quer envolvendo o homem, quer atingindo como elemento de ligação de homem para homem e de homem para animal.

2.4- O LIXO
É o conjunto de resíduos, resultantes da actividade humana.
Constitui principalmente um problema estético e comunitário de grande importância, tendo em conta as consequências que podem advir do seu mau condicionamento e tratamento.

Constituição do lixo: restos de comida, resíduos industrial (papel, couro, borrachas, metais, etc.), cinzas, sujidade do varrer das ruas, esterco.

O material orgânico do lixo possibilita a criação de moscas e ratos.

Os resíduos industriais possibilitam a criação de mosquitos, assim como ninhos e protecção para os roedores.

Medidas para o controlo do lixo:
1. Uso de depósitos metálicos ou outros com tampas colocadas em lugares de difícil acesso e que estejam protegidos dos animais domésticos.
2. Recolha periódica com veículos apropriados.
3. Concentração do lixo em valas construídas em terrenos apropriado tapando-o com terra.
4. Incineração ou queima do lixo.

Questões para responder.
1. Como confeccionar, controlar, tratar e conservar os alimentos?
2. Dê o conceito de alimento.

3. HIGIENE DA HABITAÇÃO
O chão da nossa casa deve estar sempre limpo, varrido e devemos deixar sempre algumas janelas abertas para entrar o ar fresco.
Não devemos cuspir ou escarrar no chão, porque a saliva ou o escarro podem transmitir muitas doenças. A casa deve ser limpa todos os dias, o chão deve ser lavado todos os dias e as paredes sempre que estejam sujas.
O quintal da nossa casa deve também estar sempre limpo. Não se deve deixar os animais adarem à solta no quintal. Deve-se arranjar um lugar no quintal para as crianças brincarem. Este lugar deve estar sempre muito limpo e não se podem lá os animais. Todos os charcos devem ser tapados com terra ou fazer uma vala para escorrer a água. Todos os dias, deve-se juntar o lixo do quintal num balde e depois deitá-lo no contentor ou enterrá-lo ou se possível queimá-lo.
É preciso arrumar bem a alimentação num armário ou noutro local fechado por causa dos ratos, moscas e outros insetos. A cozinha deve estar sempre limpa e arrumada com os reservatórios de água para beber e cozinhar bem tapados, para anão cair sujidade dentro da água.
3.1. A ÁGUA: ABASTECIMENTO, UTILIDADE DOMESTICA, PÚBLICA, INDUSTRIAL, AGRICOLA E PECUARIA
A água é como o ar, o produto natural mais importante à vida do homem. Privado de água, o homem não pode sobreviver mais do que algumas horas ou poucos dias. A sua importância para a vida dos indivíduos é semelhante a que tem para o progresso, comodidade e segurança das sociedades humanas.
O abastecimento da água - tem por fim por a disposição dos indivíduos e da comunidade nas condições mais satisfatórias de higiene, a água que precisam utilizar para fins pessoas e coletivos. Para se ter água de qualidade, devemos manter os reservatórios, fontes e chafarizes em devido funcionamento e devem estar bem limpos.
Utilidade domestica – a água é utilizada como bebida, para cozinha, higiene pessoal, lavagens diversas na habitação, irrigação de jardins e pequenas hortas, correção de animais domésticos, etc. A água é importante para a higiene pessoal.
Utilidade publica – A água é utilizada na irrigação de parques e jardins públicos, lavagem de ruas e demais locais públicos, fontes ornamentais e chafarizes, escolares, hospitais, prédios, piscinas, combate a incêndios, etc.
Utilidade industrial – nas indústrias a água é utilizada como matéria prima (metalurgia); indústrias onde a água é usada para a refrigeração (refrigeração, gelo, etc.); Indústrias onde a água é utilizada para lavagem (matadouro, papel, tecido).
Utilidade agrícola e pecuária – a água é utilizada na irrigação, lavagem de instalações, maquinarias e utensílios, bebidas de animais, etc.
3.2. A ÁGUA NA HIGIENE PESSOAL
A água é essencial para a vida à superfície da terra. A vida vegetal e animal dependem fundamentalmente da água. Nos climas quentes, como o nosso, é necessário o banho diário e por vezes, é preciso banhar mais de uma vez por dia. A água só, não limpa apele. Por isso devemos usar o sabão e alguma escova, toalha ou esponja, a fim de eliminarmos por completo a sujidade.
3.3. DOENÇAS TRANSMITIDAS POR INTERMEDIO DA ÁGUA E COMO EVITA-LAS
Mesmo que a água seja clara, sem cheiro e de sabor agradável, ela pode ter micróbios que quando ingeridos podem causar doenças. Quando bebemos água que não é pura e nem é tratada podemos apanhar doenças como: hepatite, cólera e outras diarréias, febre tifóide, poliomielite ou paralisia infantil, vermes intestinais (lombrigas). Para alem destas doenças, podemos também apanhar outras doenças que são transmitidas por insetos e parasitas que vivem dentro ou próximo da água, como: paludismo ou malária, febre amarela, doença do sono, bilharziose, etc.
Para evitar essas doenças, a água deve ser transportada e guardada em vasilhas limpas e tapadas para que nela não entre poeiras e mosquitos. A água para toda a família beber e, principalmente, a que se dá a criança deve ser fervida ou desinfetada com lixívia.
A água potável, higiene individual e coletiva contribuem para o melhoramento do estado de saúde dos indivíduos, das famílias e da comunidade
3.4. ELIMINAÇÃO DOS RESIDUOS HUMANOS: FEZES E URINA
Não devemos urinar, defecar nem deitar lixo ao ar livre. A construção de latrinas e aterros sanitários deve ser tarefa da comunidade para a eliminação dos resíduos humanos.
3.5. CONSTRUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE LATRINAS
Quando não se tem casa de banho em casa, deve ser construída uma latrina, isto é, um buraco onde possamos urinar e defecar. As fezes e a urina que ficam na latrina passam através da terra e podem contaminar as águas subterrâneas. Para evitar que os micróbios das fezes contaminem a água de beber, o buraco deve ser feito a 20 metros de distancias de todas as casas e de todos os locais onde se retira água (poços, fontes, rios, etc.). O fundo da latrina deve ficar 2 metros mais alto do que a altura da água quando cavamos o buraco. Neste caso, não devemos fazer a latrina nesse lugar, porque contaminamos a água dos poços à volta.
As latrinas que nunca enchem é porque as fezes estão a cair na água. Isto é muito perigoso. Uma latrina assim não pode ser usada. Faça outra latrina.
Outros cuidados a ter com a latrina:
 Mantenha-a sempre tapada para evitar o mau cheiro e que as moscas entrem e transportem micróbios que provocam doenças;
 Faça um cerco à volta da latrina para manter protegida dos animais;
 Mantenha o interior da latrina e os arredores sempre limpos;
 Deite água no buraco,
 Evitar deitar creolina ou outro desinfetante no buraco, pois isso prejudica a depuração natural das fezes;
 Para evitar o mau cheiro, coloque de vez em quando óleo queimado (Óleo usado de automóveis), terra ou cinza no buraco.
4. CONTROLO DOS ANIMAIS
4.1. DOENÇAS TRANSMITIDAS PELOS ANIMAIS DOMESTICOS: CÃO, GATO, PAPAGAIO, PERIQUITOS E PASSAROS
Os animais são transmissores de doenças e no caso de cães e gatos eles podem transmitir a Toxocaríase e a Toxoplasmose; pássaros, periquitos e papagaios podem transmitir a Psitacose.
A Toxocaríase, doença causada pelo Toxocara canis e é um dos mais comuns vermes intestinais encontrados em cães e o Toxocara cati o é em gatos. A contaminação pode atingir residências, escolas e creches em que crianças tenham contato direto com o solo contaminado com fezes de cães e gatos parasitados. Provoca a Síndrome da Larva Migrans Visceral ou Ocular.
A visceral caracteriza-se por febre, alterações pulmonares, palidez e edemas, entre outros sintomas.
A ocular pela presença de larvas ou restos larvários no globo ocular, normalmente com envolvimento unilateral. A lesão mais comum encontrada é a endoftalmia crônica, correspondendo à metade dos casos. Pode ainda ocorrer acometimento da coróide, vítreo e retina e, em alguns casos mais severos, resultar em perda da visão.
4.2. Prevenção e controlo das doenças
A prevenção consiste em limpar as áreas onde as crianças brincam ou engatinham controlar as infecções dos gatos e cães; não deixar o cão ou gato defecar em locais onde podem brincar crianças; limpar regularmente a caixa de areia do gato.
A Toxoplasmose é uma doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Ocorre em animais de estimação: cães, gatos. A contaminação é possibilitada quando uma criança ou adulto mexe com os dedos em material contaminado com fezes do cão ou gato, e depois os leva à boca. As mulheres grávidas devem evitar o contato com fezes de gatos, pois estas podem conter oocistos e a contaminação na mãe pode causar má-formação no fecto.
No caso dos gatos, lavar as caixas com água fervente frequentemente, e nunca tocar com as mãos sem luvas. Alimentar os gatos com comida enlatada, ração, água fervida ou filtrada, não lhes permitir caçar animais selvagens também reduz o risco e nunca alimentá-los com carne crua ou mal passada. No caso de cães lave com material desinfetante o local onde o cão defeca e/ou circula, diariamente. Principalmente se tiver crianças engatinhando em sua casa.
A Psitacose é uma doença infecciosa causada por bactérias que infectam papagaios, araras e periquitos. A via respiratória constitui a porta de entrada da bactéria a qual é aspirada com poeiras provenientes das gaiolas. A doença em crianças assume a forma de broncopneumonia, além de comprometer os aparelhos digestivos e vasculares.
Se estiver grávida ou a qualquer sinal de doença que precise levar seu filho ao Pediatra, informe sempre que tem animais em casa, para que um diagnóstico diferencial possa ser estabelecido com a precisão necessária.
Aproveite com muita alegria deste convívio, tão saudável emocionalmente, com segurança, sem colocar um mínimo de risco à integridade física e à saúde sua e dos seus filhos. A sensação de fidelidade e do amor incondicional que se vivencia compartilhando o ambiente familiar com animais de estimação percorrerá toda a infância e, na idade adulta será sempre uma lembrança onde o afeto predominou por todo o tempo em que o convívio existiu!


5. HIGIENE DO AMBIENTE ESCOLAR
5.1- CONCEITO, IMPORTANCIA E CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: MATERIAIS, LOCALIZAÇAO E ORIENTAÇAO NO ESPAÇO.
Ambiente escolar é o conjunto de factores que rodeiam o aluno, tais como o edifício, sua localização, o redor, mobiliário, meios de ensino, latrinas ou WC, fontes de água, luz, ar, cor das paredes, condições do quadro, etc, que influencia na saúde e no aproveitamento.

IMPORTANCIA DO AMBIENTE ESCOLAR
Garante as condições óptimas de limpeza e saneamento e condições adequadas para conservar a saúde dos alunos e trabalhadores da escola e obter assim um maior aproveitamento docente educativo

CARACTERISTICAS CONSTRUTIVAS: MATERIAIS, LOCALIZAÇAO E ORIENTAÇAO NO ESPAÇO.
O edifício escolar deve ser construído, possuindo as seguintes características:
• O material deve ser solido, firme, incombustível, impermeável e que seja mau condutor de calor, da eletricidade e do som;
• O piso (chão) deve ser construído com material impermeável e polido que permite a sua fácil limpeza;
• As escadas devem ter larguras em 1 e 2,5 metros. Não devem possuir mais degraus não polidos, com corrimãos com 75 a 100 cm de altura;
• O telhado deve ser resistente, impermeável e refratário ao calor. Deve ter certa inclinação que evitara a estagnação da água e as infiltrações;
• As janelas devem garantir uma maior e melhor ventilação;
• As cores das superfícies não devem ter muito brilho, pois afecta as vistas. Devem ser claras (branco, azul, verde…).

O terreno escolar deve:
• Assegurar uma ventilação correcta e renovação adequada do volume do ar;
• Possuir uma rápida evacuação das águas flúvias evitando o seu estagnamento;
• Situar-se no centro da localidade;
• Ficar protegida do fumo, outros gases, ruídos, etc.;
• Encontrar-se afastada de cemitérios, hospitais, lixeiras ou de qualquer outra fonte de contaminação que pode afectar a saúde dos escolares e dos trabalhadores do centro escolar;
• A distância mínima entre o edifício escolar e a rua deve ser de 5 metros. Esta mesma distancia deve separá-las das outras construções vizinhas.

O edifício escolar deve ser construído de forma que a esquerda dos alunos fique ao norte ou nordeste assim como as janelas mais compridas, para evitar a luz directa do sol.
Para o sul colocar-se-ão as janelas mais pequenas na parte mais elevada da parede, pois, deve conscidir com a posição dos corredores.

5.2- A SALA DE AULA: VENTILAÇAO, ILUMINAÇAO, MOBILIARIO, LIMPEZA, EMBELEZAMENTO E MANUTENÇAO.
Iluminação: colocação das janelas para garantir a iluminação natural e de lâmpadas fluorescentes em quantidade conforme as dimensões da sala;
Ventilação: garantida pela correcta orientação e situação do edifício escolar e da quantidade e disposição das janelas.;
Mobiliário: conforme a idade para evitar posturas incorretas.
Cromatismo: as cores das paredes devem ser claras e sem brilho. O quadro deve ser preto, branco ou verde, também sem brilho;
Limpeza, embelezamento e manutenção.
O piso, o tecto, paredes, mobiliário, etc, tem que manterem-se nas melhores condições, planificando-se a sua reparação quando for preciso e conservar a limpeza e embelezamento quer no interior como no exterior com a participação activa dos alunos e professores.
As escolas necessitam de suficiente quantidade de água e em adequadas condições sanitárias, pelo que o controlo da potabilidade vida mesma deve ser verificada periodicamente. É destinada para:
• Manter a higiene geral e asseio pessoal. Deve-se utilizar detergentes na limpeza da escola,
• Beber e regar os jardins.

As cantinas e refeitórios devem ter boa ventilação e iluminação, as janelas com malhas finas para impedir a entrada de moscas e outros insetos. As paredes devem estar cobertas, a altura de 2 metros, de azulejos e os recipientes (contentores) para os resíduos devem possuir tampas.

6. A HIGIENE PESSOAL
6.1- CONCEITO DE HIGIENE PESSOAL
Higiene pessoal é um conjunto de hábito que o individuo pratica em relação a si próprio, com a finalidade de evitar doenças. Compreende diferentes acções, tais como: o banho, a lavagem correcta das mãos, a higiene da boca e dos dentes, o asseio do vestuário e outras.

6.3- CUIDADOS COM AS MÃOS
O homem necessita das mãos para alimentar-se e realizar diversas actividades (construir casa, utensílios, vestuários, escolas, hospitais, etc.). Através das suas próprias mãos se não forem devidamente curadas, o homem pode contrair doenças como a gastro-interite, a parasitose intestinal, e outras por contacto com objectos sujos e contaminados.
As mãos devem ser lavadas nas seguintes condições:
• Antes de ingerir qualquer alimento;
• Depois de defecar e urinar;
• Antes de manipularmos os alimentos;
• Depois de tocar nos objectos que possam estar contaminados;
• Depois de realizar trabalhos com terra, gorduras, restos de comida, tocar animais, etc.

6.4- DOENÇAS DA PELE: A SARNA E A TINHA
A SARNA
A sarna é uma doença da pele causada por um parasita (bichinho muito pequeno) que tem o nome de ácaro (fungo Elsinoe phaseoli).
Este parasita gosta de viver em lugares sujos. Só apanha sarna crianças e adultos com pouca higiene, isto é, as pessoas que não gostam de tomar banho e vestem roupa suja. Nestas pessoas o ácaro fura a pele, vai abrindo caminho debaixo dela e vai pondo os seus ovos. Quando o parasita esta parado, a pessoa não sente nada, quando a ela começa a andar surge a comichão e a pessoa coça.
A sarna causa pequenas borbulhas que dão muita comichão, rebentam e espalham-se. Podem aparecer no corpo todo, mas são mais comuns nos punhos cotovelos, nádegas, axilas, entre os dedos das mãos e pés, à volta do umbigo e órgãos genitais.

TINHA
A tinha é uma doença que passa com muita facilidade de uma pessoa para outra, principalmente nas crianças. Ela pode começar após um corte de cabelo ou arranhão na pele e é transmitida de por bichinhos muito pequenos chamados fungos. Quando estes fungos caiem no nosso cabelo, entram pela pele e arrancam-se com força à raiz dos nossos cabelos. O cabelo fica fraco, cai em alguns lugares da cabeça, em forma de círculo. Nesses lugares sem cabelo, podem aparecer escamas esbranquiçadas.
Os fungos não atacam apenas a cabeça. Podem atacar também a pele das restantes partes do corpo e as unhas que ficam escuras, mais grossas, partindo-se com facilidade.
Podemos apanhar esta doença quando entramos em contacto com uma pessoa que tenha esta doença.
Para evitar a tinha, devemos lavar muito o cabelo, o corpo e as mãos com agua e sabão. As unhas devem ser sempre cortadas para que a sujidade não entre nelas. É importante evitar utilizar objectos de outras pessoas tais como: pentes escovas, chapéus, sapatos, tesouras, etc.
Devemos de igual modo, brincar com animais que tenham alguma doença de pele ou do pêlo.
Quando tiver a tinha, deve recorrer imediatamente ao centro ou posto de saúde para ser tratado.
DOENÇAS DA PELE: DERMATITE CRÓNICA DAS MÃOS E DOS PÉS
A dermatite crónica das mãos e dos pés inclui um conjunto de perturbações em que as mãos e os pés se inflamam e se irritam com frequência.
A dermatite crónica das mãos dá-se em consequência de uma sucessão de trabalhos e de contactos com substâncias químicas. A dermatite crónica dos pés surge pelas condições de humidade e temperatura que as meias e os sapatos criam. A dermatite crónica pode fazer com que se sinta comichão ou dor na pele das mãos e dos pés.
A dermatite de contacto, um tipo de dermatite crónica das mãos, costuma dever-se a uma irritação causada por substâncias químicas (como os sabões) ou pelo uso de luvas de borracha.
O pomfolix, uma doença crónica que dá origem a bolhas que provocam comichão nas palmas das mãos e nos lados dos dedos, também pode aparecer nas plantas dos pés. As bolhas são escamosas, vermelhas e, além disso, exsudam. O pomfolix recebe por vezes o nome de disidrose, que significa «sudação anormal», mas a doença não tem nada a ver com o suor.
A infecção micótica é uma causa frequente de erupção nos pés, especialmente sob a forma de bolhas diminutas ou profundas erupções vermelhas. Em determinados casos, a pessoa que tem uma infecção micótica crónica nos pés desenvolve dermatite nas mãos devido a uma reacção alérgica ao fungo.
Tratamento
O tratamento da dermatite crónica depende da causa. Na maioria dos casos, o melhor tratamento consiste em eliminar a substância química que esteja a irritar a pele. Podem-se aplicar cremes com corticosteróides para tratar a inflamação. As infecções bacterianas que possam surgir nas úlceras abertas da pele tratam-se com antibióticos. Quando a causa dos sintomas é um fungo, usa-se um antimicótico.

6.5- CUIDADOS COM O CABELO
Como o resto do corpo, o cabelo deve ser lavado diariamente e traze-lo curto, principalmente para os homens. As mulheres, por o usarem mais comprido e não o poderem lava-lo diariamente, podem faze-lo uma ou duas vezes por semanas.
Ao lavar o cabelo, deve-se eliminar todo o rasto de sabonete com água limpa e a secagem deve ser cuidadosa.
O asseio e o escovar do cabelo e couro cabeludo evita a pediculose e outras doenças.
O escovar do coro cabeludo estimula a circulação e vitaliza a raiz do cabelo.

6.6- OS OLHOS E OS OUVIDOS
OUVIDO
O ouvido é um mecanismo de recepção de ondas sonoras e da sua transformação em impulsos nervosos. O ouvido é formado de três partes: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno

Ouvido externo:
O ouvido externo é formado pela orelha e pelo canal auditivo e o que separa o ouvido médio do externo é o tímpano.
A sua principal função é captar as vibrações de ar e transporta-las ao ouvido médio. Outra função é a filtragem do som o processo de filtragem selecciona sons na faixa de frequência da voz humana facilitando o entendimento

Ouvido médio:
O ouvido médio é composto pelos ossículos martelo, bigorna e estribo, denominados dessa forma por sua semelhança com esses objectos.
A sua função é os três ossos actuarem como alavancas, aumentando cerca de vinte e duas vezes a força da vibração inicial recebida pelo tímpano. Esse estímulo ampliado é conduzido à membrana que cobre a janela circular.
Ainda em relação ao ouvido médio existe a trompa de Eustáquio que o comunica com a garganta. A função desse canal consiste em estabelecer o equilíbrio da pressão emambos os lados do tímpano.

Ouvido interno:
O ouvido interno é formado pela cóclea ou caracol e pelos canais semicirculares.
A sua função é uma função complexa de conversão de sinais, em resultado da
qual os sons nela recebidos (do tipo mecânico) são transformados em impulsos
eléctricos que "caminham" até ao cérebro pelo nervo auditivo, onde são depois
descodificados e interpretados.

DOENÇAS DO OUVIDO
INFECÇÕES DOS OUVIDOS:
Otite média
Causas: causada por uma infecção bacteriana no ouvido médio. Pode ser aguda ou crónica e normalmente surge pouco depois de uma infecção viral no tracto respiratório superior que leva á inflamação na Trompa de Eutástico esta bloqueia e impede-a de exercer a sua função normal, nivelar a pressão entre a garganta e o ouvido médio.
Consequências: a pressão baixa no ouvido médio causando dores de ouvidos e impedindo a drenagem de muco e pus. A audição pode ser afectada.

Prevenção e tratamento: não fumar e evitar ser fumador passivo pois pode criar condições para infecções no ouvido e constipações. No tratamento são utilizados analgésicos e antibióticos mas o fluido que está no ouvido médio pode levar um mês ou mais para secar ou ser absorvido pelo corpo.

Otite externa
Causas: infecção bacteriana ou fúngica no canal auditivo, muitas vezes é causada por se nadar em águas com bactérias. As bactérias ou fungos da água fixam-se no canal auditivo. E também o uso frequente de tampões auditivos, lacas ou de outro spray pode irritar o canal auditivo.

Consequências: causa prurido, rubor, dor e pus.
Prevenção e tratamento: manter os canais auditivos secos ajuda a reduzir os riscos. Evite as lesões nos ouvidos como arranhões e outras pequenas lesões, outra forma é não utilizar cotonetes para limpar os canais auditivos, podem agredir a pele delicada.
O tratamento principal é utilizar gotas que contém antibióticos para eliminar infecção e hidrocortisona para reduzir a inflamação

Perda de audição:
Causas:
Os factores de risco incluem:
– Mais de 60 anos;
– Exposição regular ao ruído de elevada intensidade;
– Infecções como as infecções do ouvido ou meningite;
– Líquido no ouvido interno ou médio;
– Produção excessiva de cerúmen;
– Medicamentos como a aspirina em doses altas, certos antibióticos e
cisplatina como efeito secundário;
– Anomalias estruturais do ouvido;
– Traumatismos no ouvido ou cabeça;
– Doenças auto-imunes;
– Tumores.

Prevenção e tratamento: proteger os ouvidos e evitar ruídos e quando se ouvir música não estar muito tempo com os auscultadores nos ouvidos.



OLHO
O olho é um órgão, que permite detectar a luz e transformar essa percepção em impulsos eléctricos.
Córnea – membrana mais externa do olho, é branca, fibrosa e resistente mantém a forma do globo ocular e protege-o.
Íris – membrana pigmentada do globo ocular onde se encontra a abertura denominada pupila ou menina-do-olho.
Pupila – é uma abertura na zona anterior da camada intermédia do olho, por onde a luz,incidente na córnea, atravessa até ser refractada para a retina, através do cristalino.
Cristalino – é uma lente natural, situada na parte anterior do globo ocular. É o componente do olho humano responsável pela focagem. O seu funcionamento
assemelha-se ao de uma lente convergente; no entanto, permite a focagem de
objectos a distâncias variáveis, através de alteração da sua forma. Esta
propriedade do cristalino chama-se poder de acomodação.
Retina – membrana interna do globo ocular, onde se formam as imagens

DOENÇAS DOS OLHOS
INFLAMAÇÕES NOS OLHOS:
Conjuntivite – A inflamação da conjuntiva dá origem á diferentes
Conjuntivites
Causas: pode ser causada por bactérias ou vírus, ou por factores ambientais como uma alergia a maquilhagem para os olhos, pólen ou outros alérgicos.

Consequências: A conjuntiva fica avermelhada, ao despertar as pálpebras
encontram-se mais ou menos pegajosas e inchadas. A pessoa afecta notará a
presença de corpos estranhos, de incómodos perante a luz, dores, dificuldades
no esforço visual e turvamento passageiro.

Prevenção e tratamento: Para o tratamento das conjuntivites podem usar-se diferentes colírios existentes nas farmácias: devendo a ser sempre receitados pelo médico. O importante é curar a conjuntivite o mais rapidamente possível, para evitar graves complicações na córnea, as quais podem afectar futuramente a visão.
As conjuntivites gonocócicas, diftéricas ou variólicas são extraordinariamente graves.

Blefarite – esta inflamação nas pálpebras pode causar bastante desconforto.

Causas: quando afecta as margens das pálpebras, a causa pode ser uma infecção, dermatite, seborreica ou ambas. No interior da pálpebra pode ser causada pala caspa ou por problemas nas glândulas que segregam gordura.

Consequências: forma-se uma camada á volta das pestanas e pode causar lesões na pele das pálpebras. Os próprios olhos podem ficar vermelhos e sensíveis á luz.
Pode causar lacrimejo, apresentação distorcida das pálpebras e visão distorcida.

Prevenção e tratamento: reduz-se a ocorrência da blefarite mantendo a pele á volta das pestanas limpas. No tratamento implica manter as pálpebras limpas e controlar outros problemas e se for uma infecção bacteriana pode ser necessários a utilização de antibióticos.

PROBLEMAS DE VISÃO:
Causas: resultam quer de uma forma anormal de uma ou várias partes do olho, quer de alterações que ocorrem com a idade – ou ambas. Outros podem ser hereditários.

Astigmatismo – é uma deficiência visual, causada pelo formato irregular da córnea ou do cristalino formando uma imagem em vários focos que se encontram em eixos diferenciados.
Uma córnea normal é redonda e lisa. Nos casos de astigmatismo, a curvatura da córnea é mais ovalada. Este desajuste faz com que a luz se refracte por vários pontos da retina em vez de se focar em apenas um.

Hipermetropia – é a dificuldade em ver ao perto. Isso acontece principalmente porque o olho do hipermétrope é um pouco menor do que o normal. Outras causas incluem situações onde a córnea ou o cristalino apresentam alterações no seu formato que diminuem o seu poder refractivo, onde a córnea é mais plana do que deveria ser

Miopia – é a dificuldade de ver ao longe. Uma pessoa míope consegue ver objectos próximos com nitidez, mas os distantes são visualizados como se estivessem desfocados porque a luz que entra no olho de longe não é refractada. Acontece quando a distância entre a porção anterior e posterior do globo ocular é anormalmente longa ou a córnea esta demasiado curva.

Presbiopia – vista cansada. É causado por problemas no cristalino do olho que ocorre como processo de envelhecimento.

Prevenção e tratamento: manter bons hábitos de higiene visuais.
Praticar actividades ao ar livre e manter uma alimentação equilibrada.
Cada doença pode ser tratada de maneira diferente e tem que ser consultado por um oftalmologista.

6.7- ASPECTOS GERAIS DA BOCA
FUNÇÕES DOS DENTES
A boca compõe-se de: dentes, lábios, gengivas, palato, língua e glândulas salivares.
Os dentes desempenham várias funções:
1. Cortam, desgarram e trituram os alimentos até os converter numa massa, facilitando a digestão;
2. Facilitam a pronúncia das palavras;
3. Embelezam a face humana;
4. Impedem a penetração das substâncias prejudicais ao organismo.


6.8- A DENTIÇÃO HUMANA (ANATOMIA DO DENTE)
Um adulto tem normalmente 32 dentes, dezasseis na mandíbula (inferior) e dezasseis na maxila (superior). Os quatros incisivos, localizados bem na frente, cortam pedaços de comida não muito duros. Junto deles, estão os dois caninos, um de cada lado. Por serem pontiagudos, servem para dilacerar e perfurar. Os incisivos e os caninos preparam uma quantidade de alimento para entrar na boca. A tarefa seguinte fica para os quatro pré-molares e seis molares: a de cortar, esmagar e triturar o alimento.
Nos humanos pode-se dizer que os dentes além da função mastigatória, possuem as funções estética (muito importante nas relações sociais) e de auxílio na fonação visto que a pronúncia correcta de alguns fonemas aqueles participam juntamente com a língua.
Entre os seis meses e os três anos, toda a dentição humana temporária, também chamada "de leite" ou decídua, está formada. Esta é composta por 20 dentes, 10 na mandíbula e 10 na maxila. Ela é trocada dos seis aos onze anos. O último a cair é o segundo molar decíduo. O siso - o terceiro molar - costuma aparecer aos 21 anos; por isso ficou conhecido como "dente do juízo". O pré molar que no total são 8: 4 superiores e 4 inferiores, apresentam-se apenas na dentição permanente.
Os dentes desenvolvem-se a partir de dois tipos de células:
• As células do epitélio bucal, e
• As células mesenquimáticas.
As células do epitélio bucal formam o órgão do esmalte, e as células mesenquimáticas formam a papila dentária. A interacção das células epiteliais e mesenquimais é vital para o processo de iniciação e formação dos dentes. Juntamente com essas células, as células da crista neural contribuem para o desenvolvimento do dente. As células da crista neural originam-se dos tecidos nervosos em um estágio inicial do desenvolvimento e migram para as maxilas, misturando-se com as células mesenquimáticas. Elas funcionam pela integração com as células da papila dentária e com as células epiteliais do órgão de esmalte inicial, o que auxilia no desenvolvimento dos dentes. Essas células também participam da formação das glândulas salivares, osso, cartilagem, nervos e músculos da face.
O primeiro sinal da formação dentária é o densenvolvimento da lâmina dentária, surgindo a partir do epitélio bucal. A lâmina dentária desenvolve-se em um folheto de células epiteliais que invadem o mesênquima subjacente, nas cercanis do perímetro da maxila e mandíbula. Na borda anterior da lâmina, 20 áreas de espessamento aparecem, as quais formam os botões dentários para os 20 dentes dedíduos. Nesse estágio inicial, os botões já determinaram a morfologia de sua coroa, seja de um incisivo ou de um molar. Isso se deve à expressão genética. Depois que os dentes decíduos desenvolveram-se a partir dos botões, a borda anterior da lâmina continua a crescer para desenvolver os dentes permanentes que sucedem os 20 dentes decíduos. Essa parte da lâmina é então denominada lâmina de substituição. A lâmina continua posteriormente dentro da maxila em crescimento e desta surgem os dentes posteriores, os quais se formam atrás dos dentes decíduos. Desta maneira, 20 dos dentes permanentes substituem os 20 dentes decíduos, e os 12 dentes posteriores molares permanentes desenvolveram atrás da dentição decídua. Os últimos dentes que se formam são os terceiros molares, os quais se desenvolvem cerca de 15 anos após o nascimento. Uma vez que os molares não substituem os dentes decíduos, eles não se originam da lâmina de substituição, mas directamente da lâmina dentária. A lâmina dentária inicial, que se origina tanto a lâmina dentária como a de substituição, inicia sua função na sexta semana pré natal e continua até os 15 anos.
Dentes permanentes são assim denominados os dentes após sucederem a dentição decídua (ou dentes de leite).
Um ser humano adulto possui normalmente 32 dentes: 16 na mandíbula (inferior) e 16 na maxila (superior).

FUNÇÃO DOS DENTES
Os dentes incisivos (oito) tem por função principal a de cortar alimentos.
Os caninos (quatro), por serem pontiagudos, tem a função de dilacerar e perfurar os alimentos.
Os dentes pré-molares (oito) e os molares (doze), tem por função principal a de esmagar e triturar os alimentos para a posterior deglutição.

6.9- DOENÇA DOS DENTES. COMO ESCOVAR OS DENTES
Os dentes devem ser escovados após qualquer refeição, ao acordar e antes de dormir. O uso regular de fio dental também é necessário uma vez que a escova não alcança as ameias inter dentais. Usado criteriosamente uma vez ao dia é o suficiente para a maioria das pessoas. O horário mais recomendado é antes de dormir, mas pode ser usado no horário que se achar mais adequado.
Eis portanto as seguintes normas para escovar os dentes:
1. Deve-se colocar os pelos da escova dirigidos para a raiz dos dentes, girar a escova de maneira que os pelos varram as gengivas e os dentes em direcção as superfícies mastigadoras;
2. Escovar as superfícies externas e internas dos dentes, pré-molares e molares superiores e inferiores;
3. Escovar as superfícies mastigadoras superiores e inferiores.
O profissional que cuida dos dentes é o cirurgião-dentista, popularmente conhecido como dentista. Ele deve ser visitado pelo menos duas vezes por ano.
7- O BANHO
7.1- CONCEITO E TIPOS DE BANHO: O BANHO DOMESTICO, DE MAR, DE PISCINA.
A pele tem muitas funções. Ela segrega, através das glândulas sebacias, a gordura que a lubrifica e protege. Segrega também o suor por meio das glândulas sudoriparas o qual nos ajuda a refrescar e libertar do nosso organismo substâncias tóxicas.
A gordura e o suor que se acumulam na superfície da pele, mais a poeira e outras substâncias do exterior formam a sujidade. No entanto, esta pode penetrar através dos poros, dificultando o funcionamento das glândulas sebacias e sudoriparas.
A poeira transporta muitos microrganismos que penetram através dos poros e produzem muitas enfermidades. Portanto, é necessário manter a pele sempre limpa e lava-la com frequência. O banho deve ser diário. A forma mais pratica e rápida de se tomar banho é por meio do chuveiro. Não prejudica as pessoas doentes, pelo contrário reanima-as e ate favorece o seu estado emocional.
O banho diário com água morna possibilita remover mais facilmente as partículas de gordura, suor e o pó da pele, assim como alivia a fadiga.
O banho protege a nossa saúde, permite que a pele realize suas funções protectoras e favorece o nosso aspecto externo.
Os banhos frios permitem baixar as altas temperaturas, e os banhos medicinais são feitos com água rica em minerais, bactericidas ou fungicidas dissolvidos.

Banho de mar
Recomenda-se o banho de mar pelo seu duplo aspecto, de desporto e distracção e como meio de asseio pessoal.
Os banhos de mar (20ºc) também são recomendados porque estimulam a circulação. Deve-se evitar o excesso de exposição ao sol, que pode produzir queimaduras graves. Também não pode ser muito prolongado porque produziria esgotamento muscular.
Sob o ponto de vista de segurança pessoal recomenda-se:
• Não se afastar demasiadamente da margem, mesmo que se saiba nadar;
• Não sabendo nadar, escolher lugares menos profundos;
• Investigar se na praia há peixe perigoso, ouriços, alforrecas e desníveis.

Banho de Piscina
As piscina são reservatórios, onde a água é renovada muito lentamente e onde concorrem numerosas pessoas pelo que se requer um apuramento dos cuidados sanitários.
Recomenda-se:
• Tomar banho com água e sabão antes de entrar na piscina;
• Procurar que não se juntem dentro da piscina muitas pessoas;
• Não devem banhar-se em piscina as pessoa com doenças da pele;
• Não cuspir nem, urinar dentro da água;
• Não deitar objectos nem lixos dentro da água.

Cuidados higiénicos relativos a piscina
Os trabalhadores que tem a seu cargo a atenção das piscinas deverão observar as seguintes regras de higiene:
• Manter a piscina limpa e a água renovada continuamente,
• Limpa-la frequentemente, mudar água por completo acrescentando-lhe cloro de acordo com a sua capacidade;
• Manter limpo o terreno circundante.
















UNIDADE Nº 3 – FACTORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM POSITIVA OU NEGATIVAMENTE A SAÚDE HUMANA

CONCEITO GERAL DE AMBIENTE
Ambiente é tudo que existe fora do organismo vivo e o rodeia, estabelecendo uma interacção entre ambos.

O CLIMA
O clima compreende os diversos fenômenos climáticos que ocorrem na atmosfera; fenômenos como frente frias, tempestades, furacões e outros, que estão associados, tanto às variações meteorológicas preditas pelas leis físicas determinísticas, assim como a um conjunto de variações aleatórias dos elementos meteorológicos (temperatura, precipitação, vento, umidade, pressão do ar) cuja principal ferramenta de investigação é a estatística.

O CLIMA DE ANGOLA POR REGIÕES
Angola têm duas estações: As das Chuvas e a do Cacimbo.
A do Cacimbo ou seca e menos quente e vai de Maio a Setembro. A das Chuvas, mais quente, normalmente dura de Setembro a Abril. O regime das chuvas e a variação anual das temperaturas são as duas características climáticas, comuns a todas as regiões.
A localização de Angola, na zona intertropical e subtropical do hemisfério sul, a proximidade do mar, a corrente fria de Benguela e as características do relevo são os factores que determinam e caracterizam duas regiões climatéricas distintas. Região litoral - umidade relativa de média anual superior a 30%, precipitação anual inferior a 60mm, descendo de norte a sul, apresentando 800mm no litoral de Cabinda e no sul (Namibe) precipitações médias de 50mm. A temperatura média é superior a 23ºC.
Região interior - subdivide-se em três zonas: zona norte, com elevada queda pluviométrica e temperatura elevadas; zona de altitude que abrange as regiões planálticas do centro caracterizadas por temperaturas médias anuais próximas ao 19ºC, com uma estação seca de temperaturas mínimas acentuadas; e zona sudoeste, semiárida, atendendo à proximidade do deserto do Calaári. Temperaturas baixas na estação seca e elevadas na estação quente. Esta região é sujeita a influencia de grandes massas de ar tropical continental.
DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VIA RESPIRATÓRIA (CONCEITO, CAUSAS E MÉTODOS DE PREVENÇÃO)
As infecções transmitidas por via respiratória são muito freqüentes e ocorrem em todos países do mundo. A maioria destas doenças predomina nos grandes aglomerados humanos das áreas urbanas e ainda representa um importante problema de saúde, especialmente onde se aliam condições econômicas desfavoráveis, cobertura vacinal inadequada e acesso limitado à assistência médica.
SARAMPO
O Sarampo é uma doença de origem virótica, que ataca principalmente crianças até 10 anos: esporadicamente ocorre alguns casos em adultos
Sintomas

As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia (medo de luz). Surgem manchas brancas na mucosa da boca (que são diagnósticas). Após isso surgem manchas maculopapulares avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo em direção aos pés, durando pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de aparecimento. A mortalidade é de 0,1% em crianças de boa saúde e nutrição, mas pode subir até 25% em crianças subnutridas

Prevenção
A prevenção é feita por meio de vacina, e quando não ocorrem complicações, o doente fica curado em poucos dias O tratamento é sintomático.

GRIPE
A gripe (influenza) é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus influenza, transmissível de uma pessoa para outra por via respiratória. O vírus influenza, pertence à família Orthomyxoviridae e é classificado de acordo com o material genético em três tipos diferentes (A, B e C). Os vírus influenza A são capazes de infectar diversas espécies de animais (pássaros, galinhas, patos, porcos, cavalos, baleias etc.). Os vírus influenza B e C, basicamente, infectam seres humanos. Os vírus influenza A e B são capazes de causar epidemias. O vírus influenza C não tem potencial epidêmico e, em geral, causa doença de menor gravidade.
A gripe ocorre em todos os países do mundo e, há pelo menos 400 anos.
O virus influenza é facilmente transmitido de uma pessoa para outra através de gotículas eliminadas através da tosse ou do espirro. A penetração do vírus no organismo ocorre através da mucosa do nariz ou da garganta e a aglomeração de pessoas em ambientes fechados facilita a disseminação da gripe. A transmissão também pode ocorrer através da contaminação das mãos com secreções respiratórias através do contato direto com outras pessoas (aperto de mãos) ou indireto (tocar em superfícies contaminadas) seguida de contato com a mucosa oral, nasal e ocular. O risco de transmissão da gripe existe em todos os países do mundo.

Medidas de prevenção
A medida por excelência da prevenção da gripe é a vacina. Ela que tem componentes de vários subtipos do vírus influenza em circulação na população humana, inativados e fracionados.
A vacina contra a gripe pode ser bastante útil para os idosos e para as pessoas de qualquer idade com doenças de base (pulmonares, cardíacas, hematológicas e imunodeficiências). A vacina, contudo, não protege contra o vírus influenza C. Além disto, não atua contra outros vírus respiratórios (adenovírus, rinovirus, vírus parainfluenza) que, principalmente durante o inverno, podem causar doença semelhante à gripe, embora de menor gravidade. Também não protege contra o resfriado comum (rinovírus, coronavírus). Nos casos em que estiver indicada, a vacina contra gripe deve ser utilizada anualmente para incluir as últimas alterações antigênicas ocorridas com o vírus influenza

Manifestações
As manifestações clínicas da gripe aparecem entre 1 e 7 dias após a infecção (período de incubação médio de 2 dias). As manifestações da gripe têm início súbito com febre, dor no corpo, dor de cabeça e tosse seca e, evolutivamente, dor ocular e coriza. A doença, em geral, tem duração de 2 a 3 dias. No entanto, em alguns casos, pode ocorrer evolução mais grave e a pessoa apresentar pneumonia viral (causada pelo próprio vírus influenza) e, eventualmente, insuficiência respiratória.
O resfriado comum, que não deve ser confundido com a gripe, em geral produz coriza intensa e não é acompanhado de febre ou causa febre baixa. A ocorrência de pneumonia bacteriana, uma complicação comum da gripe, é mais freqüente em crianças até um ano, idosos e indivíduos com doenças pré-existentes (pulmonares, cardíacas, renais, hematológicas e deficiências imunológicas), pode tornar necessária a internação hospitalar.

TUBERCULOSE
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma micobactéria - o Mycobacterium tuberculosis ("bacilo de Koch"). A infecção é transmitida de uma pessoa para outra por via respiratória, porém a resposta imunológica é capaz de impedir o desenvolvimento da tuberculose na maioria dos indivíduos. A tuberculose, uma doença de evolução geralmente lenta (crônica), é responsável por cerca de 2,9 milhões de óbitos no mundo a cada ano.

Transmissão
Os seres humanos são o único reservatório do M. tuberculosis e existem evidências da doença desde o período neolítico. A infecção é transmitida de uma pessoa para outra através da inalação de pequenas gotículas de secreção respiratória eliminadas (tosse, espirro, fala) apenas pelo indivíduo com tuberculose pulmonar ou laríngea (forma menos comum) em atividade (bacilífero). Somente as gotículas com diâmetro entre 1 e 5 µm, que permanecem em suspensão no ar (aerossóis), são infectantes. O risco de transmissão é maior durante contatos prolongados em ambientes fechados e com pouca ventilação.
Não sem razão a tuberculose tornou-se um problema de saúde pública a partir da Revolução Industrial (segunda metade do século XVIII), quando as condições sub-humanas de moradia e de trabalho da época passaram a facilitar a sua transmissão.
Uma pessoa com tuberculose (qualquer forma) foi, necessariamente, infectada por outra em alguma época da vida e, quando desenvolve a forma pulmonar ou laríngea da doença, pode também passar a ser fonte de infecção para terceiros. Como a tuberculose, em geral, tem evolução lenta, o doente pode demorar a procurar um Serviço de Saúde e ter o diagnóstico confirmado. Em razão disto, quando uma pessoa desenvolve tuberculose pulmonar ou laríngea, os contactantes próximos (familiares, colegas de trabalho) devem ser submetidos à avaliação médica por terem tido, antes do diagnóstico do caso inicial, exposição prolongada ao risco de infecção ou, eventualmente, de terem sido a própria fonte da infecção. Nas outras formas de tuberculose (como a meningite), nas quais não ocorre transmissão do doente para outras pessoas, os contactantes devem ser avaliados em busca das possíveis fontes da infecção (pessoas com tuberculose pulmonar ou laríngea que possam ter dado origem ao caso).

Riscos
Cerca de um terço da população mundial (1,7 bilhão de indivíduos) estão infectados com o M. tuberculosis e 5 a 10% destas pessoas vão desenvolver tuberculose em algum momento da vida. A tuberculose tem distribuição global, com maior concentração da doença no Sudeste Asiático e África sub-Saariana. A tuberculose, uma das principais causas de morte por doenças infecciosas no mundo, é responsável por 2,9 milhões de óbitos a cada ano e a situação está se agravado desde o surgimento da Aids (Sida). Além disto, está ocorrendo resistência crescente do M. tuberculosis aos medicamentos (tuberculostáticos) em vários países do mundo, o que torna mais difícil o tratamento e o controle da doença.



Medidas de proteção
A vacina contra a tuberculose (BCG) não impede a infecção, nem o desenvolvimento da tuberculose pulmonar, mas pode conferir certo grau de proteção para a meningite tuberculosa e para as formas disseminadas da doença. Em Angola, a BCG está no Calendário de Vacinação e sua aplicação deve ser feita no primeiro mês de vida.
Na maioria das vezes, uma pessoa com tuberculose pode ser tratada ambulatorialmente. O afastamento do trabalho não deve ser compulsório. Deve, antes, levar em consideração as condições clínicas da pessoa, o tipo de ambiente de trabalho e o risco de transmissão para outros indivíduos, uma vez que as oportunidades de infecção para outras pessoas, comumente, são maiores antes do diagnóstico e início do tratamento. Em geral, 14 dias após o início do tratamento para a tuberculose pulmonar ou laríngea, os indivíduos deixam de ser fonte de transmissão da doença, o que deve ser comprovado com pelo menos três exames de escarro (Ziehl-Neelsen) negativos feitos em dias diferentes. O período de transmissibilidade pode ser mais prolongado em imunodeficientes e em indivíduos que fazem o uso irregular da medicação. As pessoas com tuberculose pulmonar devem evitar viajar por qualquer meio de transporte coletivo, até que seja confirmado por exames laboratoriais que deixaram de eliminar o M. tuberculosis, ou seja, de serem fonte de infecção para outras pessoas. Esta restrição aplica-se inclusive às viagens de avião, nas quais em virtude do sistema de ventilação das aeronaves, o risco maior de transmissão está limitado às pessoas sentadas muito próximas (na mesma fileira e nas duas anteriores e duas posteriores) à pessoa com tuberculose.
Em alguns casos, as pessoas com tuberculose podem necessitar de internação hospitalar, seja pela gravidade da doença ou por intercorrências médicas (trabalho de parto, cirurgia, acidentes). É necessário que o serviço médico tenha recursos técnicos adequados para isolamento de pessoas com tuberculose pulmonar ou laríngea em fase infectante, no intuito de impedir a disseminação intra-hospitalar da doença. Além de isolamento adequado para pessoas com tuberculose, o que inclui quartos preferencialmente com pressão negativa, é necessário que estejam disponíveis equipamentos de proteção individual tecnicamente indicados para doenças de transmissão respiratória.
Tratamento
A primeira droga eficaz no tratamento da tuberculose, a estreptomicina, foi empregada apenas a partir de 1946. Atualmente o tratamento é feito com, no mínimo, três drogas diferentes (geralmente rifampicina, isoniazida e pirazinamida) e por tempo prolongado (6 meses). Na maioria das situações o tratamento pode ser feito ambulatorialmente e os medicamentos para tuberculose são administrados por via oral.
A interrupção precoce do tratamento ou o uso inadequado das medicações aumentam a chance de aparecimento de M. tuberculosis resistentes. A resistência aos medicamentos, que já ocorre em vários países (inclusive no Brasil), torna mais difícil a terapêutica e o controle da transmissão da tuberculose. Em razão disto, atendendo a uma recomendação da Organização Mundial da Saúde, dezenas de países adotaram, com aparente sucesso, o tratamento supervisionado (ou DOTS - Directly Observed Therapy Short-Course), no qual o profissional de saúde passa a observar a ingestão dos medicamentos pelo doente. O objetivo é diminuir as chances de abandono da terapêutica e reduzir a probabilidade de ocorrência de resistência do M. tuberculosis aos medicamentos. No Brasil o tratamento supervisionado já é adotado em alguns municípios.
PERTÚSSIS OU TOSSE CONVULSA
Pertússis, coqueluche ou tosse convulsa é uma doença altamente contagiosa e perigosa para crianças causada pela bactéria Bordetella pertussis, prevenível por vacinação, que causa tosse violenta contínua e dolorosa.
Foi descrita pela primeira vez em 1578, mas a B. pertussis só foi isolada em 1907 pelos franceses Jules Bordet e Octave Gengou. A vacina foi desenvolvida em 1926.
A B. pertussis existe em todo o mundo e só infecta seres humanos. Estima-se que ocorram cerca de 30 a 50 milhões de casos por ano que terminam em 300 000 mortes. Em termos gerais, os pacientes são crianças com menos de um ano de idade, 90% dos casos ocorrendo em países em vias de desenvolvimento.
A B. pertussis é transmitida pela inalação de gotas expulsas pela tosse de um doente. As bactérias aderem fortemente ao epitélio ciliado dos brônquios sem invadir as células, permanecendo sempre no lúmen.
Progressão e sintomas
Após período de incubação de 10 a 14 dias, surge a fase de expulsão de catarro, com rinorreia, espirros e tosse moderada, que dura duas semanas. A inflamação dos bronquios, com áreas de necrose, aumenta nesta fase.
Após esta fase estabelece-se um tipo de tosse diferente, convulsiva, continua e dolorosa durante em média três semanas e pode ser seguida de vómitos. A tosse segue-se a uma inspiração com som caracteristico, tipo silvo (mais conhecido como "guincho").
Se o doente sobreviver, a fase de convalescença dura também várias semanas. A pertussis mata 1-2% das crianças com menos de um ano atingidas.
Pode haver encefalopatia, presumivelmente devido à toxina, em 0,4% dos casos.
As complicações possiveis são devidas a organismos (como pneumococo ou Haemophylus influenzae) que aproveitam as lesões da mucosa para invadir o parênquima pulmonar, causando pneumonia.
Complicações
As complicações mais comuns acfetam as vias respiratórias. Os lactentes apresentam um risco especial de lesão devido à falta de oxigênio após períodos de apnéia (paradas respiratórias transitórias) ou episódios de tosse. As crianças podem apresentar pneumonia, a qual pode ser fatal. Durante os episódios de tosse, o ar pode ser impulsionado dos pulmões para o interior dos tecidos que os circundam ou os pulmões podem romper e colapsar (pneumotórax).
Os episódios de tosse intensa podem causar hemorragia ocular, nas membranas mucosas e, ocasionalmente, na pele ou no cérebro. Pode ocorrer a formação de uma úlcera sob a língua quando esta é comprimida contra os dentes inferiores durante os episódios de tosse. Ocasionalmente, a tosse pode causar prolapso retal (exteriorização do reto) ou uma hérnia umbilical, a qual pode ser observada como uma protuberância.
Os lactentes podem apresentar convulsões, mas elas são raras em crianças maiores. A hemorragia, o edema ou a inflamação cerebral podem causar lesão cerebral e retardo mental, paralisia ou outros distúrbios neurológicos. A otite média (infecção do ouvido) também ocorre freqüentemente em conseqüência da coqueluche.
Tratamento
A prevenção com vacina, obrigatória segundo os esquemas de vacinação (é incluida na antiga tríplice agora, tetravalente) é a única medida eficaz. A vacinação erradicou a doença dos países onde é praticada eficientemente.
O tratamento com antibióticos como macrolídeos é mais eficaz se administrado durante a fase catarral. Na fase paroxistica já há pouco a fazer.
Prevenção
As crianças são vacinadas sistematicamente contra a coqueluche. Em geral, a vacina contra coqueluche é combinada com as vacinas contra a difteria e o tétano, a vacina DTP (difteriatétano- pertussis). O antibiótico eritromicina é administrado como medida profilática às pessoas expostas à coqueluche.
RESFRIADO OU CATARRO COMUM
Resfriado ou catarro comum (vulgo constipação) é uma infecção viral do revestimento do nariz, dos seios perinasais, da garganta e das grandes vias respiratórias.
São muitos os vírus causadores de resfriados. Os picornavírus, bem como os rinovírus, causam a maioria dos que se manifestam na Primavera, no Verão e no Outono. Os vírus da gripe e os vírus sinciciais respiratórios, que aparecem regularmente no final do Outono e no Inverno, provocam uma grande variedade de doenças, incluindo resfriados. Os da gripe transmitem-se com facilidade de pessoa a pessoa através de gotículas infectadas que são expulsas ao tossir e ao espirrar. Os rinovírus e os vírus sinciciais respiratórios transmitem-se desta forma, mas talvez o façam principalmente por contacto directo com secreções infectadas transportadas nos dedos.
O motivo pelo qual cada um tem mais probabilidade de se infectar num momento do que noutro não é de todo conhecido. A exposição ao frio não faz com que alguém se constipe nem aumentar a sua susceptibilidade a infectar-se com um vírus respiratório. Não parece influir demasiadamente o estado geral de saúde da pessoa nem os seus hábitos alimentares e também não influi o facto de ter qualquer anomalia no nariz ou na garganta, como amígdalas de grandes dimensões ou adenóides. No entanto, aqueles que se encontram cansados ou manifestam ansiedade, os que têm alergias no nariz ou na garganta e as mulheres que estejam a meio do seu ciclo menstrual são mais propensos a acusar os sintomas de um resfriado.
Sintomas e complicações
Os sintomas do catarro comum iniciam-se depois de um a três dias de se ter verificado o contacto. Em geral, os primeiros sintomas são mal-estar no nariz e na garganta. Em seguida o doente começa a espirrar, tem o nariz congestionado e sente-se ligeiramente doente. Em regra não existe febre, mas às vezes a temperatura do corpo eleva-se um pouco no início dos sintomas. As secreções do nariz são aquosas e límpidas e podem ser muito incómodas durante os primeiros dias. Posteriormente as mesmas tornam-se mais espessas, opacas, de cor amarelo-esverdeada e menos abundantes. Muitas pessoas têm também tosse. Estes sintomas costumam desaparecer em 4 a 10 dias, apesar de a tosse, com ou sem expectoração, persistir habitualmente durante mais uma semana.
As complicações podem prolongar a sintomatologia. A afecção traqueal, juntamente com uma certa tensão no peito e uma sensação de queimadura é mais frequente em algumas pessoas e com determinados vírus. As pessoas com bronquite persistente ou asma podem ter mais dificuldade em respirar durante um resfriado e depois dele. Após um resfriado pode ocorrer uma infecção bacteriana dos ouvidos, dos seios perinasais ou da traqueia e das vias respiratórias (infecção traqueobrônquica), que requer tratamento com antibióticos.
Tratamento
Uma pessoa congestionada deve evitar o frio e fazer repouso, tentando evitar o contágio a outros. Isto costuma acontecer mais nas primeiras fases da infecção. Aqueles que têm febre ou sintomas mais intensos deverão permanecer isolados e em repouso. Beber líquidos ajuda a manter as secreções fluidas para serem mais fáceis de expelir.
Os medicamentos para o catarro são do conhecimento popular, mas os seus efeitos benéficos não estão claros. A aspirina, por exemplo, pode chegar a aumentar a difusão do vírus, ao mesmo tempo que só melhora ligeiramente os sintomas. Se for necessário um medicamento para aliviar a dor ou a febre numa criança ou num adolescente, é preferível administrar paracetamol ou ibuprofeno, porque a aspirina ocasionalmente aumenta o risco de contrair a síndroma de Reye, uma perturbação potencialmente mortal.
Os descongestionantes nasais só conseguem um alívio temporário e limitado. Os anti-histamínicos podem descongestionar o nariz, mas está demonstrado que só o conseguem em indivíduos com história de alergia. Por outro lado, causam sonolência e outros efeitos colaterais, particularmente em pessoas de idade avançada. Inalar vapor ou essências mediante um nebulizador é um método que alguns consideram útil para soltar as secreções e reduzir a opressão do peito. Lavar os canais nasais com um soluto salino pode ajudar a eliminar as secreções mais persistentes. A tosse pode ser a única forma de eliminar secreções e resíduos das vias respiratórias durante uma virose, pelo que é preferível não a tratar, a menos que ela interfira com o sono ou cause um grande mal-estar. Uma tosse intensa pode ser tratada com um antitússico. Os antibióticos não são eficazes contra o catarro; só deverão usar-se se ocorrer também uma superinfecção por bactérias.
Prevenção do resfriado comum
Dado que há tantos vírus diferentes que causam resfriados, e atendendo a que a taxa de anticorpos produzidos contra um vírus destes diminui com o passar do tempo, a maioria das pessoas pode constipar-se durante toda a sua vida. Até ao momento não foi ainda criada uma vacina eficaz contra cada um dos vírus respiratórios, mas todos os anos se actualiza uma vacina contra a gripe para que actue sobre novas variedades de vírus, e além disso estão a criar-se vacinas para outros vírus, como o vírus sincicial respiratório e o vírus para influenza.
As melhores medidas preventivas consistem numa boa higiene. Como muitos vírus que produzem catarros se transmitem por contacto com secreções infectadas, lavar as mãos com frequência, rejeitar os lenços usados e limpar todos os elementos e superfícies pode ajudar a reduzir a sua propagação.
Foram propostos e experimentados muitos tratamentos para evitar os resfriados, mas nenhum demonstrou ser fiável e eficaz. Não se demonstrou que as grandes doses de vitamina C (até 2000 mg por dia) reduzam o risco de constipação, nem a quantidade de vírus que a pessoa infectada transmite.
O interferão é um medicamento que aumenta a resistência das células à infecção; inalado pelo nariz, pode prevenir as infecções causadas por algumas variedades de vírus (particularmente os rinovírus). Todavia, não funciona uma vez que a infecção já esteja estabelecida, pode causar inflamação e hemorragias nasais e tem efeitos limitados contra certos vírus, com os influenza e parainfluenza.

AMIGDALITE
Amigdalite é a infecção das amígdalas palatinas; é a inflamação das amígdalas.
O inverno seco e poluído em alguns lugares, contribui para o surgimento e desenvolvimento das amigdalites, que predominam entre as crianças.
As amígdalas são massas de tecido esponjoso linfóide, localizadas na parte de trás da garganta, na entrada das vias respiratórias, nos dois lados da garganta. Elas agem como filtros, ajudando a prevenir que infecções da garganta, boca e seios da face se espalhem para o resto do corpo. As amígdalas também são responsáveis pela produção de anticorpos, que ajudam a combater as infecções na garganta e no nariz. As amígdalas são muito suscetíveis à infecção.
Causas
As amigdalites pode ser tanto de origem viral quanto bacteriana, sendo que esta última pode ser facilmente identificada por apresentar pus, ou seja, aqueles pontos brancos, também conhecidos por placas. Sendo bacteriana, a doença deve ser tratada com antibióticos. As virais, no entanto, não se beneficiam deste tipo de tratamento, possuindo um ciclo próprio e necessitando apenas de medicação para alívio dos sintomas, como antitérmicos e analgésicos.
A amigdalite bacteriana é causada, principalmente, pela bactéria Streptococcus pyogenes, sendo o tipo mais perigoso das infecções de garganta. A febre que atinge os pacientes acometidos por esta bactéria pode mesmo chegar aos 40ºC e ocasionalmente podem se formar abscessos.
As crianças desenvolvem amigdalite quando enfrentam queda na resistência dos seus organismos e variações bruscas de temperatura, típicas desta época do ano.
Factores de Risco para Amigdalite
Más condições de habitação, presença de animal doméstico na residência, exposição ao fumo e apetite diminuído são possíveis factores que podem ajudar no desenvolvimento da amigdalite aguda ou na amigdalite de repetição, definida como 5 a 7 episódios de infecção durante o ano.
A presença de maior número de infecções está ligada principalmente a piores condições sócio-econômicas, como ocorre com a população pobre, que geralmente habita locais pequenos e com grande número de moradores, aliadas à presença de animais domésticos, à exposição passiva ao tabaco, e à falta de alimentação adequada das crianças, fazendo com que estes sejam os potenciais factores de risco para o aparecimento desses quadros.
Sintomas

Além da dor e da febre, o inchaço dos gânglios (íngua), em qualquer lado do pescoço e da mandíbula, também serve como indicativo da amigdalite. Dor de ouvido, dificuldade para engolir, calafrios, dor de cabeça, hálito diferente, mudanças no paladar e no olfato, dores musculares, dor de barriga e vômitos são outros dos sintomas comumente relatados.
Complicações e Tratamento
A amigdalite, se não tratada, pode trazer algumas complicações secundárias, como febre reumática ou "reumatismo no sangue" (patologia que lesa o coração de forma grave, podendo também acometer outros órgãos e que ocorre nos casos de amigdalite bacteriana não tratada ou parcialmente tratada), surdez, problemas nos rins e no coração. A amigdalite pode levar também a casos graves, inclusive de septicemia e choque bacteriano, que correspondem a infecção do sangue.
Cirurgia e Antibióticos
A retirada das amígdalas deixa o organismo desprotegido da sua ajuda, no combate às infecções, na medida em que elas são o primeiro escudo contra as bactérias, que querem invadir o organismo. Pessoas sem amígdalas desenvolvem mais faringites. Portanto, é um procedimento que deve ser evitado ao máximo, assim como se deve evitar os excessos na administração de antibióticos, muitas vezes tomados sem a orientação médica e na dosagem errada, o que não ajuda em nada no tratamento da infecção. Como qualquer medicamento, eles provocam reações no organismo, além de favorecer ao aparecimento de bactérias resistentes, quando utilizados indiscriminadamente.


BRONQUITE

Bronquite é a inflamação dos brônquios localizados nos pulmões.
Existem dois tipo: a bronquite aguda geralmente é causada por vírus ou bactérias e pode durar diversos dias ou semanas e a bronquite crônica não é necessariamente causada por uma infecção e geralmente faz parte de uma síndrome chamada DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica).
A bronquite aguda ou cronica é caracterizada por tosse e expectoração (que expulsa, por meio da tosse, secreções provenientes da traquéia, brônquios e pulmões) e sintomas relacionados à obstrução das vias aéreas pela inflamação e pelo expectorado, como dificuldade de respiração e chiados. O tratamento pode ser realizado com antibióticos, broncodilatadores, entre outros.

Sinais e sintomas de bronquite
Tosse, Expectoração, Falta de ar, Sibilância, Cianose, Inchaço nas extremidades do corpo graças à piora do trabalho cardíaco, Febre quando a bronquite crônica estiver associada à uma infecção respiratória, Cansaço, Falta de apetite, Dores no peito e catarro mucóide.

Tratamento
Para começar o tratamento, é importante eliminar o cigarro (obviamente quando o doente é tabagista), e repousar para evitar respirar em ambientes de gás tóxico e poluição. Para quem já tem a doença há um tempo considerável, deixar o fumo não vai fazer com que a doença regrida, mas desacelerará o seu avanço.
Agentes Mucolíticos e Fluidificantes diminuem a viscosidade do catarro e assim evitam que com a secagem da secreção forme obstruções nos brônquios. Com a diminuição da viscosidade da secreção, as vias respiratórias ficam menos congestionadas, e assim há uma melhora significante da respiração.
Exercícios da terapia de reabilitação fazem com que o paciente seja capaz de utilizar a sua energia melhor ou de uma forma em que haja menor gasto de oxigênio.
A oxigenoterapia (uso de oxigênio em casa), quando necessária, também pode melhorar os sintomas, além de aumentar a expectativa de vida.
Corticóides (medicamentos utilizados para controlar a inflamação crônica dos brônquios) minimizam os sintomas.
Além disso, antibióticos ajudam muito nos casos de exacerbação da doença, quando resultam de uma infecção bacteriana nos brônquios
Broncodilatadores
Os broncodilatadores melhoram o fluxo de ar nesta doença, aliviando a falta de ar e a sibilância. Podem ser utilizados através de nebulizações, nebulímetros (semelhantes à "bombinha" da Asma), cápsulas de inalar, comprimidos, xaropes, etc. O meio mais prático é o uso dos nebulímetros pois estes podem ser utilizados tanto em casa quanto fora, além de apresentarem menor freqüência de efeitos indesejáveis (como por exemplo o que um comprimido pode causar ao estômago).
Prevenção
Na bronquite crônica, é importante a vacinação anual contra o vírus causador da gripe, uma vez que esta pode piorar a doença. Com este mesmo objetivo, é indicado também o uso da vacina contra o pneumococo, que é a principal bactéria causadora de infecções respiratórias, entre elas a pneumonia, e é claro, a própria bronquite crônica. A vacinação deve ser feita uma única vez e, em casos específicos, pode ser repetida depois de cinco anos.
Tabaco
Uma das principais medidas preventivas a serem tomadas é não fumar. O médico pode oferecer ao seu paciente auxílio neste sentido, podendo indicar medicações auxiliares. A reposição de nicotina por gomas, adesivos ou outros recursos podem ser utilizados.
Também pode ser indicado o uso de bupropiona, um medicamento que tem o efeito de diminuir os sintomas de abstinência ao fumo.
BRONCOPNEUMONIA
A broncopneumonia é uma inflamação dos brônquios, bronquíolos e alvéolos vizinhos, agrupados em focos, aproximadamente do tamanho de nozes, disseminados pelos glóbulos dos dois pulmões.
É originada de complicações de processos infecciosos gerais ou, também, de um processo laringo-traqueobronquite agudo ou crônico. Pode também ser consequência de uma Broncoaspiração.
A broncopneumonia é acompanhada de suor, febre, arrepio, dispnéia, tosse e taquicardia, entre outros.

PNEUMONIA
A pneumonia se caracteriza como sendo uma inflamação dos alvéolos pulmonares, com ou sem infecção. Vírus, fungos, protozoários e bactérias são capazes de provocá-la, sendo mais comuns as pneumonias causadas por pneumococos.
Acfeta pessoas de todas as idades, desde que estejam com baixa imunidade: é por tal motivo que é comum ouvirmos casos de pessoas que desenvolveram a pneumonia a partir de uma gripe.
Esta doença pode se instalar quando há a inalação, ingestão de bactérias que se proliferaram na boca, ou condução de patógenos de outras infecções, via corrente sanguínea. No primeiro caso, gotículas de saliva e secreções contaminadas propiciam o contágio.
Tosse com secreção, dores torácicas, febre alta, calafrios, dores de ouvido e respiração curta e ofegante são alguns de seus sintomas. Em idosos, pode haver confusão mental. Não sendo tratada, acúmulo de líquidos nos pulmões e ulcerações nos brônquios podem surgir.
Para diagnóstico, ausculta dos pulmões e radiografias do tórax são essenciais. Exames de sangue e de catarro podem ser solicitados, a fim de identificar o agente causador da doença e se buscar o tratamento mais adequado. Geralmente, antibióticos são receitados e, em alguns casos - como os de pacientes idosos, manifestação de febre alta e alterações clínicas - é necessária a internação. Uma dieta apropriada e o isolamento do indivíduo doente são medidas igualmente importantes: o primeiro visando à recuperação do sistema imune da pessoa comprometida e o segundo a fim de evitar o contágio. Ficar em repouso é necessário.
Gripes que persistem por mais de uma semana e febre persistente devem ser motivo de atenção. Não fumar nem beber exageradamente, alimentar-se bem, ter bons hábitos de higiene, sempre fazer a manutenção dos ar-condicionados e evitar a exposição a mudanças bruscas de temperatura são medidas preventivas.
Vale lembrar que, para pneumonia, há vacina (a mesma indicada para meningite) e que esta, aliada à vacina contra o vírus influenza, são necessárias em caso de idosos, soropositivos, asplênicos, alcoólicos e demais pessoas com sistema imune debilitado.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VIA DIGISTIVA
DIARRÉIA AGUDA
Na prática, o paciente e o médico pensam em diarréia quando há um maior número de evacuações, acompanhado de fezes de consistência diminuída, disformes, pastosas ou líquidas.
Diarréia ocorre quando aumenta a proporção de água contida nas fezes, o que aumenta o peso fecal diário eliminado para mais que 250 g. O normal não ultrapassaria 200 g, tecnicamente falando.
A urgência evacuatória, a incapacidade de segurar as fezes (incontinência) e múltiplas evacuações poderiam ser referidas erroneamente como diarréia, mas podem acontecer com consistência fecal normal.
O termo diarréia aguda refere-se ao início súbito e à duração menor que três semanas, a grande maioria resolvendo-se em menos de três a cinco dias.
Os intestinos são responsáveis por absorver os líquidos que tomamos, os que estão naturalmente contidos nos alimentos (1-2 litros/dia) e aqueles produzidos pelo próprio aparelho digestivo (7 litros/dia). Esses são as secreções como a saliva, o suco do estômago, a bile do fígado, o suco do pâncreas e os líquidos liberados pelas células que forram os intestinos (da mucosa). Do total produzido, até 9 litros por dia, os intestinos reabsorvem tudo, excepto 100 a 200 ml eliminados com as fezes.
Progressão
A maior parte das diarréias agudas é causada por vírus, bactérias ou parasitas.
Há germes produtores de toxinas que alteram o funcionamento intestinal.
Mais que os micróbios, as toxinas diminuem a absorção de líquidos pelo intestino ou estimulam sua perda para a luz intestinal. De todo o modo, o resultado é a perda excessiva através das fezes, demonstrado por diarréia.
Alguns microorganismos invadem a mucosa, causando lesões com secreção de sangue, muco ("catarro") e pus. Isso caracteriza o que chamamos de disenteria, um tipo particular de diarréia.
Além dos germes, certas substâncias alteram a absorção e/ou a secreção intestinal, como vários laxantes ou efeitos adversos de medicamentos, que se traduzem por diarréia.
As fibras de muitos vegetais - microscópicas e não absorvíveis pelo intestino - ligam-se à água, aumentando a proporção dessa no bolo fecal, tornando-o mais macio, fazendo mais fáceis as evacuações. Um exagero na ingestão de fibras pode trazer diarréia transitória.
A falsa diarréia constitui-se na eliminação de um líquido grumoso de cor fecal, que passa em torno de fezes muito duras e paradas no reto, durante dias ou semanas, os fecalomas. Ocorre com alguma freqüência nos idosos, nos inválidos e nas pessoas muito debilitadas.
Mais raramente, a diarréia pode ser causada por hipertireoidismo ou tumores gastrintestinais - benignos ou malignos - que produzem substâncias causadoras de diarréia; esses exemplos são mais ligados a quadros crônicos.
O uso de diversos antibióticos pode levar à alteração da chamada "flora intestinal", a qual é um distúrbio ecológico que permite o desenvolvimento de alguns micróbios agressivos ao meio. Disso resultam diarréias, sendo grave a conhecida por "Colite Pseudomembranosa", nome dado devido a placas branquicentas que cobrem variadas áreas da mucosa do intestino grosso.
  beber ou ficar exposto à água não tratada
  usar encanamentos furados
  usar depósitos mal fechados ou sem limpeza regular
  tomar banho em rio, açude ou piscina contaminada
  não limpar bem as mãos e os utensílios de mesa e fogão
  ser negligente na higiene pessoal.
Os germes causadores de diarréia costumam chegar ao ser humano através da boca, podendo estar contidos na água ou alimentos contaminados.
Factores que podem nos tornar vítimas de diarréias agudas:
Sintomas
A diarréia é observada como uma diminuição da consistência habitual das fezes que podem alcançar o estado líquido. O número de evacuações varia de um episódio isolado até mais de dez em 24 horas.
Além da diarréia propriamente dita, é comum sentir-se:
  desconforto abdominal
  cólica
  plenitude (sensação de estufamento)
  excesso de flatos (gases)
  mal-estar generalizado
  náusea e vômito.

Menos freqüentemente, pode se observar:
  sangue
  pus ou muco nas fezes
  além de febre.

Diarréias com perdas de grandes quantidades de líquido, em pessoas debilitadas por outras doenças, em idosos ou em crianças, podem evoluir para desidratação.
Nesses casos, pode-se notar:

  ressecamento de mucosas
  saliva escassa e espessa
  sede excessiva
  cansaço e sonolência.
Se não forem tratados apropriadamente, esses pacientes podem evoluir com piora progressiva e risco de vida.
Tratamento
Como anteriormente mencionado, a maior parte das diarréias agudas tem resolução espontânea em poucos dias.
Deve-se dar atenção para a manutenção de uma ingesta líquida adequada a fim de evitar a desidratação, perigo que é maior em crianças pequenas e em idosos.
Apesar de não alterarem a velocidade de cura da diarréia, a maioria das pessoas sente-se melhor evitando os alimentos gordurosos, os ricos em fibras, leite e derivados, café e álcool. Procura-se oferecer refeições ditas leves, em pequenas quantidades e maior freqüência, além de grande quantidade de líquidos em forma de água, sucos, chás ou sopas.
Medicamentos antidiarréicos que diminuem a freqüência das evacuações e que aumentam a consistência das fezes, visando maior conforto até a resolução do quadro, podem ser usados com segurança, pelos adultos, respeitados critérios médicos.
De maneira geral, crianças não devem usar essas medicações, a menos que haja explícita orientação do pediatra.
Pessoas com diarréia sanguinolenta, febre alta ou comprometimento importante do estado geral devem buscar o médico, sob risco de agravar o quadro e complicar a saúde.
Os antidiarréicos mais usados em nosso meio são à base de loperamida, difenoxilato, racecadotril ou carvão vegetal. O conhecido Elixir Paregórico, um derivado opióide, apesar do bom efeito no alívio dos sintomas, teve seu uso restrito pelas medidas de controle de medicamentos por conter substâncias potencialmente causadoras de adição.
Vários compostos ditos "naturais" ou à base de "lactobacilos" são muito divulgados e freqüentemente usados, porém as provas científicas disponíveis mostram mínimo ou nenhum efeito na melhoria dos sintomas.
Casos que, a despeito do manejo domiciliar com líquidos e medicações sintomáticas simples, evoluem para desidratação, podem necessitar de internação hospitalar para administração de soro endovenoso. O uso de antibióticos nas diarréias agudas limita-se a casos muito selecionados, com manifestações específicas que levam o médico a acreditar na existência de infecção cuja duração e efeitos podem ser abreviados pelo tratamento.
Prevenção
O saneamento básico, incluindo redes de esgoto e água potável nas residências, previne um grande número de casos.
O armazenamento e preparo adequado dos alimentos, incluindo conservação de alimentos em geladeira, não exposição a moscas, cozimento dos alimentos e lavagem dos mesmos com água tratada, também, são importantes formas de prevenção.
É importante lembrar, contudo, que certas toxinas produzidas por bactérias permanecem nos alimentos mesmo após a morte do organismo que a produziu. Sendo assim, o cozimento ou congelamento dos alimentos, apesar de evitar grande número de diarréias infecciosas, não impede que alimentos inapropriadamente preservados ou preparados contenham substâncias causadoras de diarréia.

CÓLERA
A cólera é uma infecção intestinal aguda causada pelo Vibrio cholerae, que é uma bactéria capaz de produzir uma enterotoxina que causa diarréia. Apenas dois sorogrupos (existem cerca de 190) dessa bactéria são produtores da enterotoxina, o V. cholerae O1 (biotipos "clássico" e "El Tor") e o V. cholerae O139. O Vibrio cholerae é transmitido principalmente através da ingestão de água ou de alimentos contaminados. Na maioria das vezes, a infecção é assintomática (mais de 90% das pessoas) ou produz diarréia de pequena intensidade. Em algumas pessoas (menos de 10% dos infectados) pode ocorrer diarréia aquosa profusa de instalação súbita, potencialmente fatal, com evolução rápida (horas) para desidratação grave e diminuição acentuada da pressão sangüínea.
Transmissão
O V. cholerae penetra no organismo humano por ingestão de água ou de alimentos contaminados (transmissão fecal-oral). Se conseguir vencer a acidez do estômago, alcança o intestino delgado onde o meio é alcalino, multiplica-se intensamente, principalmente em duodeno e jejuno, e produz a enterotoxina que pode causar diarréia. Uma pessoa infectada elimina o V. cholerae nas fezes por, em média, 7 a 14 dias. A água e os alimentos podem ser contaminados principalmente por fezes de pessoas infectadas, com ou sem manifestações. A diusseminação directa de uma pessoa para outra é pouco importante, uma vez que é necessária uma grande quantidade de bactérias para produzir infecção (acima de 1000/ml em alimentos e de 100000/ml na água). Em alimentos, a bactéria pode sobreviver por até cinco dias na temperatura ambiente (15 a 40 °C), ou por até dez dias entre 5 e 10 °C. É resistente ao congelamento, embora a sua multiplicação fique mais lenta.


Riscos
A cólera é uma doença de transmissão fecal-oral. São factores essenciais para a disseminação da doença condições deficientes de saneamento, particularmente a falta de água tratada.
A cólera é endêmica em vários países e episodicamente ocorrem surtos onde a infra-estrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. O risco de transmissão da cólera é variável entre países e, dentro de um país pode haver diferenças de risco entre regiões e, até mesmo, entre diferentes bairros de uma cidade. A cólera pode ocorrer em uma cidade que tenha água tratada e esgotos, porém em geral afecta principalmente os habitantes de comunidades carentes, onde o saneamento básico é inadequado. O risco de aquisição da cólera para quem fica em bairros com saneamento básico adequado é relativamente menor e, basicamente, está mais relacionado aos alimentos, uma vez que podem estar contaminados na origem e o seu preparo exige higiene adequada. Quando a localidade inteira não possui infra-estrutura adequada, além dos alimentos, existe a possibilidade de contaminação da água para consumo. Nestas circunstâncias, a água deve ser tratada pelo próprio consumidor. A permanência a longo prazo (residência) em uma área sem saneamento básico, com água não tratada, proveniente diretamente de poços ou fontes como rios ou lagos é uma situação de risco permanente. Nessa circunstância, deve ser desenvolvida uma infra-estrutura domiciliar mínima utilizável a longo prazo, envolvendo o tratamento da água com a cloração de fontes ou reservatórios.
O V. cholerae não resiste a temperaturas acima de 80 °C. Portanto, os alimentos mais seguros são os preparados na hora, por fervura, e servidos ainda quentes. Os de maior risco são os mal cozidos ou crus, como as saladas, os frutos do mar, os preparados com ovos (como maionese caseira), os molhos, as sobremesas tipo mousse, bebidas não engarrafadas industrialmente, leite não pasteurizado, sucos, sorvetes e gelo. Os legumes são facilmente contaminados e difíceis de serem lavados adequadamente. Em crianças de até seis meses, que se alimentam exclusivamente de leite materno, o risco é pequeno, observados os cuidados de higiene durante a amamentação.
Medidas de proteção individual
Recomenda-se que se observe as medidas de proteção, que são idênticas às adoptadas para outras doenças adquiridas através da ingestão de água e alimentos. O consumo de água tratada e o preparo adequado dos alimentos são medidas altamente eficazes. Em geral, a aparência, o cheiro e o sabor dos alimentos não ficam alterados pela contaminação com o Vibrio cholerae (e outros agentes infecciosos). Para reduzir os riscos, devemos nos alimentar em locais que tenham condições adequadas ao preparo higiênico de alimentos, além de observar cuidados adicionais. A alimentação na rua com vendedores ambulantes constitui um risco elevado. Os alimentos devem ser bem cozidos e servidos logo após a preparação, para evitar nova contaminação com a bactéria. Os alimentos preparados com antecedência devem ser novamente aquecidos, imediatamente antes do consumo e servidos ainda quentes ("saindo fumaça"). Água mineral gaseificada e outras bebidas engarrafadas industrialmente, como refrigerantes, cervejas e vinhos são geralmente seguras. Café e chá bebidos ainda quentes não constituem risco. Não deve ser utilizado gelo em bebidas, a não ser que tenha sido preparado com água tratada (clorada ou fervida).
O tratamento químico da água a ser utilizada como bebida ou no preparo de alimentos pode ser feito com compostos halogenados (cloro ou iodo). O cloro e o iodo são capazes de eliminar a maioria dos agentes infecciosos e têm eficácia semelhante, quando utilizados nas concentrações e por períodos de tempo adequados para o tratamento. No entanto, deve ser considerado que o iodo ingerido com a água pode induzir o mau funcionamento da tireóide, quando utilizado por longo período ou em indivíduos predispostos. Os compostos iodados estão absolutamente contra-indicados em gestantes e em pessoas portadoras de doenças tireoidianas. Os filtros portáteis com poros entre 0,1 a 1 µm, removem a maioria bactérias, helmintos e protozoários, mas não eliminam os vírus de forma efectiva. Em razão disto, deve se utilizar filtros impregnados previamente com compostos halogenados ou, alternativamente, utilizar cloro (ou iodo) após a filtração. É importante verificar as instruções do fabricante quanto ao número de vezes em que é possível a utilização segura do filtro.
O tratamento da água a ser utilizada como bebida ou no preparo de alimentos pode ser feita com hipoclorito de sódio a 2 - 2,5% (água sanitária) ou cloro em comprimidos. Deve-se ter cuidado na aquisição de preparações contendo cloro. Existem algumas que, além do hipoclorito de sódio, contém outras substâncias que as tornam impróprias para o tratamento da água. Os comprimidos podem conter diversas concentrações de cloro, e alguns são indicados para o tratamento de volumes de até 100 litros de água. As instruções dos fabricantes devem sempre ser cuidadosamente lidas, e o prazo de validade observado (o da água sanitária é de seis meses). Em geral 1 ml corresponde a 20 gotas. É prudente, no entanto que a proporção 1 ml = 20 gotas seja sempre verificada em cada novo conta-gotas utilizado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o tratamento com 6 mg de cloro para cada litro de água. Quando se utiliza um conta-gotas de 1 ml = 20 gotas, 5 gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% contém 6 mg de cloro. O tratamento com comprimidos deve ser feito de acordo com as instruções dos fabricantes, observando-se cuidadosamente as recomendações em relação à concentração adequada para diferentes volumes e finalidades de utilização da água. O cloro (hipoclorito de sódio ou comprimidos) deve ser adicionado à água no mínimo 30 minutos antes da sua utilização como bebida ou para o preparo de alimentos. Em recipientes fechados, a água tratada com cloro pode ser utilizada até por 24 horas. A fervura da água antes do consumo, durante pelo menos um minuto, é uma alternativa segura ao tratamento com cloro e deve ser a preferida quando a água estiver turva. Para desinfecção de frutas e verduras deve ser utilizado 2 ml (40 gotas) de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, ou comprimidos de cloro na concentração indicada pelo fabricante. As frutas e verduras devem ser mantidas imersas por 30 minutos na água clorada. Em seguida devem ser lavados com água tratada com a concentração de cloro adequada à sua utilização como bebida.
Não se recomenda a vacinação rotineira contra a cólera. A exigência da vacinação contra a cólera foi retirada do Regulamento Sanitário Internacional em 1973. Os últimos países, segundo a Organização Mundial da Saúde, deixaram de exigir o certificado de vacinação contra a cólera em 1993. As vacinas injetáveis apresentam eficácia inferior a 50%, curta duração de imunidade (cerca de 3 meses) e não reduzem a incidência de infecções assintomáticas. As vacinas orais contra a cólera têm eficácia em torno de 85% e produzem imunidade por cerca de 3 anos. Embora os resultados iniciais sejam promissores para aplicação individual, nenhuma dessas vacinas é recomendada para viajantes de forma indiscriminada. Quando o risco de infecção é muito elevado, a utilização da vacinas orais, como medida complementar, deve ser considerada para pessoas com diminuição da secreção ácida do estômago (hipocloridria ou acloridria), em gastrectomizados ou indivíduos com actividade de alto risco (como trabalho em campos de refugiados, em áreas endêmicas).
Manifestações
Após um período de incubação de algumas horas a 5 dias, a maioria dos casos de cólera, apresenta-se como uma diarréia leve ou moderada, indistinguível das diarréias comuns. Podem ocorrer vômitos, porém dor abdominal e febre são incomuns. Em algumas pessoas (menos de 10%), a cólera pode evoluir de forma mais grave, com início súbito de uma diarréia aquosa profusa, geralmente sem muco, pus ou sangue e, com freqüência, acompanhada de vômitos. Poder ocorre perda rápida de líquidos (até 1 a 2 litros por hora) e eletrólitos, levando a desidratação acentuada. Em razão disso, há sede intensa, perda de peso, prostração, diminuição do turgor da pele e os olhos ficam encovados. Há desequilíbrio hidroeletrolítico, o que pode ocasionar cãibras musculares e, em crianças, a hipoglicemia pode levar a convulsões e redução do nível de consciência. Sem tratamento adequado ocorre diminuição da pressão sangüínea, funcionamento inadequado dos rins, diminuição do volume urinário até a anúria total, coma e evolução para a morte em três a quatro horas. Raramente, pode haver concomitância de febre alta (cólera "tifóide") e a perda de líquidos pode não ser evidente (cólera "seca"), uma vez que a desidratação pode se dar por retenção de líquidos no intestino. O óbito pode acontecer em até 50% das formas graves não tratadas, número que cai para menos de 2% com hidratação adequada.
A confirmação do diagnóstico de cólera é feita através de isolamento do V. cholerae em cultivo, feito geralmente a partir das fezes. A confirmação não tem importância para o tratamento da pessoa doente, mas é fundamental para a adopção de medidas que reduzam o risco de ocorrência de uma epidemia. É também importante, por motivos semelhantes, se a pessoa doente é proveniente de uma área onde não era antes registrada a ocorrência da doença. Além disso, o isolamento de amostras da bactéria torna possível o conhecimento da sua susceptibilidade aos antimicrobianos. O envio do material para confirmação do diagnóstico deverá ser feito através das Unidades de Atendimento.
Tratamento
O tratamento da cólera consiste basicamente em reidratação. A desidratação pode ser danosa em qualquer idade, mas é particularmente perigosa em crianças pequenas e idosos. Nos casos leves e moderados, o médico pode recomendar que o tratamento seja feito em casa, com a solução de reidratação oral. Deve se evitar a desidratação decorrente da diarréia (de qualquer causa) ingerindo bastante líquidos, preferentemente uma solução reidratatante contendo eletrólitos (sais) e glicose, em concentrações adequadas.
Sais para Reidratação Oral: Composição Recomendada - OMS

Cloreto de sódio 3,5g
Citrato trissódico, diidratado 2,9g
Cloreto de potássio 1,5g
Glicose 20,0g


Em caso de diarréia, a solução de reidratação oral deve ser preparada imediatamente antes do consumo. Para preparo da solução, o conteúdo de um envelope deve ser dissolvido em um litro de água fervida, após o resfriamento. A solução não pode ser fervida depois de preparada, mas pode ser conservada em geladeira por até 24 horas. Pode ser ingerida de acordo com a aceitação, com freqüência e volume proporcionais à intensidade da diarréia. Deve ser alternada com outros líquidos (água, chá, sopa). A alimentação deve ser reiniciada após 3 a 4 horas de aceitação adequada da reidratação oral. Nos lactentes, o aleitamento materno deve ser mantido. Nas diarréias mais acentuadas, um Serviço de Saúde deve ser procurado o mais rápido possível os casos graves devem ser hospitalizados para hidratação venosa até a melhora das condições clínicas da pessoa e, tão logo quanto possível, a reidratação oral deve ser feita simultaneamente.
Os medicamentos antidiarreicos, do mesmo modo que em todas as outras diarréias de causa infecciosa, estão contra-indicados no tratamento da cólera. Esses medicamentos diminuem os movimentos intestinais (peristaltimo), facilitando a multiplicação do V. cholerae. Como resultado, ocorre piora ou aumento na duração da diarréia. Do mesmo modo, não devem ser utilizados adstringentes (caolin-pectina, carvão), uma vez que podem perpetuar a perda de eletrólitos (sódio e potássio) pelas fezes. Em crianças, devem ser evitados medicamentos contra vômitos, uma vez que podem ocasionar intoxicação, com diminuição do nível de consciência e movimentos involuntários, dificultando a ingestão da solução oral de reidratação. Além disso, essa medicação é geralmente desnecessária, uma vez que os vômitos tendem a cessar com o início da reidratação.
Na maioria dos casos, mesmo nas formas graves, a recuperação é completa e rápida, apenas com a reidratação adequada. Nas formas graves, os antibióticos quando iniciados nas primeiras 24 horas de doença, podem diminuir a duração da diarréia e, com isto, as perdas de líquido e eletrólitos, o que facilita a terapêutica. Nos casos sem gravidade, o uso de antibióticos não é justificável, uma vez que não trazem qualquer benefício comprovado na evolução da doença ou interferência na sua disseminação. Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos aumenta o risco do surgimento de resistência no V. cholerae (e em outras bactérias intestinais), o que pode dificultar o tratamento das formas graves.

GASTRENTERITE
Gastrenterite é uma inflamação do estômago e intestino delgado que produz diarréia, câimbras, náusea e outros sintomas de desconforto digestivo.
Em adultos, as duas causas mais comuns de gastrenterite são as infecções virais e a intoxicação gastrintestinal:
Gastrenterite viral - Ao contrário do que se poderia esperar, em adultos saudáveis, as infecções virais do trato digestivo são freqüentemente responsáveis por episódios moderados de gastrenterite. O vírus de Norwalk, o rotavírus, os adenovirus e outros agentes que produzem gastrenterite viral tipicamente se espalham quando alguém entra em contato com as fezes de uma pessoa infectada ou com superfícies contaminadas. Por isto, o pessoal da saúde e trabalhadores que cuidam de crianças têm um risco especialmente elevado de contrair a gastrenterite viral, particularmente se eles não lavam suas mãos completamente depois de lidar com fraldas sujas, comadres ou instalações de banheiro. Sob circunstâncias especiais, os agentes que também causam gastrenterite viral podem ser transmitidos pela água ou pela comida, especialmente na água potável ou pela ingesta de caramujos e frutos do mar que foram contaminados através do escoamento de esgoto. O pessoal que faz a comida que está infectado e que também não segue os procedimentos sanitários adequados pode espalhar gastrenterite viral em refeições servidas em restaurantes e lanchonetes. A Gastrenterite viral se espalha freqüentemente e muito facilmente em instituições e outras situações onde as pessoas vivem em cubículos fechados, como por exemplo: prisões, casas de repouso ou de cuidado, cruzeiro de navios, escolas, dormitórios de faculdade e acampamentos públicos.
Intoxicação Gastrintestinal - A comida que foi impropriamente preparada ou armazenada pode cultivar bactérias em sua superfície, e estas bactérias às vezes produzem substâncias químicas irritantes chamadas toxinas. Se uma pessoa comer a comida cheia de germes, os sintomas de gastrenterite ou são ativados pelas bactérias deles ou por seus subprodutos irritantes (toxinas). Os sintomas começam tipicamente dentro de alguns dias.
A cada ano, milhões de pessoas no mundo todo desenvolvem gastrenterite comendo comida contaminada, enquanto outros milhões sofrem de episódios moderados de gastrenterite viral. Em adultos saudáveis, ambas as formas de gastrenterite tendem a ser moderadas e breves, e muitos episódios acabam não sendo informados ao médico. Porém, em idosos e em pessoas com defesas imunes debilitadas, a gastrenterite pode às vezes produzir desidratação (níveis anormalmente baixos de água no corpo) e outras complicações perigosas. Até mesmo em adultos saudáveis, certos tipos de bactérias agressivas causam formas mais sérias de intoxicação gastrintestinal que pode produzir ocasionalmente febre alta e sintomas gastrintestinais severos.
Quadro Clínico
Em adultos, os sintomas de gastrenterite incluem diarréia moderada típica (menos que 10 evacuações líquidas por dia), câimbras, febre moderada (menor que 38,5°C), dor de cabeça, náuseas e às vezes vômitos.
Sintomas
Os sintomas da gastrenterite são os seguintes:
• Febre acima de 39°C recorrente
• Sangue ou pus nas fezes
• Diarréia que dura mais de cinco dias
• Sintomas de desidratação significativa, incluindo boca seca, sede intensa e fraqueza
• Uma história de recente viagem para um país subdesenvolvido ou para qualquer região onde o serviço de saúde pública é pobre
• Qualquer condição médica que debilite o sistema imune ou estar em tratamento com medicamentos imunossupressores.
Procure um gastroenterologista prontamente se tiver os sintomas acima. Procure também seu médico prontamente se você estiver tomando medicamentos orais para uma condição médica crônica e estiver com náuseas, dificultando engolir ser medicamento ou com vômitos depois de tomá-los.
Prevenção
Para ajudar a prevenir a gastrenterite, você pode:
 Freqüentemente lavar suas mãos, especialmente depois de usar o banheiro, depois de trocar as fraldas do bebê e depois de cuidar de alguém que tem diarréia.
 Lavar suas mãos antes e depois de preparar a comida, especialmente depois de manusear carne crua.
 Lavar a roupa suja de diarréia com sabão em pó que tenha alvejante á base de cloro. Se as superfícies do banheiro estão contaminadas com fezes, esfregue-as com um limpador doméstico à base de cloro.
 Cozinhar toda a carne completamente antes de comê-la, e refrigerar as sobras no máximo em duas horas após a exposição ambiente.
 Ter certeza que você não transferiu comidas cozidas para pratos que não foram lavados, que continham carne crua.
 Lavar os utensílios de cozinha completamente depois que eles forem usados no preparo da carne.
 Nunca tome leite não pasteurizado ou água sem tratamento.
 Beba somente água engarrafada ou refrigerantes quando viajar a uma região onde o serviço de saúde pública é pobre, e enquanto você estiver lá, não coma legumes crus ou frutas que você não tenha descascado.
Tratamento
Em adultos saudáveis, a maioria dos casos de gastrenterite moderada se resolvem dentro de alguns dias. Você pode tentar as sugestões seguintes até que seus sintomas diminuam:
 Para prevenir a desidratação, beba bastante líquidos, água, refrigerantes, bebidas isotônicas (Gatorade, Marathon, etc), ou líquidos de reidratação oral. Se você ficar com náuseas quando beber esta quantidade de líquidos, tente tomar em goles menores e num período mais prolongado.
 Uma vez sua náusea comece a diminuir, gradualmente retome a dieta normal. Comece com sopas, caldos ou gelatinas, a seguir, introduza o arroz e comidas mais consistentes. Temporariamente evite produtos do leite e comidas que contenham farinha de trigo (pão, macarrão, pizza), pois seu trato digestivo pode ficar extraordinariamente sensível a eles durante alguns dias. Também temporariamente evite comidas ricas em fibra, como frutas, folhas, milho e farelo de trigo.
 Use medicamentos anti-diarreicos com moderação. Estes medicamentos interferem com um dos mecanismos de defesa mais efetivos de seu intestino: a habilidade de eliminar bactérias prejudiciais e toxinas de seu corpo pelas fezes.
 Descanse na cama.
Se você tiver sintomas de gastrenterite severa, seu médico pode prescrever medicamentos para aliviar suas náuseas, vômitos e diarréia; líquidos intravenosos para tratar os sintomas de desidratação severa; e antibióticos se os exames de fezes confirmarem que uma infecção bacteriana séria está causando sua gastrenterite.

POLIOMIELITE
A poliomielite é conhecida desde a pré-história. Em pinturas do antigo Egipto já aparecem figuras com membros flácidos atrofiados típicos da doença.
A Poliomielite é uma doença em erradicação pela vacinação dirigida pela OMS, causada por um vírus denominado Poliovirus, que causa paralisia por vezes mortal.
É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos, como a transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa através de contacto fecal - oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos, estão particularmente sob risco. O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de água e alimentos.
Todos os doentes, assintomáticos ou sintomáticos, expulsam grande quantidade de vírus infecciosos nas fezes, até cerca de três semanas depois da infecção do indivíduo.
Os seres humanos são os únicos atingidos e os únicos reservatórios, daí a vacinação universal poder erradicar essa doença completamente.
Progressão e sintomas
O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. A descrição seguinte refere-se à poliomielite maior, paralítica, mas esta corresponde a uma minoria dos casos. Na maioria o sistema imunitário destrói o vírus em alguma fase antes da paralisia.
A infecção é oral e há invasão e multiplicação do tecido linfático da faringe (tonsilas ou amígdalas). Ele é daí ingerido e sobrevive ao suco gástrico, invadindo os enterócitos do intestino a partir do lúmen e aí multiplicando-se. As manifestações iniciais são parecidas com as de outras doenças virais. Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta, gripe) ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal). Em seguida dissemina-se pela corrente sangüínea e vai infectar por essa via os órgãos. Os mais atingidos são o sistema nervoso incluindo cérebro, coração e o fígado. A multiplicação nas células do sistema nervoso (encefalite) pode ocasionar a destruição de neurônios motores, o que resulta em paralisia flácida dos músculos por eles inervados.
As manifestações clínicas da infecção são variadas e podem ser descritas em quatro grupos:
 Doença assimptomática: mais de 90% dos casos são assimptomáticos, com limitação efectiva pelo sistema imunitário da infecção à faringe e intestino. Não há sintomas e a resolução é rápida sem quaisquer complicações.
 Poliomielite abortiva ou Doença menor: ocorre em 5% dos casos, com febre, dores de cabeça, dores de garganta, mal estar e vómitos, mas sem complicações sérias.
 Poliomielite não-paralítica com meningite asséptica: ocorre em 1 ou 2% dos casos; além dos sintomas iniciais da doença menor, ocorre inflamação das meninges do cérebro com dores de cabeça fortes e espasmos musculares mas sem danos significativos neuronais.
 Poliomielite paralítica ou doença maior: de 0,1 a 2% dos casos. Após os três ou quatro dias depois dos sintomas iniciais da doença menor desaparecerem (ou cerca de 10 dias depois de se iniciarem), surge a paralisia devido a danos nos neurónios da medula espinal e córtex motor do cérebro. A paralisia flácida (porque os membros afectados são maleáveis ao contrário da rigidez que ocorre noutras doenças) afecta um ou mais membros, e músculos faciais. O número de músculos afectados varia de doente para doente e tanto pode afectar apenas um grupo discreto como produzir paralisia de todos os músculos do corpo. Se afectar os músculos associados ao sistema respiratório ou o centro neuronal medular que controla a respiração subconsciente directamente, a morte é provável por asfixia. A paralisia respiratória é devida à poliomielite bulbar, que afecta esses nervos: a taxa de mortalidade da variedade bulbar é 75%. As regiões corporais paralisadas conservam a sensibilidade. Se o doente sobreviver alguns poderão recuperar alguma mobilidade nos músculos afectados, mas frequentemente a paralisia é irreversível. A mortalidade total de vítimas da poliomielite paralítica é de 15 a 30% para os adultos e 2 a 5% para crianças.
A síndrome pós-poliomielite atinge cerca de metade das vítimas de poliomielite muitos anos depois da recuperação (por vezes mais de 40 anos depois). Caracteriza-se pela atrofia de músculos, presumivelmente pela destruição no tempo da doença de muitos neurónios que os inervavam. Com a perda de actividade muscular da velhice a atrofia normal para a idade processa-se a taxas muito mais aceleradas devido a esse facto.

Tratamento
A poliomielite não tem tratamento específico. No passado preservava-se a vida dos doentes com poliomielite bulbar e paralisia do diafragma e outros músculos respiratórios com o auxílio de máquinas que criavam as pressões positivas e negativas necessárias à respiração por eles (respiração artificial ou pulmão de ferro). Antes dos programas de vacinação, os hospitais pediátricos de todo o mundo estavam cheios de crianças perfeitamente lúcidas condenadas à prisão do seu "pulmão de ferro".
A única medida eficaz é a vacinação. Há dois tipos de vacina: a Salk e a Sabin. A Salk consiste nos três serotipos do vírus inactivos com formalina ("mortos"), e foi introduzida em 1955 por Jonas Salk. Tem a vantagem de ser estável, mas é cara e tem de ser injectada três vezes, sendo a protecção menor.
A Sabin, que começou a ser testada em humanos em 1957 e foi licenciada em 1962, consiste nos três serótipos vivos mas pouco virulentos. É de administração oral, baixo preço e alta eficácia, mas em 1 caso em cada milhão os vírus vivos tornam-se virulentos e causam paralisia. Nos países onde a poliomielite ainda existe deve ser usada a Sabin porque o risco baixo é mais que contrabalançado pelo risco real da verdadeira poliomielite. Nos países onde ela já foi erradicada, a vacina Salk é mais que suficiente e os riscos de paralisia menos aceitáveis.
FEBRE TIFÓIDE
A febre tifóide ou tifoide é uma doença contagiosa causada pela bactéria Salmonella typhi. A febre tifóide é uma doença distinta e não relacionada com o Tifo, mas também é trasmitida pela a aproximação das pessoas infectadas.
Transmissão
É transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada, o mais comum, ou então pelo contacto directo com os portadores, através de um beijo por exemplo. Seja qual for a origem a única porta para a sua entrada é a via digestiva.
Epidemiologia
A doença é exclusiva do ser humano. É sempre transmitida via orofecal, ou seja, pela contaminação, por fezes, de alimentos ou objectos levados à boca.
Muitos casos são devidos à preparação não higiênica da comida, em que um indivíduo portador (com a bactéria no intestino, porém saudável e sem sintomas por períodos prolongados) suja os dedos com os seus próprios detritos fecais e não lava as mãos antes de manusear os alimentos. Cerca de 5% dos doentes não tratados com antibiótico tornam-se portadores após resolução da doença.
Quadro clínico
As bactérias são ingeridas e a partir do lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão directa, passando depois à subserosa. Aí são fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado, pele e medula óssea. A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea.
Os primeiros sintomas, aumentando ao longo da primeira semana, são febre de cerca 40ºC, dores de cabeça, fadiga, bradicardia, e agitação durante o sono. Podem aparecer manchas rosa na pele. Após cerca de 3 semanas, o enfermo pode apresentar falta de apetite (anorexia), hemorragia nasal (epistaxe), diarréia e vómitos, esplenomegália, tosse, delírios e estado de torpor, surgindo depois quadros de septicemia, com possível choque séptico mortal.
Se não for tratada, a febre tifóide pode complicar-se em hemorragia ou até perfuração intestinal e inflamação da vesícula biliar. A mortalidade chega a 25% nos casos não tratados, sendo freqüentemente causada pela septicemia e choque (perda catastrófica da tensão arterial com isquémia fatal dos órgãos).
Tratamento
A febre tifóide deve ser tratada com antibióticos específicos, mais comumente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. São tratadas as complicações de acordo com a sua condição, caso haja.
Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico devem ser isolados, já que mesmo curados podem tornar-se portadores do bacilo por meses, até mesmo anos. São-lhes administrados antibióticos que eliminam as bactérias remanescentes.
Prevenção
Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifóide é necessário tratar a água e os alimentos, controlar o lixo, observar boas condições de higiene e a boa alimentação. É importante no seguimento de qualquer epidemia identificar os portadores e eliminar as bactérias que transportam com antibióticos.
Por ser uma doença altamente contagiosa, normalmente isola-se o infectado, isolando assim também a doença em locais de prática clínica e de higiene adequada evitando sua proliferação através da água, um dos mais importantes vectores de contágio em todo mundo.
Curiosidade:
A Salmonella typhi é também conhecida como bacilo de Elberth, assim chamado em homenagem a Karl Joseph Elberth que o descreveu pela primeira vez em 1880.
Em 1907, Mary Mallon (a original "Maria Tifóide") foi o primeiro portador a ser identificado após uma epidemia, nos EUA.
A tifóide matou várias personagens famosas, incluindo o compositor Franz Schubert, o consorte da Rainha Vitória do Reino Unido Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, Wilbur Wright, um dos primeiros aviadores e ainda a princesa do Brasil Leopoldina de Bragança e Bourbon.
HEPATITE
Hepatite é toda e qualquer inflamação do fígado e que pode resultar desde uma simples alteração laboratorial (portador crônico que descobre por acaso a sorologia positiva), até doença fulminante e fatal (mais freqüente nas formas agudas).
Causas da Hipatite
Existem várias causas de hepatite, sendo as mais conhecidas as causadas por vírus (vírus das hepatite A, B, C, D, E, F, G, citomegalovírus, etc). Outras causas: drogas (antiinflamatórios, anticonvulsivantes, sulfas, derivados imidazólicos, hormônios tireoidianos, anticoncepcionais, etc), distúrbios metabólicos (doença de Wilson, politransfundidos, hemossiderose, hemocromatose, etc), transinfecciosa, pós-choque.
Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das células hepáticas. A grande maioria das hepatites agudas são assintomáticas ou leva a sintomas incaracterísticos como febre, mal estar, desânimo e dores musculares. Hepatites mais severas podem levar a sintomas mais específicos, sendo o sinal mais chamativo a icterícia, conhecida popularmente por “trisa” ou "amarelão" e que caracteriza-se pela coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. Associado pode ocorrer urina cor de coca-cola (colúria) e fezes claras, tipo massa de vidraceiro (acolia fecal). Hepatites mais graves podem cursar com insuficiência hepática e culminar com a encefalopatia hepática e óbito. Hepatites crônicas (com duração superior a 6 meses), geralmente são assintomáticas e podem progredir para cirrose.
Hepatites Virais
Considerada a maior pandemia mundial da actualidade. 60 a 80% cronificam em 15-20 anos, evoluindo para cirrose hepática, e 1-2% para hepatocarcinoma. Quadro clínico (primeiros 3 a 10 dias – pródromo):
o febre,
o mal-estar,
o inapetência,
o mialgia,
o cefaléia,
o náuseas,
o adinamia
• Após cessam sintomas prodrômicos e iniciam-se:
o colúria,
o acolia,
o icterícia.
Quanto mais sintomática for a fase aguda da doença, maior a chance da doença hepática se cronificar
• Exame físico:
o micropoliadenopatia pequena,
o hepatomegalia discreta e dolorosa (devido à distensão da cápsula hepática),
o pequena esplenomegalia reacional,
o mais raramente: sinais meníngeos, artralgia, rash cutâneo.
• Diagnóstico diferencial:
o outras etiologias de hepatites,
o leptospirose,
o malária,
o febre amarela,
o sepse,
o obstrução de vias biliares.
Hepatite A
É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite A, que pode cursar de forma subclínica. Altamente contagiosa, sua transmissão é do tipo fecal oral, ou seja, ocorre contaminação directa de pessoa para pessoa ou através do contacto com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum onde não há ou é precário o saneamento básico. A falta de higiene ajuda na disseminação do vírus. O uso na alimentação de moluscos e ostras de águas contaminadas com esgotos e fezes humanas contribui para a expansão da doença. Uma vez infectada a pessoa desenvolve imunidade permanente. Existe vacina segura para hepatite A. A transmissão através de agulhas ou sangue é rara. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. A icterícia é mais comum no adulto (60%) do que na criança (25%). A icterícia desaparece em torno de duas a quatro semanas. É considerada uma hepatite branda, pois não há relatos de cronificação e a mortalidade é baixa. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber sintomáticos e tomar medidas de higiene para prevenir a transmissão para outras pessoas. Pode ser prevenida pela higiene e melhorias das condições sanitárias, bem como pela vacinação. É conhecida como a hepatite do viajante.
Hepatite B
Sua transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, também com as tintas das tatuagens, bem como através da relação sexual. É considerada também uma doença sexualmente transmissível. Pode ser adquirida através de tatuagens, piercings, no dentista e até em sessões de depilação. Os sintomas são semelhantes aos das outras hepatites virais, mas a hepatite B pode cronificar e provocar a cirrose hepática. A prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais e não utilizando materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único. Quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores as chances de ter uma cirrose hepática. Existe vacina para hepatite B, que é dada em três doses intramusculares e deve ser repetida a cada 10 anos.
Hepatite C
Hepatite que pode ser adquirida através de transfusão sanguínea, tatuagens, uso de drogas, piercings, e em manicure, e de grande preocupação para a Saúde Pública. A grande maioria dos pacientes é assintomática no período agudo da doença, mas podem ser semelhantes aos das outras hepatites virais. Estima-se que 3 % da população mundial esteja contaminada, atingindo níveis dez vezes maiores no continente africano. A hepatite C é perigosa porque pode cronificar e provocar a cirrose hepática e o hepatocarcinoma, neoplasia maligna do fígado.
A prevenção é feita evitando-se o uso de materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único, bem como material próprio em manicures. A esterilização destes materiais é possível, porém não há controle e as pessoas que ‘dizem’ que esterilizam não têm o preparo necessário para fazer uma esterilização real. Não existe vacina para a hepatite C e é considerada pela Organização Mundial da Saúde como o maior problema de saúde pública, é a maior causa de transplante hepático e transmite-se pelo sangue mais facilmente do que a AIDS.
O anti-HCV positivo detecta infecção atual ou pregressa. Pode ser necessário biopsia hepática para descartar malignidade e determinar o grau da doença. A detecção do ácido ribonucleico (RNA) do vírus caracteriza a presença do vírus no hospedeiro.
Aproximadamente metade dos pacientes tratados irão se curar. Possuem melhores resposta ao tratamento os pacientes com idade inferior a 40 anos, do sexo feminino, com genótipos 2 ou 3, que não apresentem cirrose e de peso inferior a 85 kilogramas.
Hepatite não A não B não C
Termo antigo muito usado para hepatites que não eram nem A nem B, que hoje se reconhece ser a maioria do tipo C, podendo ser também E.
Hepatite D
Causada por RNA-vírus (tão pequeno que é incapaz de produzir seu próprio envelope protéico e de infectar uma pessoa), só tem importância quando associada à hepatite B, pois a potencializa. Isoladamente parece não causar infecção. Geralmente encontrado em pacientes portadores do vírus HIV e está mais relacionado à cronificação da hepatite e também à hepatocarcinoma.
Hepatite E
É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que se pode curar de forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintoma iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum após enchentes Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarréia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado para mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com hepatite fulminante. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado comprar alimentos e bebidas de vendedores ambulantes.
Hepatite F
DNA-vírus, transmitido a macacos Rhesus sp. em laboratório experimentalmente, através de extratos de fezes de macacos infectados. Ainda não há relatos de casos em humanos.
Hepatite G
A hepatite G foi a hepatite descoberta mais recentemente (em 1995) e é provocada pelo vírus VHG (vírus mutante do vírus da hepatite C) que se estima ser responsável por 0,3 por cento de todas as hepatites víricas. Desconhecem-se, ainda, todas as formas de contágio possíveis, mas sabe-se que a doença é transmitida, sobretudo, pelo contato sanguíneo (transmissão parenteral). Pode evoluir para infecção persistente com prevalência de 2% entre doadores de sangue. Em análises feitas nos Estados Unidos da América aos doadores de sangue demonstrou-se que cerca de dois por cento já teve contacto com o vírus. Supõe-se que o VHG se encontre em 20 a 30 por cento dos utilizadores de drogas injectáveis e em dez por cento das pessoas que foram sujeitas a uma transfusão de sangue. Em cerca de 20 por cento dos doentes com infecção pelos VHB ou VHC é possível detectar anticorpos para o VHG, mas esta coinfecção não parece influenciar a evolução daquelas hepatites. Não foi ainda possível determinar com exactidão – dado que a descoberta da doença e do vírus que a provoca foram recentes –, as consequências da infecção com o vírus da hepatite G. A infecção aguda é geralmente «suave» e transitória e existem relatos duvidosos de casos de hepatite fulminante (os especialistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre as causas destas hepatites fulminantes). Noventa a 100 por cento dos infectados tornam-se portadores crónicos mas podem nunca vir a sofrer de uma doença hepática. Até agora não foi possível comprovar que a infecção pelo VHG conduza a casos de cirrose ou de cancro no fígado. Diagnóstico: pesquisa HGV-RNA.
Outras hepatites virais
Outros vírus podem causar hepatites, porém sem ser causa comum. São potencialmente causadores de hepatite em pacientes submetidos a transfusões sanguíneas e imunodeprimidos o Epstein-Barr, o citomegalovírus e o herpes zoster. Outros agentes de importância são os vírus da dengue e febre amarela.
Hepatites medicamentosa
Existe um grande número de drogas que são hepatotóxicas, ou seja, lesam directamente o hepatócito. Tais drogas podem portanto causar hepatite. A droga antidiabetes troglitazona, por exemplo, foi retirada do mercado em 2000 por causar hepatite. O acetaminofeno (Paracetamol), substância analgésica muito utilizada por crianças e adultos, é considerada altamente hepatotóxica, quando em doses elevadas.
Outras drogas associadas a hepatite:
• Allopurinol
• Amitriptilina (antidepressivo)
• Amiodarone (antiarrítmico)
• Azathioprine [2][3]
• Halothane (um tipo específico de gás anestésico)
• Contraceptivos hormonais
• Ibuprofeno e indomethacin (Antiinflamatórios não-esteróides)
• Isoniazid (INH), rifampicin, e pyrazinamide (antibióticos específicos para tuberculose)
• Ketoconazole (antifungal)
• Methyldopa (contra hipertensão)
• Minocycline (antibiótico tetracycline)
• Nifedipine (contra hipertensão)
• Nitrofurantoin (antibiótico)
• Phenytoin e ácido valproico (antiepilepsia)
• Zidovudine (anti-retroviral ex. combate à AIDS)
• Alguns suplementos nutricionais de ervas e vegetais
O progresso clínico de uma hepatite induzida por medicamentos é muito variável, dependendo da droga e da tendência do paciente a reagir à droga. Por exemplo, hepatite induzida por halothane pode ser de média à fatal, assim como a hepatite induzida por INH. Contraceptivos hormonais podem causar mudanças estruturais no fígado. Hepatite por Amiodarone pode ser incurável, uma vez que a longa meia vida da droga (mais de 60 dias) significa que não há maneira eficiente de impedir exposição à droga. Finalmente, a diversidade humana é tão grande que qualquer droga pode vir a causar hepatite.
Hepatite autoimune (HAI)
São hepatites causadas por uma auto agressão do organismo, que fabrica anticorpos que atacam e matam os hepatócitos. Isto pode acontecer porque uma bactéria, vírus ou um fungo pode conter uma porção muito parecida com a célula hepática, causando confusão do sistema imunológico. O tratamento é feito com corticóides e drogas imunossupressoras.



INTOXICAÇÃO
A intoxicação consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contacto com a pele, olhos ou membranas mucosas.
Praticamente qualquer substância, se ingerida em grandes quantidades, pode ser tóxica. Porém, entre os mais de 12 milhões de produtos químicos conhecidos, menos de 3.000 causam a maior parte das intoxicações. Os idosos e as crianças são particularmente vulneráveis à intoxicação acidental.
Os sintomas de intoxicação dependem do produto, da quantidade ingerida e de certas características físicas da pessoa que o ingeriu. Algumas substâncias não são muito potentes e exigem uma exposição contínua para que ocorram problemas. Outros produtos são mais tóxicos e basta uma gota sobre a pele para causar graves problemas.
O tratamento mais comum para os casos de ingestão acidental de substâncias tóxicas consiste em ministrar grandes doses de carvão activado ao paciente, pois esse produto tem a capacidade de absorver os elementos tóxicos que se encontram em suspensão em seu aparelho digestivo.
Substâncias tóxicas mais comuns




Cogumelo Psilocybe cyanescens, conhecido por provocar alucinações e intoxicação

Sementes de Mamona (Ricinus comunis), essa parte da planta apresenta elevado grau de toxicidade



Frutos de Beladona (Atropa belladonna). A Ingestão de 5 desses pequenos frutos pode levar a óbito uma pessoa adulta



A soda cáustica é um dos produtos de uso doméstico mais perigosos
• Produtos de uso doméstico
o Acetona
o Água sanitária
o Álcool
o Amônia
o Anticongelante (usado nos radiadores dos automóveis)
o Anti-séptico bucal
o Naftalina
o Cloro
o Colas
o Desodorantes
o Detergentes
o Esmalte de unha
o Éter
o Flúor na ingestão de cremes dentais.
o Gasolina
o Herbicidas
o Inseticidas
o Limpadores de vasos sanitários
o Líquidos de limpeza
o Perfumes
o Pesticidas
o Querosene
o Raticida
o Soda cáustica
o Solventes de tinta
o Terebentina
o Tintas
o Vernizes
• Produtos alimentares
o Alimentos vencidos e/ou contaminados (intoxicação alimentar)
o Bebidas alcoólicas
o Cogumelos (Algumas espécies)
o Noz moscada
o Pimentas (em grandes quantidades)
• Plantas
o Aroeira
o Beladona
o Buchinha
o Comigo-ninguém-pode
o Coroa de cristo
o Dedaleira
o Erva-moura inglesa
o Mamona (Rícino)
o Mandioca Brava
o Palmeira cica
o Poinsétia
o Urtiga
• Substâncias químicas industriais e poluentes
o Ácido sulfúrico
o Arsênico
o Benzeno
o Cianeto
o Chumbo
o Enxofre
o Estricnina
o Flúor no ácido hidroflúorsilicico Poluente ambiental
o Hidróxido de sódio
o Lixívia
o Manganês
o Mercúrio
o Metais Pesados
o Metanol
o Monóxido de Carbono
o Nafta
o Organoclorados
o Ozônio
o Tolueno
• Drogas e Medicamentos
o Qualquer droga ou medicamento, se ingerido em grande quantidade, é potencialmente tóxico.
• Venenos de insetos, aracnídeos e animais peçonhentos em geral
• Toxinas produzidas por alguns fungos, bactérias, algas e animais

MALÁRIA
A malária ou paludismo é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles.
A malária mata 3 milhões de pessoas por ano, uma taxa só comparável à da SIDA/AIDS, e afecta mais de 500 milhões de pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morte em crianças nesses países: (mata um milhão de crianças com menos de 5 anos a cada ano). Segundo a OMS, a malária mata uma criança africana a cada 30 segundos, e muitas crianças que sobrevivem a casos severos sofrem danos cerebrais graves e têm dificuldades de aprendizagem.
A designação paludismo surgiu no século XIX, formada a partir da forma latinizada de paul, palude, com o sufixo -ismo. Malária é termo de origem italiana que se internacionalizou e que surge em obras em português na mesma altura.
Transmissão
A malária é transmitida pela picada das fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles. A transmissão geralmente ocorre em regiões rurais e semi-rurais, mas pode ocorrer em áreas urbanas, principalmente em periferias. Em cidades situadas em locais cuja altitude seja superior a 1500 metros, no entanto, o risco de aquisição de malária é pequeno. Os mosquitos têm maior actividade durante o período da noite, do crepúsculo ao amanhecer. Contaminam-se ao picar os portadores da doença, tornando-se o principal vector de transmissão desta para outras pessoas. O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre.
O mosquito da malária só sobrevive em áreas que apresentem médias das temperaturas mínimas superiores a 15°C, e só atinge número suficiente de indivíduos para a transmissão da doença em regiões onde as temperaturas médias sejam cerca de 20-30°C, e umidade alta. Só os mosquitos fêmeas picam o homem e alimentam-se de sangue. Os machos vivem de seivas de plantas. As larvas se desenvolvem em águas paradas, e a prevalência máxima ocorre durante as estações com chuva abundante.
A malária pode apresentar algumas variações no ciclo da doença, mas em geral pode ser descrita da forma apresentada a seguir:
Quando o protozoário penetra no sangue humano, aloja-se nas células do fígado. Depois de um período, passa a usar os glóbulos vermelhos (também denominadas de hemácias) para se reproduzir. As infestações nestes dois tipos de células provocam graves sintomas, tais como: intensas dores abdominais, no corpo e na cabeça, febre, calafrios e vômitos. Em muitos casos, quando a malária não é tratada adequadamente, pode levar a morte. Os ciclos de febre coincidem com um grande número de explosões de hemácias e a liberação de protozoários no sangue do hospedeiro.
Progressão e sintomas
A malária causada pelo protozoário P.falciparum caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos, como dores de cabeça, fadiga, febre e náuseas. Estes sintomas podem durar vários dias (seis para P.falciparum, várias semanas para as outras espécies).
Sintomas crónicos incluem a anemia, cansaço, debilitação com redução da capacidade de trabalho e da inteligência. A malária causada pelo protozoário P.falciparum caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos, como dores de cabeça, fadiga, febre e náuseas. Estes sintomas podem durar vários dias (seis para P.falciparum, várias semanas para as outras espécies).
Mais tarde, caracterizam-se por acessos periódicos de calafrios e febre intensos que coincidem com a destruição maciça de hemácias e com a descarga de substâncias imunogénicas tóxicas na corrente sangüínea ao fim de cada ciclo reprodutivo do parasita. Estas crises paroxísticas, mais frequentes ao cair da tarde, iniciam-se com subida da temperatura até 39-40°C. São seguidas de palidez da pele e tremores violentos durante cerca de 15 minutos a uma hora. Depois cessam os tremores e seguem-se duas a seis horas de febre a 41°C, terminando em vermelhidão da pele e suores abundantes. O doente sente-se perfeitamente bem depois e até à crise seguinte, dois a três dias depois. Se a infecção for de P. falciparum, denominada malária maligna, pode haver sintomas adicionais mais graves como: choque circulatório, síncopes (desmaios), convulsões, delírios e crises vaso-oclusivas. A morte pode ocorrer a cada crise de malária maligna. Pode também ocorrer a chamada malária cerebral: a oclusão de vasos sanguíneos no cérebro pelos eritrócitos infectados causa défices mentais e coma seguidos de morte (ou défice mental irreversível). Danos renais e hepáticos graves ocorrem pelas mesmas razões. As formas causadas pelas outras espécies ("benignas") são geralmente apenas debilitantes, ocorrendo raramente a morte.
Os intervalos entre as crises paroxísticas são diferentes consoante a espécie. Para as espécies de P. falciparum, P. ovale e P. vivax, o ciclo da invasão de hemácias por uma geração, multiplicação interna na célula, hemólise (rompimento da hemácia) e invasão pela nova geração de mais hemácias dura 48 horas. Normalmente há acessos de febre violenta e tremores no 1°dia, e passados 48 horas já no 3°dia, etc, sendo classificada de malária ternária. A infecção pelo P. malariae tem ciclos de 72 horas, dando-se no 1°dia, depois no 4°dia, etc, constituindo a malária quaternária. A detecção precoce de malária quaternária é importante porque este tipo não pode ser devido a P. falciparum, sendo, portanto, menos perigoso.
Se não diagnosticada e tratada, a malária maligna causada pelo P. falciparum pode evoluir rapidamente, resultando em morte. A malária "benigna" das outras espécies resulta em debilitação crónica mas mais raramente em morte.
Epidemiologia
É uma das doenças mais importantes para a humanidade, devido ao seu impacto e custos, e constitui um fardo extremamente pesado para as populações dos países atingidos, principalmente em África, incomparável aos custos sociais de qualquer doença ocidental. A malária existe potencialmente em todas as regiões onde existem humanos e mosquitos Anopheles em quantidade suficiente, o que inclui todas as regiões tropicais de todos os continentes e muitas regiões subtropicais. Hoje em dia, a África é particularmente atingida, estando poupadas apenas o norte e a África do Sul. Na América existe em toda a região central (México e países do istmo) e norte da América do Sul, incluindo mais de metade do território do Brasil (todo o Nordeste e Amazónia) e ainda nas Caraíbas (não existe no Sul incluindo Sul do Brasil). Na Ásia está presente em todo o subcontinente indiano, Médio Oriente, Irão, Ásia central, Sudeste asiático, Indonésia, Filipinas e sul da China. A malária já existiu mas foi erradicada no século XX da região mediterrânea, incluindo Sul da Europa: Portugal, Espanha, Itália, sul da França e Grécia; e no Sul e Oeste dos EUA. Ao todo, vivem quase 3 bilhões de pessoas em regiões endémicas (ou seja, metade da humanidade) em mais de 100 países.
Há, todos os anos, 300 a 500 milhões de casos da malária, dos quais mais de 90% na África, a maioria com resolução satisfatória, mas resultando em enfraquecimento e perda de dias de trabalho significativos. Ela mata, contudo, cerca de 2 milhões de pessoas em cada ano, cerca de um milhão das quais são crianças com menos de 5 anos.
Na Europa e, mais especificamente, em Portugal, os casos são muito menos graves, havendo apenas alguns milhares. A grande maioria dos casos, e provavelmente a sua totalidade, são importados de pessoas que visitaram países tropicais.


Prevenção
Ainda não há uma vacina eficaz contra a malária, havendo apenas estudos de alcance reduzido sobre testes de uma vacina sintética desenvolvida por Manuel Elkin Patarroyo em 1987. Acredita-se que uma vacina possa estar disponível comercialmente nos próximos anos, ou seja, até 2010. A melhor medida, até o momento, é a erradicação do mosquito Anopheles. Ultimamente, o uso de inseticidas potentes mas tóxicos, proibidos no ocidente, tem aumentado porque os riscos da malária são muito superiores aos do inseticida. O uso de redes contra mosquitos é eficaz na proteção durante o sono, quando ocorre a grande maioria das infecções. Os cremes repelentes de insectos também são eficazes, mas mais caros que as redes. A roupa deve cobrir a pele nua o mais completamente possível de dia. O mosquito não tem tanta tendência para picar o rosto ou as mãos, onde os vasos sanguíneos são menos acessíveis, enquanto as pernas, os braços ou o pescoço possuem vasos sanguíneos mais acessíveis.
A drenagem de pântanos e outras águas paradas é uma medida de saúde pública eficaz.
Tratamento
A malária maligna, causada pelo P.falciparum é uma emergência médica. As outras malárias são doenças crónicas.
O tratamento farmacológico da malária baseia-se na susceptibilidade do parasita aos radicais livres e substâncias oxidantes, morrendo em concentrações destes agentes inferiores às mortais para as células humanas. Os fármacos usados aumentam essas concentrações.
A quinina (ou o seu isómero quinidina), um medicamento antigamente extraído da casca da Cinchona, é ainda usada no seu tratamento. No entanto, a maioria dos parasitas já é resistente às suas acções. Foi suplantada por drogas sintéticas mais eficientes, como quinacrina, cloroquina, e primaquina. É frequente serem usados cocktails (misturas) de vários destes fármacos, pois há parasitas resistentes a qualquer um deles por si só. A resistência torna a cura difícil e cara.
Ultimamente a artemisinina, extraída de uma planta chinesa, tem dado resultados encorajadores. Ela produz radicais livres em contacto com ferro, que existe especialmente na hemoglobina no interior das hemácias, onde se localiza o parasita. É extremamente eficaz em destruí-lo, causando efeitos adversos mínimos. No entanto, as quantidades produzidas hoje são insuficientes. No futuro, a cultura da planta artemisina na África poderá reduzir substancialmente os custos. É o único fármaco antimalárico para o qual ainda não existem casos descritos de resistência.
Algumas vacinas estão em desenvolvimento.
História da Malaria
Os seres humanos são infectados pela malária há 50 000 anos. O baixo número anterior de casos em humanos, se em comparação com os elevados índices em outros animais, implicava que os mosquitos que se alimentam dos outros animais fossem muito mais frequentes que o Anopheles, que tem predilecção pelos humanos. Só com o início da agricultura, há 10 000 anos (em algumas regiões, mas noutras só há 5000 anos) e com o crescimento populacional e destruição dos ambientes naturais desses outros animais e seus mosquitos, é que as populações de Anopheles explodiram em número, iniciando-se a verdadeira epidemia de malária que existe hoje.
A malária foi uma das doenças que mais atingiram o Império romano e a sua base populacional e económica, levando à sua queda.
Em Portugal houve até ao início do século XX alguma malária transmitida por Anopheles que se multiplicavam em pântanos. No entanto, nunca houve uma situação catastrófica como a actual em África, porque o clima frio nunca permitiu a multiplicação de suficiente número de mosquitos. A drenagem dos pântanos, como as ordenadas pelo Rei Dom Dinis, reduziram certamente a incidência da doença. Hoje não há malária transmitida em Portugal. O último caso autóctone foi em 1962, tendo no fim do século XIX afectado principalmente o Ribatejo, Alentejo e Trás-os-Montes, com algumas dezenas de casos anuais causados por P. falciparum ou P. vivax, transmitidos pelo Anopheles maculipenis, que prefere o gado ao homem.
A malária foi uma das principais razões da lenta penetração dos portugueses e outros europeus no interior da África aquando da época colonial. Mesmo no caso dos portugueses, que devido à sua maior propensão para casar com nativas, rapidamente desenvolveram descendência parcialmente resistente, as colónias de Angola e Moçambique continuaram por muitos anos a situar-se na costa, mais fresca e salubre.
Na América do Sul, os nativos (índios) dos Andes e outros tinham desde tempos imemoriais usado a casca da árvore da Cinchona para tratar a malária, assim como os Chineses já usavam a planta Artemísia (uma "nova" droga antimalárica revolucionária "descoberta" só recentemente). Em 1640 o espanhol Huan del Vego usou a tintura da casca da cinchona para tratar com sucesso a malária. No entanto, só em 1820 os franceses Pierre Pelletier e Joseph Caventou extraíram com sucesso a quinina, o princípio activo antimalárico, da tintura.
Foi o italiano Giovanni Maria Lancisi que, em 1717, notando que eram os habitantes dos pântanos os que mais sofriam da doença, renomeou o paludismo de malária, significando maus ares.
Só com o desenvolvimento da quinina (hoje a resistência do parasita é quase universal devido ao mau uso), o primeiro fármaco antimalárico, puderam os europeus sobreviver em grande número no interior africano, dando finalmente origem, no fim do século XIX, à corrida pelas colónias africanas e partição do continente entre Portugal, Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Itália e Espanha.
O causador da malária, o Plasmodium, foi descoberto pelo médico do Exército Francês, Charles Louis Alphonse Laveran, trabalhando na Argélia, que recebeu o Prémio Nobel da Fisiologia e Medicina pelo seu trabalho, em 1907.
A existência de malária e outras doenças debilitantes como a Doença do sono é, segundo muitos especialistas, a razão do não desenvolvimento de muitas civilizações (houve ainda assim algumas) proeminentes na África a sul do Saara. A África, como berço da humanidade, é também o berço de quase todos os parasitas e doenças infecciosas humanas, muitas das quais não existem em mais nenhum lado. O custo económico e social da malária e outras doenças africanas é inimaginável para um ocidental ou mesmo um americano ou asiático da região tropical. Com o desenvolvimento futuro (hoje ainda é um flagelo) de medicamentos e terapias eficazes contra a Malária bem como outras doenças, incluindo a SIDA/AIDS, espera-se que o progresso económico e social dos africanos seja grandemente acelerado.
Até recentemente não havia muitos motivos para esperanças. Segundo a DNDi, a malária é uma das doenças negligenciadas - seja por insuficiências das políticas públicas de saúde, seja por desinteresse da indústria farmacêutica em pesquisar novos medicamentos para doenças que atingem as populações mais pobres, em áreas igualmente pobres - portanto, fora do mercado.
Todavia, em 1º. de março de 2007, a DNDi, em parceria com a Sanofi-Aventis, anunciou o lançamento de uma nova fórmula medicamentosa - o ASAQ - para tratamento da malária.
Outras designações
• Batedeira
• Carneirada
• Febre intermitente
• Febre palustre
• Febre terçã benigna, febre terçã maligna ou febre quartã
• Impaludismo
• Maleita
• Maligna
• Malina
• Paludismo
• Perniciosa
• Sezão ou sezões
• Sezonismo
• Tremedeira

TRIPANOSSOMÍASE
A doença do sono ou tripanossomíase africana é uma doença frequentemente fatal causada pelo parasita unicelular Trypanosoma brucei. Há duas formas: uma na África Ocidental, incluindo Angola e Guiné-Bissau, causada pela subespécie T. brucei gambiense, que assume forma crónica, e outra na África Oriental, incluindo Moçambique, causada pelo T. brucei rhodesiense, forma aguda. Ambos os parasitas são transmitidos pela picada da mosca tsétsé (moscas do género Glossina).
O T. brucei é um parasita eucariota unicelular cujo género inclui ainda o T. cruzi, que causa a doença de Chagas.
Ciclo de vida
O parasita existe na saliva das moscas tsé-tsé e é injectado quando estas se alimentam de sangue humano. Ao contrário do seu primo americano, o tripomastigota T. brucei não invade as células (nem assume forma de amastigota), alimentando-se e multiplicando-se enquanto tripomastigota nos fluidos corporais, incluindo sangue e fluido extracelular nos tecidos. Uma nova mosca Glossina é infectada quando se alimenta de individuo contaminado. Ao longo de cerca de um mês, o parasita assume várias formas (epimastigota principalmente) enquanto se multiplica no corpo da mosca, invadindo finalmente as glândulas salivares do insecto (as moscas vivem cerca de 6 meses).
Epidemiologia
A doença do Sono ocorre apenas em África, nas zonas onde existe o seu vector, a mosca tsétsé. Não existe na África do Sul nem a norte do deserto Saara. Haverá cerca de meio milhão de pessoas infectadas em cerca de 40 países africanos.
A subespécie gambiense existe apenas a oeste do vale do grande rift africano, nas florestas tropicais, sendo um problema grave em países como os Congos (antigo Zaire), Camarões e Norte de Angola. A transmissão é principalmente de humano para humano, com menor importância dos reservatórios animais. As moscas transmissoras são as Glossina palpalis, que se concentram junto aos rios, lagos e poços.
A subespécie rodesiense existe a leste do grande rift, principalmente na região dos grandes lagos, nas savanas: Tanzânia, Quénia, Uganda e Norte de Moçambique. Os antilopes, gazelas e animais domésticos são reservatórios importantes do parasita. Transmitido pelas moscas Glossina morsitans.
Progressão e sintomas
Após a picada infecciosa, o parasita multiplica-se localmente durante cerca de 3 dias, desenvolvendo-se por vezes uma induração ou inchaço edematoso, denominado de cancro tripanossómico, que desaparece após três semanas, em média. O inchaço não surge na grande maioria dos casos de infecção pelo T. gambiense e apenas em 50% dos casos de infecção com T. rodesiense.
Os sintomas iniciais e recorrentes são a febre, tremores, dores musculares e articulares, linfadenopatia (ganglios linfáticos aumentados), mal estar, perda de peso, anemia e trombocitopenia (redução do número de plaquetas no sangue). Na infecção por T. rodesiense pode haver danos cardíacos com insuficiência desse orgão. Há frequentemente hiperactividade na fase aguda.
Mais tarde surgem sintomas neurológicos e meningoencefalite com retardação mental. Na infecção por T. gambiense a invasão do cérebro é geralmente após seis meses de progressão, enquanto o T. rodesiense pode invadi-lo após algumas semanas apenas. Sintomas típicos deste processo são as convulsões epilépticas, sonolência e apatia progredindo para o coma. A morte segue-se entre seis meses a seis anos após a infecção para o T. gambiense, e quase sempre antes de seis meses para o T. rodesiense. O Trypanosoma brucei é um dos parentes do Trypanosoma cruzi (causador da Doença de chagas).


Tratamento
Na fase aguda, o tratamento com pentamidina é eficaz contra T. gambiense, e a suramina contra T. rhodesiense. No entanto a resistência é crescente a estes fármacos. Na fase cerebral, já poderá haver danos irreversíveis. É necessário usar o tóxico melarsoprol, que mata sem ajuda do parasita 1-10% dos doentes, ou no caso do T. gambiense, a eflornitina.
A doença do sono é considerada como "extremamente negligenciada", basicamente porque afecta principalmente os muitos pobres, em áreas igualmente pobres.
Prevenção
As Glossina, ao contrário de quase todos os outros insectos que picam humanos são mais activas de dia, logo dormir em redes apesar de aconselhado, não protege tanto como protege contra malária, cujo mosquito é nocturno. É necessário usar roupas que cobrem a maioria da pele e sprays repelentes de insectos. O uso de aparelhos coloridos eléctricos que atraem e matam as moscas é útil. A destruição das populações de moscas é eficaz para a erradicação da doença.

FILARIOSE LINFÁTICA

Causadora da elefantíase, a filariose linfática coloca em risco um bilhão de pessoas em todo o mundo. Mais de 120 milhões sofrem da doença, sendo que mais de 40 milhões se encontram gravemente incapacitados ou apresentam deformações. Dos infectados, um terço vive na Índia, um terço na África e o restante na Ásia, Pacífico Ocidental e Américas.
Endêmica em mais de 80 países, a filariose é uma doença crônica com importante potencial de seqüelas, adquirida geralmente na infância. É causa importante de infecções crônicas e agudas, podendo provocar incapacidade. Além de onerar o sistema de saúde, seus portadores enfrentam não só as limitações provocadas pela doença, mas também o preconceito social.
Agente responsável
A filariose é causada por um helminto (verme) longo e delgado, a filaria Wuchereria bancrofti, único agente na África e nas Américas. Os outros agentes patogênicos são a Brugia malayi (na China, Sudeste Asiático, Indonésia, Filipinas e sul da Índia) e a Brugia timori (na ilha de Timor).
Transmissão
No Brasil, a filariose é transmitida apenas pela picada da fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus. Outros transmissores da Wuchereria bancrofti são algumas espécies de Anopheles. Os vectores da Brugia malayi e da Brugia timori são mosquitos do gênero Mansonia.
Filária adulta
O período de incubação da filariose é de 9 a 12 meses. Metade dos indivíduos infectados em zonas endêmicas desenvolvem a forma assintomática da doença, embora apresentem microfilárias no sangue e sejam portadores sãos.
Os primeiros sintomas costumam ser processos inflamatórios (desencadeados pela morte do verme adulto) localizados nos vasos linfáticos (linfangite), com febre, calafrio, dor de cabeça, náusea, sensibilidade dolorosa e vermelhidão ao longo do vaso linfático - em diferentes regiões independentes de sua localização: escroto, cordão espermático, mama, membros inferiores, etc. São freqüentes os casos com ataques repetidos de linfangite, linfadenite (inflamação dos nódulos linfáticos) e lesões genitais.
A evolução da filariose é lenta. Seus sinais e sintomas são decorrentes principalmente da dilatação (ectasia) do vaso linfático muitas vezes complicada por infecções secundárias.De 10% a 15% dos casos de filariose vão apresentar elefantíase, após 10 a 15 anos de infecção.
Na elefantíase, há fibrose (endurecimento e espessamento) e hipertrofia (inchaço exagerado) das áreas com edemas linfáticos, provocando deformações. Geralmente, ela se localiza em uma ou ambas as pernas, ou nos órgãos genitais externos (raras vezes nas mamas).
A filariose não é causa directa da elefantíase. Diversos outros factores, como a falta de higiene nos membros afectados pelas lesões, ocasionam a proliferação de bactérias e a infecção aguda. Pesquisadores constataram que a simples e prática limpeza com água e sabão de áreas afectadas, como pernas e região escrotal, pode prevenir a elefantíase.
Tratamento
A droga de escolha para o combate à filariose é a dietilcarbamazina. Em países em que a doença coexiste com a oncocercose, usa-se a ivermectina. Em casos específicos de resistência ao tratamento clínico com medicamentos, há indicação de retirada cirúrgica do verme adulto.
Campanha da OMS
Prevenção e Controle
Tratamento dos infectados para eliminar a microfilária do sangue, interrompendo a transmissão (A Organização Mundial da Saúde recomenda o tratamento de massa para populações em risco, pela administração de uma dose anual de dietilcarbamazina, em áreas de alta prevalência);
Tratamento dos doentes
Promoção, através de educação comunitária, de técnicas simples de higiene para pacientes que apresentam linfoedema, evitando infecções bacterianas e o desenvolvimento de formas mais graves da moléstia;

BILHARZIOSE
É uma doença que enfraquece a pessoa e pode levar a graves complicações, tais como:
• Esterilidade (ter problemas para dar fi lhos),
• Doença do fígado procando hemorragias graves com vómitos de sangue,
• Cancro da bexiga, que não tem cura,
• Mesmo a morte.
Existem dois tipos de Bilharziose: aquela que ataca o aparelho urinário (a parte do corpo que produz urina) e é conhecida por Bilharziose Urinária ou Vesical. A outra ataca os intestinos (tripas) sendo conhecida por Bilharziose Intestinal.
Manifestação
Quando esta doença aparece o doente tem as seguintes manifestações:
• Dores ao urinar,
• Saída de sangue na urina ou nas fezes ou pela boca, em casos mais graves em que ataca o fígado,
• Pode ter febres,
• Em alguns casos pode provocar saída da urina sem a pessoa querer,
• Nos casos mais graves, a barriga pode inchar e a criança emagrece e acaba morrendo se não for tratada. Esta doença atinge sobretudo crianças devido aos seus hábitos de brincar, nadar ou pescar em lagoas, lagos, rios e riachos, e, portanto, toda a criança que urinar ou defecar sangue deve ser levada imediatamente ao Centro de Saúde mais próximo.

Transmissão
Para apanhar esta doença, é necessário que as pessoas doentes eliminem ovos do micróbio em lagoas, lagos, pântanos ou rios e nesses lugares haja caracóis pequenos onde os micróbios se desenvolvem. Ou seja, os ovos eliminados pela urina ou fezes do doente em contacto com a água, rebentam e libertam uns bichinhos muito pequenos, que entram nos caracóis. Estes caracóis são muito pequenos têm o tamanho de uma unha e não são iguais aos caracóis comuns que vemos fora da água.
Dentro dos caracóis esses bichinhos vão-se desenvolver, e algumas semanas depois, abandonam os caracóis, passam a chamar-se cercárias e ficam a nadar nas águas. São esses micróbios (cercárias) que vão entrar no Homem através da pele, quando ele entra nessas águas.
Uma vez dentro do corpo do Homem, eles vão-se dirigir para o aparelho urinário, onde crescem e novamente põe ovos, que serão eliminados pela urina ou fezes, reiniciando o ciclo.
A presença do caracol é fundamental para a vida dos micróbios, pois sem eles não se podem desenvolver. Esses caracóis gostam de viver em águas paradas ou com pouco movimento, onde há luz do sol, e perto das vegetações que crescem nas margens das lagoas, dos lagos, dos pântanos ou dos rios.
Os caracóis com o micróbio libertam muitos bichinhos (cercárias) por dia, principalmente entre as 9 e 16 horas, que são as horas mais quentes do dia. Esses bichinhos sobrevivem, na grande maioria, durante apenas algumas horas.
É por isso que uma das maneiras de evitar a bilharsioze, particularmente naqueles lugares suspeitos (onde há muitos caracóis), é preciso só tomar banho e lavar a roupa fora da água dos rios, lagos ou lagoas, porque esses bichinhos penetram na pele muito rapidamente, o que significa que mesmo que as pessoas permaneçam nos lugares suspeitos por apenas alguns minutos, existe sempre o perigo de se infectarem.
Prevenção
• Não fazer necessidades maiores ou menores no rio, lago ou lagoa ou perto destes locais;
• Se tiver condições de construir uma casa de banho com autoclismo, faça-o. Deve-se lembrar de que este tipo de casas de banho exige que se tenha água corrente ou recipientes com água, de forma a manter a higiene da sanita (deitar água sempre que fi zer necessidades maiores ou menores),
• Se não tiver condições para ter uma casa de banho com autoclismo, construa uma latrina e use-a sempre bem (mantê-la sempre fechada),
• Eliminar as moscas pendurando sacos de plástico com água à entrada da casa.
• As pessoas que são obrigadas a utilizar os lugares suspeitos devem procurar fazê-lo cedo, pela manhã (antes das 9 horas) ou no período da tarde;
• Tratar a água para beber ou purifi cá-la;
• Devemos evitar pôr o nosso corpo durante muito tempo dentro destas colecções de água. Quando quisermos tomar banho num rio, lago ou lagoa, devemos arranjar uma pedra, pôr os pés em cima dela e ir despejando a água com uma lata por cima do nosso corpo. Quando quisermos lavar a roupa, devemos tirar um bocado de água para uma selha, uma bacia ou um balde e lavar a roupa nas margens;
• Devemos evitar que as nossas crianças brinquem dentro da água, pois assim é quase certo vão apanhar bilharziose;
• Construir poço próximo do rio para tirar água de beber,
• Nos charcos grandes de água ou pequenas lagoas, devemos tentar criar peixes (tilápias) que se alimentam dos micróbios (cercárias).
TRATAMENTO
A bilharziose é uma doença que tem tratamento e por isso, as pessoas que urinam e defecam sangue devem ir imediatamente ao Centro de Saúde.
Orientações Úteis:
• Usar a latrina ou casa de banho para fazer necessidades maiores ou menores;
• Deitar água sempre depois de fazer necessidades maiores e menores;
• Tomar banho fora dos lagos, lagoas, rios ou outras colecções de água;
• Lavar a roupa fora dos lagos, lagoas, rios ou outras colecções de água;
• As pessoas com esta doença devem ir ao Centro de Saúde mais próximo para serem tratadas;
• Avisar o Centro de Saúde dos lugares suspeitos de bilharziose.
Contudo a bilharziose, chamada também de schistosomiase, é uma doença tropical propagada pela água e causada por vermes parasitas.Afecta cerca de 200 milhões de pessoas por ano no mundo.

DOENÇAS TRANSMITIDAS POR CONTACTO DIRECTO (SEXO, PELE, MUCOSAS) CONCEITOS, CAUSAS, SINTOMAS E MEDIDAS DE PREVENÇÃO

SÌFLIS
Sífilis (historicamente chamada de Lues) é uma doença sexualmente transmitida (DST) causada por um espiroqueta chamado Treponema pallidum. A sífilis também é conhecida como cancro duro, avariose, doença-do-mundo, mal-de-franga, mal-de-nápoles, lues, mal-de-santa-eufêmia e pudendagra, entre outros.
Transmissão
A transmissão quase sempre é através do contato sexual, porém pode ser transmitida também da mãe para o fecto. Neste caso dá-se o nome de sífilis congénita.
A bactéria é móvel e invade a submucosa por micro rupturas invisíveis na mucosa.
Epidemiologia
Afecta unicamente o ser humano. Há cerca de 30 casos por 100.000 habitantes por ano nos EUA e Europa.
Progressão e sintomas
Os sinais e sintomas de sífilis são vários, dependendo do estágio em que se encontra.
Se não tratada adequadamente, a sífilis pode causar sérios danos ao sistema nervoso central (SNC) e ao coração. A sífilis sem tratamento pode ser fatal. Se você acha que poderia ter sífilis, ou se descobre que o parceiro sexual teve ou poderia ter tido sífilis, procure um médico o mais cedo possível.
Sífilis primária
A sífilis primária(cancrosifilítico) manifesta-se após um período de incubação variável de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias após o contacto. Até este período inicial o indivíduo permanece assintomático, quando aparece o chamado "cancro duro" (apesar de em Portugal a palavra cancro também significar câncer ou neoplasia, trata-se aqui de uma doença infecciosa).
O cancro é uma pequena ferida ou ulceração firme e dura que ocorre no ponto exposto inicialmente ao treponema, geralmente o pênis, a vagina, o reto ou a boca. O diagnóstico no homem é muito mais fácil, pois a lesão no pênis chama a atenção, enquanto que a lesão na vagina pode ser interna e somente vista através de exame com um espéculo ginecológico. Pode ocorrer linfonodomegalia satélite não dolorosa. Esta lesão permanece por 4 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente. Nesta fase a pessoa infectada pode pensar erroneamente que está curada.
Sífilis secundária
A sífilis secundária é a seqüência lógica da sífilis primária não tratada e é caracterizada por uma erupção cutânea que aparece de 1 a 6 meses (geralmente 6 a 8 semanas) após a lesão primária ter desaparecido. Esta erupção é vermelha rosácea e aparece simetricamente no tronco e membros, e, ao contrário de outras doenças que cursam com erupções, como o sarampo, a rubéola e a catapora, as lesões atingem também as palmas das mãos e as solas dos pés. Em áreas úmidas do corpo se forma uma erupção cutânea larga e plana chamada de condiloma lata. Manchas tipo placas também podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. O paciente é muito contagioso nesta fase.
Os sintomas gerais da sífilis secundária mais relatados são mal-estar (23%-46%), cefaléia (9%-46%), febre (5%-39%), prurido (42%) e hiporexia (25%). Outros, menos comuns, são dor nos olhos, dor óssea, artralgia, meningismo, irite e rouquidão.
Sinais mais específicos ocorrem nas seguintes frequências: exantema (88%-100%), linfadenopatia (85%-89%), cancro primário residual (25%-43%), condiloma plano (9%-44%), hepatoesplenomegalia (23%), placas mucosas (7%-12%) e alopecia (3%- 11%).[3]
Manifestações raras incluem meningite aguda, que acontece em aproximadamente 2% de pacientes, hepatite, doença renal, gastrite, proctite, colite ulcerativa, artrite, periostite, neurite do nervo ótico, irite, e uveíte.[3]
Sífilis terciária
A sífilis terciária acontece já um ano depois da infecção inicial mas pode levar dez anos para se manifestar, e já foram informados casos onde esta fase aconteceu cinqüenta anos depois de infecção inicial.
Esta fase é caracterizada por formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, mas que podem acontecer em quase qualquer parte do corpo, inclusive no esqueleto ósseo. Outras características da sífilis não tratada incluem as juntas de Charcot (deformidade articular), e as juntas de Clutton (efusões bilaterais do joelho). As manifestações mais graves incluem neurosífilis e a sífilis cardiovascular.
Complicações neurológicas nesta fase incluem a paresia generalizada demencial que resulta em mudanças de personalidade, mudanças emocionais, hiperreflexia e pupilas de Argyll-Robertson, um sinal diagnóstico no qual as pupila contraem-se pouco e irregularmente quando os olhos são focalizados em algum objeto, mas não respondem à luz; e também a "Tabes dorsalis", uma desordem da medula espinhal que resulta em um modo de andar característico. Complicações cardiovasculares incluem aortite, aneurisma de aorta, aneurisma do seio de Valsalva, e regurgitação aórtica, uma causa freqüente de morte. A aortite sifilítica pode causar o sinal de Musset (um subir e descer da cabeça, acompanhando os batimentos cardíacos, percebido por Musset primeiramente em prostitutas parisienses).
Sífilis congênita
Sífilis congênita é a sífilis adquirida no útero e presente ao nascimento. Acontece quando uma criança nasce de uma mãe com sífilis primária ou secundária. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, 40% dos nascimentos de mães sifilíticas são nadomortos, 40 a 70% dos sobreviventes estão infectados e 12% destes morrerão nos primeiros anos de vida. Manifestações de sífilis congênita incluem alterações radiográficas, dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores espaçados e com um entalhe central); "molares em amora" (ao sexto ano os molares ainda tem suas raízes mal formadas); bossa frontal; nariz em sela; maxilares subdesenvolvidos; hepatomegalia (aumento do fígado); esplenomegalia(aumento do baço); petéquias; outras erupções cutâneas; anemia; linfonodomegalia; icterícia; pseudoparalisia; e snuffles, nome dado à rinite que aparece nesta situação. Os "Rhagades" são feridas lineares nos cantos da boca e nariz que resultam de infecção bacteriana de lesões cutâneas. A morte por sífilis congênita normalmente é por hemorragia pulmonar.
Sífilis decapitada
Chamamos de sífilis decapitada à sífilis adquirida por transfusão sanguínea, já que não apresenta a primeira fase e começa direto na sífilis secundária. Este tipo de transmissão atualmente é quase impossível, já que todo sangue é testado antes de ser disponibilizado aos bancos de sangue. Em termos teóricos é possível admitir que a sífilis decapitada também possa ser contraída por usuários de drogas injetáveis tal como a AIDS. Alguns estudos associam o uso de drogas injetáveis a uma maior prevalência da sífilis no grupo.[4][5] Esses estudos, apesar de não comprovarem o contágio por seringas contaminadas, permitem supor que os usuários de drogas injetáves constituem um grupo de risco para a sífilis.
Sífilis latente
Estado tipo portador, em que o indivíduo está infectado e é infeccioso mas não apresenta sintomas significativos.
Tratamento
A sífilis é tratável e é importante iniciar o tratamento o mais cedo possível, porque com a progressão para a sífilis terciária, os danos causados poderão ser irreversíveis, nomeadamente no cérebro.
A penicilina G é a primeira escolha de antibiótico. O tratamento consiste tipicamente em penicilina G benzatina durante vários dias ou semanas. Indivíduos que têm reações alérgicas à penicilina (i.e., anafilaxia) podem ser tratados efectivamente com tetraciclinas por via oral.

BLENORRAGIA
A blenorragia (gonorréia) é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que infecta o revestimento interno da uretra, do colo uterino, do reto e da garganta ou a esclera (branco dos olhos).
A blenorragia pode disseminar-se através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente para a pele e para as articulações. Nas mulheres, ela pode ascender através do trato genital, infectando as membranas internas da pelve e causando dor pélvica e problemas relacionados à reprodução.
Sintomas
Nos homens, os primeiros sintomas normalmente manifestam-se 2 a 7 dias após a infecção. Os sintomas começam com um discreto desconforto uretral, o qual é seguido, algumas horas mais tarde, por uma dor leve a intensa durante a micção e por uma secreção purulenta proveniente do pênis. Os homens apresentam uma necessidade freqüente e urgente de urinar e esta urgência piora à medida que a doença dissemina-se até a parte superior da uretra. O orifício peniano pode tornar-se hiperemiado e edemaciado.
Nas mulheres, os primeiros sintomas podem manifestar-se 7 a 21 dias após a infecção. Freqüentemente, as mulheres infectadas não apresentam sintomas (são assintomáticas) durante semanas ou meses e a doença é descoberta apenas quando o parceiro é diagnosticado e ela é examinada como contacto. Quando os sintomas ocorrem, eles geralmente são leves. No entanto, algumas mulheres apresentam sintomas graves, como a necessidade freqüente de urinar, a dor à micção, o corrimento vaginal e a febre. O colo uterino, o útero, as tubas uterinas, os ovários, a uretra e o reto podem ser infectados e causar uma dor pélvica intensa e dor durante a relação sexual.
A secreção purulenta que parece ser proveniente da vagina pode ser oriunda do colo uterino, da uretra ou de glândulas localizadas próximas à abertura vaginal. Os homossexuais e as mulheres que praticam o sexo anal podem apresentar blenorragia do reto. A doença pode causar desconforto em torno do ânus e secreção proveniente do reto. A área em torno do ânus pode tornar-se hiperemiada e em carne viva e as fezes tornam-se recobertas de muco e pus.
O sexo oral com um parceiro infectado pode acarretar blenorragia da garganta (faringite gonocócica). Normalmente, a infecção é assintomática, mas, algumas vezes, ela causa dor de garganta e desconforto durante a deglutição. Quando líquidos infectados entram em contacto com os olhos, pode ocorrer uma infecção ocular externa (conjuntivite gonorréica).
Os neonatos podem ser infectados pela bactéria da blenorragia pela mãe durante o nascimento, o que causa edema de ambas as pálpebras e secreção ocular purulenta. Nos adultos, os mesmos sintomas podem ocorrer, mas, freqüentemente, apenas um olho é afectado. Quando a infecção não é tratada, pode causar cegueira. A infecção vaginal em lactentes e meninas é geralmente conseqüência de abuso sexual por adultos, mas, raramente, é decorrente da manipulação de artigos domésticos infectados.
Os sintomas podem incluir a irritação, o rubor e o edema da vulva, com uma secreção vaginal purulenta. A menina pode apresentar uma lesão na vagina ou sentir dor durante a micção. O reto também pode estar inflamado. A roupa de baixo pode estar manchada pela secreção.
Complicações da Blenorragia
Numa rara complicação da blenorragia, a infecção dissemina-se através da corrente sangüínea até uma ou mais articulações, as quais tornam-se edemaciadas, sensíveis e extremamente dolorosas, limitando os movimentos. A infecção da corrente sangüínea também pode causar o surgimento de manchas cutâneas vermelhas e cheias de pus, febre, sensação de mal estar generalizado e dor migratória em muitas articulações (síndrome da artritedermatite). O interior do coração pode ser infectado (endocardite). A infecção do revestimento do fígado (perihepatite) causa uma dor semelhante à de uma doença da vesícula biliar. Essas infecções são tratáveis e raramente são letais, mas a recuperação da artrite ou da endocardite pode ser lenta.
Tratamento
Em geral, os médicos tratam a blenorragia com uma única injeção intramuscular de ceftriaxona ou com um esquema de antibióticos orais de 1 semana (normalmente a doxiciclina). Quando há disseminação da blenorragia através da corrente sangüínea, o indivíduo geralmente é internado para ser tratado e, freqüentemente, são administrados antibióticos intravenosos. Como a infecção por Chlamydia é comum tanto em homens quanto em mulheres com blenorragia, mas é de difícil diagnóstico, os pacientes recebem um tratamento com doxiciclina ou tetraciclina durante uma semana ou uma dose única de azitromicina, um outro antibiótico de ação prolongada.
Quando os sintomas recorrem ou persistem no final do tratamento, o médico pode colectar amostras para cultura para certificar-se de que o paciente está curado. Nos homens, os sintomas da uretrite podem recorrer, uma condição denominada uretrite pós-gonocócica. A uretrite pós-gonocócica, mais comumente causada pela Chlamydia e outros microrganismos que não respondem ao tratamento com ceftriaxona, ocorre sobretudo em indivíduos que não seguem o esquema terapêutico prescrito.
Esta doença ocorre nas partes úmidas e quentes do corpo, como no colo do útero e na garganta.
Complicações por falta de tratamento
Meses ou anos depois, pode atacar o coração, juntas, etc. Nessa fase, a doença ainda pode ser curada, mas há risco de esterilidade.
É uma doença sexualmente transmissível (DST), conhecida também como gonorréia ou uretrite gonocócica, causada pelo diplococo Neisseria gonorrheae ou gonococo de Neisser. A incidência da doença é maior nos indivíduos jovens (entre 15 e 30 anos), sexualmente ativos e sem parceiro fixo. Consiste num dos tipos mais freqüentes de uretrite masculina, atingindo todas as raças humanas.
Há uma variação individual considerável quanto à resistência à doença: alguns indivíduos são muito resistentes, outros incrivelmente suscetíveis.
A transmissão não-venérea é responsável por duas formas especiais de infecção gonocócica: oftalmia gonocócia neonatal e vulvovaginite aguda, em meninas. Todos os hospitais têm uma rotina obrigatória: pingam-se duas gotas de uma solução de nitrato de prata nos olhos de todas as crianças recém-nascidas. Este procedimento é conhecido como método de Credé e previne a afecção blenorrágica dos olhos do bebê, em caso de a mãe ser portadora de blenorragia.
Contaminados os olhos da criança, ocorre uma inflamação que incha as pálpebras tornando impossível o movimento espontâneo. Com a fase purulenta, aparecem ulcerações na córnea, extravasamento de líquidos e, finalmente, a cegueira.
Prevenção
Na prevenção, são importantes a higiene e o uso de preservativos. A ausência de sintomas, principalmente nas mulheres (70 a 80% dos casos), torna muito difícil o controle da doença. No tratamento, em geral, doses altas de penincilina. A doença não cria imunidade, daí serem possíveis reinfecções.
Importante: nem todo corrimento é sintoma de doença transmitida pelo ato sexual. Corrimento é comum em todas as mulheres, e só o médico poderá fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais adequado.

PEDICULUS HUMANUS
Nome científico do piolho, causador da pediculose. A variedade conhecida popularmente como "muquirana" é um insecto sem asas com corpo dividido claramente em cabeça, tórax e abdome (ao contrário do piolho genital). O seu ovo fixa-se ao fio de cabelo por uma substância pegajosa, assumindo a forma vulgarmente conhecida como lêndea; usualmente as lêndeas podem ser encontradas aderidas as fibras dos tecidos das roupas, assim como o próprio insecto.
Causadores da pediculose do corpo, encontram-se principalmente nas dobras do corpo presos à roupa; suas picadas causam inflamação aguda da pele e prurido, além de serem responsáveis pela transmissão de várias doenças infecciosas como o tifo, a febre recorrente e a febre das trincheiras.
O simples hábito de trocar e lavar regularmente as roupas (com água quente e detergentes) foi suficiente para diminuir drasticamente a incidência dessa parasitose no homem.
Quando uma criança tem coceira intensa na cabeça, é sinal que ela pode estar com piolhos – ou pediculose. A pediculose pode ser confirmada pela presença de lêndeas ou piolhos no couro cabeludo. As lêndeas são os ovos dos piolhos – aqueles pontinhos brancos que ficam agarrados aos fios dos cabelos. Já o piolho é o parasita, aqueles bichinhos pretos que ficam caminhando pelo couro cabeludo.
Quando a criança está infestada de piolhos, a coceira é tão intensa que pode provocar pequenos ferimentos na cabeça. Por isso, é preciso retirar as lêndeas com pente fino, pois os medicamentos só matam os piolhos. Se as lêndeas continuarem nos cabelos, a criança voltará a ter piolhos.
O tratamento convencional para acabar com os piolhos é com o uso de xampus e loções, que deve ser repetido após a primeira semana do tratamento. Outras crianças que conviverem com a infestada de piolho devem ser observadas, pois o piolho passa de uma pra outra.

Transmissão
A transmissão da infecção se dá através de contacto directo (inclusive relação sexual) ou indirecto (escovas de cabelo, roupas, etc).

Sinais e sintomas da pediculose
Na pediculose da cabeça, além do prurido intenso, podemos visualizar o parasita e seus ovos (lêndeas) no couro cabeludo do indivíduo acometido. Na pediculose do corpo encontramos escoriações, pápulas ("bolinhas"), pequenas manchas hemorrágicas e pigmentação, principalmente no tronco e na região glútea. Na pediculose pubiana ("chato" pois o parasita responsável tem forma achatada) são encontradas manchas violáceas, escoriações e crostas hemorrágicas, além do prurido intenso. Pode ocorrer também infecção secundária nesta região.

Tratamento
No tratamento da pediculose são utilizados, em geral, os mesmos medicamentos tópicos usados na escabiose ("sarna"). É fundamental o tratamento dos familiares ou comunicantes do doente. Raramente é necessário o corte de cabelos de crianças acometidas.
Contudo, a Pediculose é uma doença parasitária causada por piolhos. No homem a infestação é causada pelo Pediculus humanus, que pode ser encontrado no couro cabeludo (Pediculus humanus capitis) e no corpo (Pediculus humanus humanus), e pelo Pthirus pubis que causa a pediculose pubiana. A pediculose também é muito comum nos animais, sendo causada por uma grande variedade de espécies específicas.
SÍNDROME DA IMUNODIFICIENCIA ADQUIRIDA

A fita vermelha é um símbolo da solidariedade pelas pessoas infectadas com o HIV e por aquelas que têm de viver com SIDA.
A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA, normalmente em Portugal, ou AIDS, mais comum no Brasil) é o conjunto de sintomas e infecções em seres humanos resultantes do dano específico do sistema imunológico ocasionado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV segundo a terminologia anglo-saxónica). O alvo principal são os linfócitos T CD4+, fundamentais para a coordenação das defesas do organismo. Assim que o número destes linfócitos diminui abaixo de certo nível (o centro de controle de doenças dos Estados Unidos da América define este nível como 200 por ml), o colapso do sistema imune é possível, abrindo caminho a doenças oportunistas e tumores que podem matar o doente. Existem tratamentos para a SIDA/AIDS e o HIV que diminuem a progressão viral, mas não há nenhuma cura conhecida.
Progressão
A infecção por HIV é por via sexual, intravenosa ou mãe-filho. A manifestação da doença por HIV é semelhante a uma gripe ou mononucleose infecciosa e ocorre 2 a 4 semanas após a infecção. Pode haver febre, mal-estar, linfadenopatia (gânglios linfáticos inchados), eritemas (vermelhidão cutânea), e/ou meningite viral. Estes sintomas são largamente ignorados, ou tratados enquanto gripe, e acabam por desaparecer, sem tratamento, após algumas semanas. Nesta fase há altas concentrações de vírus, e o portador é altamente infeccioso.
A segunda fase é a da quase ausência do vírus, que se encontra apenas nos reservatórios dos gânglios linfáticos, infectando gradualmente mais e mais linfócitos T CD4+; e nos macrófagos. Nesta fase, que dura vários anos, o portador é soropositivo, mas não desenvolveu ainda SIDA/AIDS. Não há sintomas, e o portador pode transmitir o vírus a outros sem saber. Os níveis de T CD4+ diminuem lentamente e ao mesmo tempo diminui a resposta imunitária contra o vírus HIV, aumentando lentamente o seu número, devido à perda da coordenação dos T CD4+ sobre os eficazes T CD8+ e linfócitos B (linfócitos produtores de anticorpo).
A terceira fase, a da SIDA, inicia-se quando o número de linfócitos T CD4+ desce abaixo do nível crítico (200/mcl), o que não é suficiente para haver resposta imunitária eficaz a invasores. Começam a surgir cansaço, tosse, perda de peso, diarréia, inflamação dos gânglios linfáticos e suores noturnos, devidos às doenças oportunistas, como a pneumonia por Pneumocystis jiroveci, os linfomas, infecção dos olhos por citomegalovírus, demência e o sarcoma de Kaposi. Ao fim de alguns meses ou anos advém inevitavelmente a morte.
Excepções a este esquema são raras. Os muito raros "long term non-progressors" são aqueles indivíduos que permanecem com contagens de T CD4+ superiores a 600/mcl durante longos períodos. Estes indivíduos talvez tenham uma reação imunitária mais forte e menos susceptível à erosão contínua produzida pelo vírus, mas detalhes ainda são desconhecidos.
Doenças opurtunistas
As doenças oportunistas são doenças causadas por agentes, como outros vírus, bactérias e parasitas, que são comuns mas normalmente não causam doença ou causam apenas doenças moderadas, devido à resposta imunitária eficiente. No doente com SIDA/AIDS, manifestam-se como doenças potencialmente mortais:
1. Infecções por vírus: Citomegalovirus, Herpes simples, Epstein-Barr.
2. Infecções por bactérias: Mycobacterium avium-intracelulare, outras microbactérias que normalmente não causam doenças, Mycobacterium tuberculosis, Salmonella, outras.
3. Infecções por fungos: candidíase da boca e do esôfago (por Candida albicans, uma levedura); pneumonia por Pneumocystis carinii; Criptococose, Histoplasmose, Coccidiomicose.
4. Infecções por parasitas: Toxoplasmose, Criptosporidiose, Isosporidiose.
5. Neoplasias: câncros como linfoma e linfoma de Hodgkin, causado pelo vírus Epstein-Barr, sarcoma de Kaposi
Epidemiologia
Estima-se que mais de 15 000 pessoas sejam infectadas por dia em todo o mundo (dados de 1999); 33 milhões estão actualmente infectadas, e 3 milhões morrem a cada ano. A esmagadora maioria dos casos ocorre na África. Regiões em risco com alto crescimento de novas infecções são o leste da Europa , a Índia e o Sudeste Asiático. No Brasil vivem mais que 650 000 (320 000 – 1 100 000) pessoas de idade entre 15 e 49 anos com o HIV (estimativa da Organização Mundial da Saúde, UNAIDS). A taxa de infecção de consumidores de heroína ronda os 80% em muitas cidades européias e americanas.
Comportamentos de risco incluem qualquer pessoa sexualmente ativa com múltiplos parceiros sem utilização de preservativos de barreira, a utilização de agulhas na toxicodependência; filhos recém-nascidos de soropositivas). Alguns profissionais da saúde devem também tomar medidas de protecção adequadas: um acidente com agulha contaminada pode transmitir o vírus em 0,3% dos casos. As transfusões de sangue e derivados de sangue estão sob controle, devido a rigorosos regimes de detecção do vírus em doadores de sangue.

Transmissão
A transmissão é por fluidos corporais de origem sanguínea. O HIV não é transmitido por toque casual, espirros, tosse, picadas de insetos, água de piscinas, ou objetos tocados por soropositivos. O convívio social, portanto, não está associado a transmissão do vírus.
O sexo anal é a prática sexual de mais alta taxa de transmissão. Hoje em dia a troca de seringas infectadas é uma das formas de transmissão mais freqüentes.
Tratamento
Fármacos usados no tratamento da infecção por HIV interferem com funções da biologia do vírus que são suficientemente diferentes de funções de células humanas:
Existem inibidores da enzima transcriptase reversa que o vírus usa para se reproduzir e que não existem nas células humanas:
o AZT, ddC, ddI, d4T, ABC (todos análogos de nucleótidos)
o nevirapina, delavirdina, efavirenz (inibidores diretos da proteína), outros.
o Inibidores da protease que cliva as proteínas do vírus após transcrição: saquinavir, indinavir, nelfinavir, amprenavir, ritonavir, atazanavir, darunavir, tipranavir e outros.
o Inibidores da enzima integrase, que faz com que o material genético do vírus entre no núcleo da célula: raltegravir.
o Inibidores do CCR5, impedindo um dos passos de ligação do HIV à célula alvo: maraviroc, vicriviroc.
o Inibidores de fusão, impedindo que o vírus funda seu envelope à membrana plasmática da célula alvo: enfuvirtida.
Hoje em dia o uso de medicamentos é em combinações de um de cada dos três grupos. Estes cocktails de antivíricos permitem quase categorizar, para quem tem acesso a eles, a SIDA em doença crónica. Os portadores de HIV que tomam os medicamentos sofrem de efeitos adversos extremamente incomodativos, diminuição drástica da qualidade de vida, e diminuição significativa da esperança de vida. Contudo é possível que não morram directamente da doença, já que os fármacos são razoavelmente eficazes em controlar o número de virions. Contudo houve recentemente notícias de um caso em Nova Iorque cujo vírus já era resistente a todos os medicamentos, e essas estirpes poderão "ganhar a corrida" com as empresas farmacêuticas.
Os medicamentos actuais tentam diminuir a carga de vírus, evitando a baixa do número de linfócitos T CD4+, o que aumenta a longevidade do paciente e a sua qualidade de vida. Quanto mais cedo o paciente começar a ser tratado com medicamentos maior a chance de evitar o desenvolvimento das doenças oportunistas.
Como não há cura ou vacina, a prevenção tem um aspecto fundamental, nomeadamente práticas de sexo seguro como o uso de preservativo (ou "camisinha") e programas de troca de seringas nos toxicodependentes.
O tratamento anti-HIV causa lipodistrofia entre 15% a 50% dos pacientes

Prevenção
O mais importante para prevenir esta doença é fazer campanhas de informação e sensibilização, sobretudo junto aos jovens. Por exemplo, deve-se comunicar que a prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais concomitantemente com a redução do número de parceiros
Incentivar a não troca de agulhas para tóxico-dependentes também é importante, já que as agulhas usadas contaminadas são uma origem freqüente da contaminação. Assim, o correcto é que cada dependente químico utilize a sua própria agulha, abstendo-se de compartilhar seringas injetáveis. Embora o ideal seja procurar ajuda médica para o tratamento da toxicodependência.
Actualmente, nos hospitais, os materiais perfurantes não têm sido mais re-utilizados em outros pacientes, sendo que muitas unidades de saúde praticam a destruição do utensílio.
Na acupuntura, recomenda-se que cada paciente leve as suas próprias agulhas por medida de prevenção.
Entretanto, a principal fonte de transmissão do HIV tem sido as relações sexuais e o método mais eficiente é a divulgação e a distribuição gratuita de preservativos que hoje é largamente desenvolvido através de políticas públicas. Tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas. E algumas leis chegam a obrigar que hotéis e motéis disponibilizem gratuitamente preservativos para os seus consumidores.

Trabalho de busca:
1. Historial do Sida
2. Relação da S.I.D.A. com outras D.T.S.